sexta-feira, 30 de julho de 2010

Contraponto Modal parte 3: Espécies de Contraponto

Oi pessoal, esses artigos sobre contraponto modal receberam muita atenção dos leitores. Por algum tempo tirei os "textos do ar", pois resolvi revisar e melhorar algumas coisas para em seguida republicar. Mas creio que isso foi um pouco injusto com os leitores. Então resolvi deixa-los a disposição. Ainda estou pensando como vou vincular o material revisado e ampliado (e aceito sugestões), mas quando rolar estará disponível no blog.  

Link para a versão atualizada e ampliada desse conteúdo Link 

Parte 3: Espécies de Contraponto.

Na verdade a divisão do estudo das técnicas de Contraponto [CP], não passa de uma formalização para facilitar a didática desta disciplina. Assim o aprendizado das espécies de CP é dividido em cinco etapas ou cinco espécies. Esta codificação se deu com Johann Fux que em 1725 publicou seu Gradus ad Parnassum, este livro se tinha como objetivo expor aos estudantes da época as técnicas de contraponto tendo como base o estilo de Giovani Palestrina [final do século XVI] de forma simplificada e rápida.

Nota: em nosso estudo trabalharemos o contraponto a duas vozes, ou seja, uma melódica como Cantos Firmus [CF] e outra melodia como contraponto.

Vejamos na ilustração abaixo cada espécie:

Ilustração 1

  • Primeira espécie: uma nota no Cantus Firmus [CF] x uma nota no CP.
  • Segunda espécie: uma nota no Cantus Firmus [CF] x duas notas no CP.
  • Terceira espécie: uma nota no Cantus Firmus [CF] x três ou quatro notas no CP.
  • Quarta espécie: uma nota no Cantus Firmus [CF] x duas com ligadura [sincope rítmica] notas no CP.
  • Quinta espécie: uma nota no Cantus Firmus [CF] x utilização das espécies anteriores juntas notas no CP.

O Contraponto de Primeira Espécie.

Objetivo: Valorizar a sonoridade independente de cada uma das vozes [melodias horizontais]. Valorizar a sonoridade interdependente das vozes [combinações verticais].

Ilustração 2

As normas das partes 1 e 2 devem ser seguidas aqui, principalmente às normas ligadas à escrita das melodias [CF] e os tipos de movimento das vozes.

Aspectos verticais: trata do relacionamento entre as notas do CF e do CP, ou seja, os intervalos verticais.

  1. Usar apenas consonâncias perfeitas [CNP] e imperfeitas [CNI].
  2. No interior da composição utilizar se possível uma maior quantidade de CNI.
  3. Evitar se possível mais que duas CNP consecutivas.
  4. O intervalo das primeiras e das ultimas notas sempre de ser uma CNP com prioridade para a oitava ou uníssono.
  5. Se o CF estiver na parte inferior, a primeira nota do CP deve ser a oitava daquela do CF.
  6. Se o CF estiver na parte superior, a primeira nota do CP pode ser a oitava ou a quinta daquela do CF.
  7. Observe que tipos de movimentos podem ser utilizados de acordo com cada intervalo vertical [revise na Parte 1].

Vejamos ilustração a baixo:

Ilustração 3

Rápida analise:

  1. O CP se iniciar e termina com um intervalo de oitava em relação ao CF.
  2. Entre o inicio e o final da composição, temos seis intervalos, destes cinco são CNI e uma CNP.

Aspectos horizontais: Tratam da construção das melodias.

  1. Usar mais graus conjuntos que saltos.
  2. A última nota do CP é sempre alcançada por grau conjunto ascendente ou descendente.
  3. É vetada a possibilidade de saltos nas duas vozes ao mesmo tempo.
  4. No interior da composição os pontos culminantes [o mais agudo e o mais grave] de cada voz não devem coincidir. Entretanto esta norma é sujeita a apelação, pois é possível coincidir, por exemplo, o ponto mais agudo do CP e o ponto mais grave do CF e vice-versa. Mas repetimos nunca os pontos mais agudo e graves das duas vozes ao mesmo tempo.
  5. Nunca repetir notas de maneira consecutiva em nenhuma das vozes no CP de 1ª espécie.
  6. Qualquer que seja o intervalo CNP/CNI, lembre-se, nunca siga para outra CNP por movimento direto/paralelo [ver parte 1]. Isso é possível apenas por movimento inverso/contrario.
  7. Qualquer que seja o intervalo CNP/CNI, lembre-se, é possível seguir para uma CNI tanto por movimento direto/paralelo quanto por movimento inverso/contrario [ver parte 1].

Ilustração 4

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