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domingo, 16 de fevereiro de 2025

Introdução à algumas culturas musicais histórica do leste da Ásia: China, Índia, Japão, Indonésia.

Elaborei esse material para sala de aula do atual nono ano e ensino médio. Por essa razão, não é um estudo aprofundado. Contudo, pode ser útil como ponto de partida para a apreciação e apresentação dessas milenares e sofisticadas culturas musicais. A segunda parte deste tópico trata das escalas mais comuns usadas nas culturas musicais presentes nessa postagem (LINK)


Música na cultura Chinesa


A tradição musical chinesa é uma das mais antigas. Existem registros e textos sobre a música chinesa que datam da dinastia Zhou (1122 A.C – 256 A.C).  Nesse período já existia um conjunto de leis que regulavam a atividade musical. Sua evolução teve influência das doutrinas religiosas, políticas, filosóficas e ideológicas.

O Gongche é o sistema de notação mais antigo que se tem registro. 


Pipa (琵琶; pinyin: pípá) é um instrumento em forma de pêra com cerca de 2 mil anos. É dedilhado como um alaúde. Ele é um instrumento leve e extremamente ágil. Seu repertório é vasto, vai desde canções tradicionais a composições virtuosísticas. Esse instrumento é um símbolo da cultura na China, lá existem cursos superiores em música especializados no ensino desse instrumento. Atualmente a instrumentista Liu Fang é a grande virtuose do instrumento.




O Erhu (二胡; pinyin: èrhú) é um instrumento de arco com apenas duas cordas (uma grave e grossa e outra aguda e fina) e é tocado de forma parecida com a do violoncelo. O músico toca sentado, utilizando um arco na mão direita. O curioso é que o arco fica entre as duas cordas, por trás corda grave e pela frente corda aguda. A mão esquerda muda as notas nas cordas. Sua sonoridade está entre um violino e um violoncelo.

Os instrumentos da orquestra tradicional chinesa são classificados segundo os materiais que os compõem:

Seda: instrumentos de corda;

Bambu: Sopros e flautas;

Madeira: percussões e xilofones;

Pedra: sinos e carrilhões;

Metal: sinos, gongos, címbalos;

Barro: ocarinas;

Cabaça: órgãos de sopro;

Couro: tambores.

A Ópera Chinesa

A ópera chinesa é um espetáculo que mistura canto, danças, teatro, performances circenses com cenários elaborados e figurinos deslumbrantes.

Diferente do que entendemos como ópera no ocidente, onde a música está vinculada a um texto fixo, o libreto. Na ópera chinesa os textos podem se modificar, contudo eles têm de se adequar aos qupai, que são melodias fixas preexistentes e aos changqiang que são formas de recitação faladas/cantadas. Claro que com o tempo foram surgindo novas melodias. As melodias da ópera chinesa tem origem na música Qin (Qinqiang), a história desse estilo de música remonta à dinastia Qin que unificou a China por volta de 210 a.C.


As tramas giram em torno de lendas e mitos do folclore, cenas históricas e passagem da literatura chinesa.

Esse tipo de espetáculo floresceu a partir de um estilo chamado de Kunqu. A principal obra desse estilo é O pavilhão de peônias de Tang Xianzu (1550-1616).

O estilo e a representação podem parecer estranhos para quem não tem familiaridade com essas obras. Os recursos sonoros e musicais são utilizados de forma a moldar o ambiente psicológico das cenas. Daí muitas vezes canto se apresentar agudo em falsete e a instrumentação às vezes ruidosa para expressar os ânimos delicados ou ferozes da encenação.

Outra curiosidade é que em alguns casos elencos masculinos tenham papéis femininos, assim como como elencos exclusivamente femininos apresentam papéis masculinos.

A ópera chinesa foi trazida ao ocidente (principalmente para os EUA) nos últimos anos do século XIX, pelos chineses que migraram para trabalhar nas construções de estrada de ferro na américa do norte. Contudo, era considerado uma espécie de versão do espetáculo de variedades tão popular na época, o reconhecimento com uma arte sofística que é, viria do artista Mei Lanfang que excursionou pela Europa nos anos 30.








Música na cultura Indiana

A tradição musical indiana é passada de geração em geração há mais de 3000 anos. Sua complexidade e beleza impressionam músicos do mundo todo. Acredita-se que as primeiras composições fixas da música do subcontinente indiano são os Vedas (hinos sacros hindus) compostos por volta dos anos 1500 -1200 antes da era comum.

Na Índia, a música é tida como uma dádiva de Sarasvati Deusa hindu das artes, sabedoria e música. Ela é sempre representada tocando um instrumento de cordas (Sitar ou Tambura).


Existem duas tradições na música indiana:

Hindustâni (Norte da Índia) tem formas livres e é baseada na improvisação sobre melodias (ragas). Os instrumentos tradicionais são a sitar e a tabla.

Carnática (Sul da Índia) tem formas rígidas. Também temos a improvisação sobre os ragas. Mas as variações mais marcantes estão nos modelos rítmicos ou talas

Sistema teórico musical mais antigo ainda vem uso é o indiano. Vamos conhecer alguns se seus detalhes.

Raga é a espinha dorsal da Música Clássica Indiana. Ele é uma forma melódica científica, precisa, sutil e estética. A melodia nela movimenta-se de forma ascendentes e descendentes. Dentro de oitavas ou séries de cinco ou seis notas.

Cada Raga é associada a um sentimento, horário particular do dia ou a uma estação do ano.

Temos 3 tipos de Ragas: Shuddha Raag;  Chhayalag Raag; Sankeerna Raag.

 Tala é um modelo de ritmo. O ritmo na música indiana funciona como ciclos de repetição com um número de batimentos por segundo e que são agrupados de modo particular.

Outra diferença da música indiana é que as unidades rítmicas não são divididas ou multiplicadas como no ocidente. Na música indiana as unidades de tempo são somadas.

Exemplos de Talas comumente usados:

Kehrva         (8 tempos) 4 tempos + 4

Teen Taal    (16 tempos) 4+4+4+4    Jhaptaal       (10 tempos) 2+4+2+4

Dadra'          (6 tempos) 3+3     Roopak         (7 tempos) 3+2+2

Instrumentos tradicionais


Sitar é o instrumento símbolo da música da Índia. Seu som é metálico e glissandos. É um instrumento de cordas dedilhadas com trastes móveis. Tem em geral dezoito cordas, subdivididas em três categorias: as cordas de execução, as cordas de bordão (notas graves que soam), e as cordas simpáticas (que vibram de acordo com a nota tocada nas cordas de execução).

A Tabla é o instrumento de percussão, ele surgiu no século XVIII. Atualmente é o instrumento de percussão mais popular na Índia. Ele é mais comum na tradição Hindustâni e também no Paquistão e em Bangladesh.
 

Tambura é um instrumento de cordas dedilhadas e braço sem trastes, que costuma acompanhar a música vocal, O instrumento sustenta uma nota pedal sobre a "tonalidade" nas pausas do discursos melodicos das peças musicais.

Pandit Ravi Shankar foi o compositor e músico indiano de maior fama no século XX. Ficou conhecido em todo o mundo na década de 1960 quando chamou a atenção dos Beatles. Falecimento: 11/12/2012. Seus filhos Anoushka Shankar, Norah Jones, Shubhendra Shankar continuam seu legado musical.







Música na cultura Japonesa

A palavra para música em japonês é 音楽 (ongaku), combinando o kanji 音 "on" (som) com o kanji 楽 "gaku" (divertimento).

A música no Japão é uma das mais tradicionais e cerimoniais expressões culturais, ela tem uma grande variedade de estilos distintos tanto tradicionais quanto folclóricos.

Existem duas formas principais na música tradicional japonesa: O shōmyō (声明 ou 聲明), ou cânticos budistas, música religiosa. E o gagaku     (雅楽) é um tipo de música clássica orquestrada da corte imperial desde o período Heian (de 794 a 1185). O gagaku é dividido em kangen (管弦) (música instrumental) e bugaku (舞楽) (música para balé acompanhada por gagaku).

O tradicional teatro Nô é uma das expressões mais importantes da cultura japonesa, ele conjuga música, drama, dança e poesia num ritmo lento e reflexivo. Suas narrativas incluem histórias sobre deuses, seres sobrenaturais, belas mulheres e guerreiros. Os atores costumam usar máscaras para representar seus personagens. 

A música no teatro nô é conduzida pelo jiutai (ou coro) composto por, normalmente, oito musicos sentados que através canticos melodicos ou recitativos narram a trama. Outro gênero do teatro tradicional é o Kyogen que junto ao teatro Nô como interlúdio (cômico ou sério) dos atos da peça principal. Ele tem como caracterista incluir mais dialogos que o nô e seus atores raramento usam máscaras. A música vocal e instrumental do teatro tradicional japonês é normalmente acompanhada por instrumentos como o Shamisen.

Instrumentos



Shamisen. que é uma espécie de alaúde com três cordas que podem ser tocadas dedilhadas ou atacadas com uma espécie espátula utilizada como uma palheta.  

O Koto é o instrumento símbolo do Japão. Ele é um instrumento de cordas tangidas. Sua origem está ligada a um instrumento chinês conhecido como guzheng. O maior músico de koto foi Yatsuhashi Kengyo (1614-1685). Ele criou a música para esse instrumento, também ajudou a desenvolver uma notação especial para o ele.



O Shakuhachi é uma flauta de bambu que surgiu no século XIX. A sua forma peculiar de como é tocada influência sua sonoridade única. Ela usa uma escala pentatônica (Ré, Fá, Sol, Lá, Dó, Ré), mas é possível executar outras notas apenas mudando a embocadura. Sua técnica de execução é complexa e única.



O Biwa é um instrumento da família da Pipa chinesa. Diz o mito que o biwa foi o instrumento escolhido da Deusa Benten (Deusa da música, da eloquência, poesia, e de educação) no xintoísmo japonês. Seu uso mais comum é no gênero gagaku. O Biwa é tocando com uma palheta em forma de espátula. 



O Taiko é uma estilo de música totalmente percussiva originária do Japão. Ele engloba uma grande números de tambores de tamanhos variados e instrumentos de percussão diversos.


Sua origem mitológica é descrita no conjunto de crônicas Nihon Shoki. No mito, o taiko se originou da deusa xintoísta Ame no Uzume, a deusa do raio de sol, Amaterasu, e seu irmão Susanoo, o deus dos mares e das tempestades. A origem exata do taiko é incerta, embora haja muitas sugestões.

Não se tem certeza da origem do Taiko, alguns registos remontam o ano de 558 d.C. afirmam que jovens homens japoneses iam à Coreia estudar a execução de um tambor chamado kakko original do sul da China.

As performances do Taikos são sempre em grupo e são impressionantes por sua precisão, seus ritmos e força expressiva. No Brasil, temos o Festival Brasileiro de Taiko que é organizado pela Associação Brasileira de Taiko (ABT) com mais de 150 grupos. O que mostra a imensa presença da imigração nipônica e sua cultura no país.




Música do Gamelão



O gamelão é uma orquestra de música tradicional da Indonésia, composta por instrumentos percussivos. Presente na cultura dos povos balineses, javaneses e sudaneses. Diz a lenda que o primeiro grupo de gamelão foi formado por volta do ano 230 da era comum pelo Guru Sang Hyang. A música do Gamelão está muito ligadas a preceitos do budismo e hinduísmo. Dentro das crenças edo folclore o objetivo dessa música é convocar os deuses com o toque dos gongos. Existem dois tipos de orquestra de gamelão, o de Bali (a mais conhecida) e o de Java. A música de gamelão faz parte essencial da cultura indonésia.

Metalofones, xilofones, tambores (kendang) e gongos. Algumas vezes são incluídos flautas de bambu e instrumentos de cordas percutidas ou arco.

As orquestras muitas vezes acompanham apresentações de danças sacras Bedhaya ou apresentações do wayang kulit, que é o teatro de fantoches tradicional de Java.


Bedhaya



A música do gamelão é uma tradição oral, ou seja, não há notação musical. As melodias usam basicamente duas escalas, uma de sete notas chamada pelog e outra de cinco, chamada slendro. A unidade métrica básica da música de gamelão se chama gatra. Cada gatra tem 4 batidas. As gatras são organizadas dentro do balungan (compasso).

A música do gamelão funciona por meio de ostinatos, ou seja, repetição contínua de uma frase musical. Assim os músicos têm de ser bem entrosados, pois todos devem tocar suas melodias juntos, essa característica é chamada de kotèkan.

Bebranangan é a melodia da música de gamelão. Ela tem três partes com duas notas em cada. As partes têm ritmos variados e são tocadas por grupos diferentes da orquestra simultaneamente. O kotèkan teve de estar em dia!!!

A orquestra de gamelão tem uma sonoridade própria de timbres diversos e inusitados. Um composição apresenta vários grupos de instrumentos:

Os metalofones: são instrumentos com barras de metal sobre estruturas de madeira. Tocados com baquetas. Outro instrumento do gênero é o gambang.

Os tambores chamados de Kendhang se apresentam em três ou quatro tamanhos diferentes.

Os metalofones saron: são instrumentos com barras de metal sobre estruturas arredondadas. Tocados com baquetas. Outro instrumento do gênero é o slenthem.

Os bonang: são gongos de metal e são organizados como um carrilhão. Nesse mesmo grupo estão o kenongkempyang e o kethuk.

Também temos o gongo ageng que tem proporções maiores que estão suspensos em cordas amarradas em traves. Temos também o kempul e o siyem.

Em alguns casos especiais encontramos instrumentos de cordas como rebab (instrumento de arco) e o celempung (uma espécie de harpa), e flautas de bambu como a suling.



Referencias:

Musical Scales Of The World - Michael Hewitt

New Oxford History of Music Vol. 1 - Ancient and Oriental Music

Music - Definitive Visual History 



segunda-feira, 22 de abril de 2024

Manual de Contraponto Modal - Marcello Ferreira Soares Jr

Oi pessoal, escrevi durante um bom tempo esse material e estou disponibilizando para quem se interesse. Se você gostou vá na página inicial na aba "Colabore com o Parlatório Musical". Abraços.








segunda-feira, 29 de junho de 2020

Escalas heptatônicas: Uma visão geral de estruturação.

                                                                                                        Organizado por Marcello Ferreira Soares Junior
Olá amigos,

Bom, aqui quero "passar uma vista" de forma geral sobre a construção das escalas heptatônicas maiores/menores. Não vou trazer nenhuma "sacada" teórica genial, ultra-mega-blaster. Mas apenas compilar informações que possam auxiliar em várias dúvidas relacionadas os aspectos de construção da base dessas escalas que são o fundamento do idioma musical do ocidente. 

Inicio

Conceitos norteadores (uma bussola):

1. Escala (do latim scala, significa escada) é uma série de sons que são reunidos e organizados por meio de uma série de intervalos acústicos.

2. Toda escala musical segue algum tipo de organização de intervalos.

3. A maioria das escalas musicais são construídas dentro do âmbito de uma oitava.

4. A escala determina um grande número de aspectos da estrutura musical, desde as notas usadas numa melodia como também é ponto de partida para construção nos acordes (campo harmônico).

5. Na música ocidental temos dois tipos básicos de escalas, as maiores e a menores (a escala menor deriva da maior). Alguns autores chamam essas escalas básicas de “escalas naturais”, pois são as mais básicas e primitivas no estudo de música (ocidental).

6. As escalas maior e menor diferem entre si por causa da organização interna de seus intervalos, mas principalmente, por causa do intervalo acústico entre suas primeiras e a terceiras notas.   

7. As escalas também são chamadas de escalas diatônicas. O termo “diatônico” vem do Grego DIATONIKÓS, “relativo a certas escalas musicais”, de DIA, “através”, mais TONOS, “modo de fazer, tom”, podemos traduzir como “através dos sons”. Na teoria musical, a escala diatônica é uma escala composta de sete notas (heptatônica) que segue uma determinada organização de intervalos.

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OBSERVAÇÃO: ALGUMAS INFORMAÇÕES IMPORTANTES COMO:
 A. DIVISÃO DA ESCALA POR TETRACORDES;
B. CLASSIFICAÇÃO DOS TETRACORDES; 
 C. FÓRMULA DE INTERVALOS DA ESCALA MAIOR. 

ESTÃO NUMA PUBLICAÇÃO ANTERIOR SOBRE OS MODOS. 
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Intervalos acústicos: são distâncias físicas entre dois sons. Eles são medidos utilizando o hertz como grandeza. 

Na teoria musical ocidental mediremos a distância usado o intervalo de semitom (ST) como unidade. Dentro da teoria musical temos o semitom como o menor intervalo e a sétima maior intervalo entre dois sons diferentes*. E a oitava como o intervalo entre uma nota e sua repetição em direção ao agudo ou grave. 

De forma geral consideramos o semitom o menor intervalo e a oitava o maior intervalo dentro da teoria da música ocidental.
 
Fig 1

(*) Claro que temos textos como de Alois Hába que trata do micro tonalismo e estruturas de outras culturas musicais. Mas vou me deter na "Prática comum tonal" de forma geral). 


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OBSERVAÇÃO: Usaremos nesse texto a contagem usando apenas a unidade semitom (ST) e iremos dispensar o uso do termo tom (T). Essa é uma opção feita por mim em minhas aulas por observar que a contagem dos intervalos usando uma unica unidade de grandeza (semitom) ou invés de duas (semitom e tom) facilita e torna dinâmica a compreensão e a classificação dos intervalos.

Por exemplo: É mais rápido e fácil o iniciante (e até o musico experiente) entender que é o intervalo de terça maior:

- É composto por 4 semitons. (aqui temos uma única operação de contagem);

 Ao invés de entender que uma terça maior.

- É composta pela soma de dois Tom. (aqui temos que fazer ao menos duas relações para chegar ao mesmo resultado: somar dois semitons para forma um tom e dois a soma desses dois tom).

Agora imaginem a situação para um intervalo como a 6º maior?

Resposta 1: 9º semitons.
Resposta 2: 4 toms + 1 semitom.

Faço o paralelo entre o uso do segundo tipo de resposta com a utilização dos números romanos para somas e multiplicações.

57+43=100

LVII+XLIII=C

Contudo, para um uso ordinal os números romanos são muito mais elegantes e distintivos.

Não quero desqualificar aqui nenhum sistema. Acredito que os dois sistemas são muito uteis em contextos diferentes. Inclusive por que o sistema que usa semitons e tons foi o sistema com o qual eu aprendi e me serviu muito bem por anos. Mas a contagem por unidade tem um paralelo com outras fomas de contagem como a cronológica (segundo/minutos/horas/turnos/dias e etc) ou o ábaco. 
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Podemos a partir de agora definir as distâncias entre qualquer nota dentro do universo de sons utilizados na música tonal. 

Vamos observar a figura a baixo**:
 
Fig 2
(**) Utilizaremos todos os exemplos inciados com a nota Dó.

Nela estão representadas várias divisões por semitom (ST) dentro de uma "extensão" (tessitura) que vai do Dó central (Dó 3 ou 4 - 261,626 Hz)*** ao Dó uma oitava mais agudo (Dó 4 ou 5). Dentro desta "extensão" temos 12 semitons. Em resumo, uma oitava, ou seja, o maior intervalo é composto por doze semitons (o menor intervalo que serve como unidade de grandeza). Dessas divisão surge a escala cromática.

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Aqui temos uma pequena divergência em relação a nomenclatura do Dó central (localizado na linha adicional abaixo da primeira linha da clave de Sol ou na linha adicional acima da clave de Fá). Temos o modelo francês usado no Brasil onde o Dó central é designado como o Dó 3 e o  o modelo da Scientific pitch notation utilizada pela American standard pitch notation (ASPN) e international pitch notation (IPN) onde o Dó central é identificado como o Dó 4.  

Normalmente, uso o segundo modelo por praticidade quando estudo textos teóricos estrangeiro (principalmente me língua inglesa). Mas vou marcar os dois para fica prático para todos.
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A escala cromática é uma sequência de notas diferentes organizadas de forma consecutivas que são divididas por intervalos de semitom. Ela é formada dentro do âmbito de uma oitava, ou seja, o intervalos entre a primeira nota e sua repetição deve ter 12 semitons em direção ao agudo ou grave. 

Essa escala é composta dentro de uma oitava e é composta por doze semitons é a escala cromática **** (escala de todas as "cores"). 

Fig 3

No ocidente para formarmos qualquer escala tomamos como base as notas da escala cromática.
 
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(****) Não vou entrar no percusso histórico e teórico que levaram a formulação dessa escala de sons utilizada em nossa música. Mas sugiro leituras como:

História da Música Ocidental - Donald Grout e Claude Palisca;
Música, Cérebro e Êxtase - Robert Jourdain.

Que tratam desse assunto de forma interessante (e bem melhor do que eu faria..kkk)!!!
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Dentro da oitava podemos encontra outros onze intervalos menores. Cada um contento um certo número de semitons que os diferenciam.

Fig 4

Cada um desses doze intervalos tem um um nomenclatura que o identifica. 
  
Fig 5

Os intervalos são divididos em quatro grupos de acordos com suas Qualidades: Justos, Maiores/Menores, Trítono, Aumentados/Diminutos. 

Para cada uma dessas Qualidades há um conjunto de dos intervalos:

Intervalos Justos: que não tem variação na sua estrutura (Número de semitons): Oitava, Quinta e Quarta.

Maiores e menores: Forem variação na sua estrutura (Número de semitons): Segundas, Terças, Sextas e Sétimas.

Trítono: intervalo que divide a oitava ao meio e se encontra entre a Quarta e a Quinta.

Aumentados e Diminutos: Não se encontram "naturalmente" na divisão dos intervalos da escala cromática. Na verdade, esses são intervalos são um "artificio" teórico (artificio dentro do artificio) para designar intervalos que extrapolam as "regras de escrita dos intervalos" em casos excepcionais (que não iremos tratar nessa publicação).

Fig 6

Inversão de intervalos

Sobre a inversão de intervalos a definição dada por Med: 

Inverter um intervalo consiste em trocar a posição de uma nota, isto é, transportar a nota inferior uma oitava acima ou uma nota superior uma oitava abaixo.(Teoria Musical. Ed. MusiMed Pág. 78)

Pensemos em uma nota como um eixo:
 
Fig 7

Tendo uma nota como eixo e trocando a posição das notas que gravitam ao seu redor a relação de distância intervalar entre a notas se altera. Dessa forma se altera também a classificação do intervalo. Essa alteração funciona como um espelhamento. *****

Na figura abaixo temos um quadro onde temos as de inversão das qualidades dos intervalos.

 
Fig 8

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(*****) Sobre os espelhamento segue o artigo anteriormente publicado nesse blog Notas sobre Escrita Espelhada (Intervalos, modos, acordes) e algo sobre Harmonia Negativa.
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Fig 9

Na figura 9, temos a relação de inversão da Qualidade dos intervalos.

Grau

Aqui mais uma vez irei usar uma definição baseada naquela usada por Med (Teoria Musical. Ed. MusiMed Pág. 87). 

Graus é um conjunto de nomenclatura utilizadas para enumerar as notas de uma escala de acordo com sua posição em relação a nota inicial. Normalmente, usa-se numerais romanos para enumerar os graus:

Exemplo: Primeira nota = I; Segunda nota = II; Terceira nota = III... 

As Escalas Maiores e menores.

Praticamente todas as escalas na música ocidental (e muitas orientais) são construídas sobre três intervalos fundamentais:

- Oitava;
- Quarta;
- Quinta.

Fig 10

Por uma série de aspectos teóricos, perceptivos e culturais esses três intervalos são a fundação de diversas escalas em diferentes idiomas musicais (novamente sugiro a leitura do Música, Cérebro e Êxtase - Robert Jourdain).

Construção e estruturação de uma escala

Antes uma digressão

Antes de começarmos o processo de entendimento de construção de uma escala, é necessário fazer uma rápida digressão.  

Levando em consideração o item 3 dos Conceitos Norteadores (inicio do texto) Uma escala pode ter no minimo um intervalo****** (a oitava) e no máximo 12 intervalos (semitons).

 
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(******) O termo tom é usado para se referir a nota como entidade sonora dentro de um contexto musical.
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A quantidade de intervalos internos pode variar da acordo com a escala utilizada. Temos escalas com diferentes quantidades de intervalos internos dentro de uma oitava:

Pentatônica: 5 tons; Hexatônica: 6 tons; Heptatônica: 7 tons...

Dentro da tradição tonal utilizamos a escala de sete tons diversos (Heptatônica). Aqui trataremos das escala heptatônicas.

Exemplo a escala de Dó maior: Dó - Ré - Mi- Fá - Sol - Lá - Si.

Seguindo em frente: tetracordes

Vamos agora partir para montagem de uma escala maior (heptatônica). Tomaremos como base a escala de Dó maior: Dó - Ré - Mi- Fá - Sol - Lá - Si.
 
Essa configuração apresentada na figura 10 divide a oitava de forma equidistante a partir do eixo formado pelo quinto e quarto  quando os intervalos são invertidos. Nessa divisão utilizamos apenas três notas das doze encontradas na escala cromática. contudo, para monta uma escala escala heptatônica iremos ter que dispor de mais 4 tons.

Vamos chamar cada parte da escala de tetracordes (quatro notas).

Podemos dizer que os tetracordes tem funções claras:

- O primeiro tetracorde define a o tipo de escala (Maior/Menor): 
Uma escala é considerada maior quando seu primeiro tetracorde é um tetracorde maior. Ou seja, intervalo entre o I grau da escala e o III seja uma terça maior (4 ST). Ex.: dó - mi.

Uma escala é considerada menor quando seu primeiro tetracorde é um tetracorde menor. Ou seja, intervalo entre a I grau da escala e o III seja uma terça menor (3 ST). Ex.: dó - mib.
  
- O segundo tetracorde define a "força conclusiva" dessa escala.

A força conclusiva está ligada a sensação gerada pelos intervalos finais do tetracorde. Essa sensação é mais acentuada quando temos um ST entre o sétimo e o oitavo grau da escala (Ex.: si-dó). Mas num sentido mais amplo para nossa percepção tonal dois requisitos concedem uma maior sensação conclusiva ao tetracorde final: 

1. Ter entre o V e VIII (I) graus o intervalo de Quinta Justa (7 ST);
2. Ter entre o VII e VIII (I) graus o intervalo de Segunda menor (1 ST).

Em muitos casos apenas o segundo requisito basta.



Fig 11

Na figura 11 temos a divisão da escala heptatônica em dois tetracordes:

1. O primeiro tetracorde (as notas dó. ré, mi, fá) parte do primeira grau e segue para o quarto grau da escala.

2. O segundo tetracorde (as notas sol. lá, si, dó) apresenta a quinta nota e segue para a repetição do primeiro grau uma oitava acima da escala. 

Os dois tetracordes apresentam internamente o mesmo número de tons (quatro) e intervalos (três). Os dois tetracordes estão separados por um intervalo de 2º maior (dois semitons).

Fig 12
 
Essa estrutura inicial é uma boa base para geração de escalas tanto "naturais" e "artificiais". 

- Agora é aquela hora que tu me pergunta: Como eu completo?

Bem, vai de acordo com o cliente. Mas vamos nos deter primeiro a escala maior.

Vou chamar o conjunto de intervalos que formam a escala de "fórmula". Observando a figura 11 podemos ver que na fórmula da escala maior a divisão dos intervalos é igual dentro dos dois tetracordes. 

Para representar as Fórmulas das escalas acredito que o uso do termos termos semitons e tons juntos são aqui ajudam a facilitar a memorização. Pelo fato das grandezas serem aqui apresentadas de forma individualizada. 

Vejamos o a Fórmula da escala maior: T T ST (T) T T ST*******

Fig 13



A seguir uma variação a escala de Dó maior Harmônica: T T ST (T) ST 3ºm ST 

Fig 14

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(*******) Existe todo um processo histórico e estético que culminou na escolha dos intervalos que complementam a estrutura dos tetracordes de uma escala. Contudo, não pretendo discutir ou apresentar todo esse processo. Mais um vez sugiro as leituras História da Música Ocidental - Donald Grout e Claude Palisca; Música, Cérebro e Êxtase - Robert Jourdain.  
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Em resumo as fórmulas das escalas maiores:

fig 15


Claro não existem regras pétreas! Você pode experimentar e buscar as sonoridades que reflitam sua ideia sonora. Afinal diferentes culturas lançam mão de diferentes idiomas que se adequam a sua expressão particular. Vejam que as escalas Húngara e Cigana "ferem" princípios estabelecidos anteriormente. (figura 16)

Fig 16

 

Os mesmos princípios das escalas maiores também serve para as escalas menores guardo as devidas particularidades.

Fig 17.


Existe uma falsa ideia de supremacia de uma determinada escala para outras. Acredito que na verdade as escalas se prestam para diferentes finalidades expressivas. Dessa forma, uma música não será melhor ou mais complexa por usa determinada escala exótica ou artificial  que outra que utiliza a boa e velha escala maior.

Na próxima publicação vou trazer os mesmos aspectos transplantados paras as escalas Pentatômicas e Hexatônicas. 

Bom, então divirtam-se experimentando!

  
Referências

Bennett, Roy. Como Ler Uma Partitura. Ed Zahar - 2001
Bennett, Roy. Elementos Básicos da Música. Ed Zahar - 2001
Day, Holly / Pilhofer, Michael. Teoria Musical Para Leigos. Alta Books - 2013
Jourdian, Robert. Música, Cérebro e Êxtase. Objetiva - 1998.
Grout, Donald. Palisca, Claude. História da Música Ocidental. Gravita 
Lacerda, Osvaldo. Compêndio De Teoria Elementar Da Música. Ricordi - 2006
Med. Bohumil - Teoria Musical (edição ampliada). MusiMed - 2012 
Sadie,Stanley - Dicionário Grove de Música (edição concisa). Ed. Zahar - 2001
Slonimsky, Nicolas. Thesuarus of Scales and Melodic Patterns. Anmsco Publications - 1975
Minhas anotações de estudo.
  







sábado, 7 de março de 2020

Relações dentro dos Modos: ferramentas de analise, aplicação e ensino.

                                                                                                                            Por Marcello Ferreira Soares Junior

A. Preliminares

Oi pessoal, nesse texto vou abordar alguns conceitos que utilizo para estudo, analise e ensino das escalas (ao menos as mais simples). Nosso foco reside na estrutura escrita, assim, não irei abordar aspectos históricos ou etnomusicológicos. Pronto? Então vamos lá!  

Lados de uma mesma história: Conceitos

Os modos como todas as escalas musicais podem ser pensadas (em termos de construção) como uma coleção de um certo número de intervalos distribuídos dentro do âmbito de uma oitava. baseados nessa ideia inicial vamos observar os dois conceitos abaixo:

 - Podemos definir uma escala como uma sequência de notas diferentes consecutivas entre si que estão organizadas e segmentadas por intervalos menores que uma oitava (exemplo: semitom, tom, terças) dentro da tessitura de uma oitava. A forma (distribuição dos intervalos dentro da oitava) de uma escala influencia sua sonoridade.

 - Em algumas definições as escalas são entendidas como uma sequência de notas escolhidas entre aquelas que compõem uma escala cromática. Na escala cromática o intervalo entre a primeira nota e sua repetição deve ter 12 semitons na direção ascendente (escrita mais comum) ou descendente. Aqui as escalas são construídas através da escolha de alguns elementos extraídos de um manancial (a escala cromática).

Observamos que as duas definições optam por focar em aspectos diferentes e as vezes complementares do estudo das escala. Dependendo da abordagem escolhida elas se completam ou não. 

De forma geral podemos observar o fenômeno da construção escrita de uma escala de diferentes formas sem que uma anule outra.

Algumas observações antes de começar: Detalhes técnicos

Como disse aqui nesse texto pretendo apresentar uma série de conceitos que acredito serem importantes para o estudo das escalas. Alguns já são de uso comum no estudo da música, mas um em particular tomei a liberdade de chamar de Fórmula. A Fórmula é uma forma que utilizo para facilitar e torna mais clara analise e entendimento da estrutura interna de uma escala musical.

Mas vamos simplificar ao extremo usando uma analogia. Imaginemos que estamos preparando uma grande quantidade de massa para um bolo. Contudo, nossa ideia não é fazer um enorme bolo e sim vários bolos menores de formatos diversos. A nossa disposição temos sete diferentes fôrmas com formatos diferentes, onde temos que considerar que cada forma influencia no sabor do bolo.   

Em nosso texto vamos chamar essas fôrmas de fórmulas. Assim, vamos usar o termo fórmula designar a distribuição dos intervalos dentro da oitava que compõem uma determinada escala. As fórmulas serão apresentadas na forma de uma coleção de intervalos (utilizaremos os modos litúrgicos - Med pág. 165) de tom [T] e semitom [ST]. Em alguns casos para analise utilizaremos algarismos (de 1 à 7) para identificar os graus{*} que formam uma escala.

Exemplo:

Figura 1

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{*} Detalhe técnico: Os graus de uma escala não sinalizam apenas ordem seguida pelas notas dentro de uma escala. Ela identifica cada nota com uma função estrutural dentro daquele contexto perceptivo.

O primeiro grau é a nota tônica da escala
O quinto grau é a nota com função de dominante. 

Normalmente para representar os graus são utilização algarismos romanos (I-II-II). Contudo, irie tomar a liberdade de utilizar os algarismos arábicos (1-2-3). 
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Outra categoria de nomenclatura utilizada para classificar e analisar as escalas está relacionada a quantidade de notas que compõem cada escala:

Pentatônica: cincos notas (penta = 5)
Heptatônica: sete notas (hepta=7)
Octatônica: oito notas (octa=8)

Vamos nos deter nas escalas heptatônica (com sete notas). Pois as escalas são as mais comuns (modos, diatônica) são heptatônicas, dessa forma, mais familiares para o público em geral (é só lembrar do famoso dó-ré-mi-fá-sol-lá-si). 

O tetracorde é um conjunto de quatro notas divididas por quatro intervalos musical {*}.

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{**} Detalhe técnico: São as distâncias entre as frequências de dois sons. Na acústica essas distâncias são medidas utilizando a grandeza física chamada hertz. Na teoria musical utilizamos o semitom e o tom para designar as duas menores distâncias entre dos sons na música ocidental.
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O Tetracorde é uma sequência de quatro notas diferentes escritas e/ou tocadas em sequência ou simultaneamente. A divisão por tetracordes facilita a observação e analise das heptatônicas. As escalas modos ou diatônicas (maior e menor) são formadas por dois tetracordes. Um tetracorde é forma por quatro notas e três intervalos.


Figura 2





















Podemos analisar os tetracordes em maiores, menores, diminutos e aumentados. Cada classificação irá designar uma configuração diferente de um tetracorde. 

Maior: T - T - ST = dó T ré T mi ST fá.

Menor: T - ST - T = dó T ré ST mib T fá.

Aumentado: T - T - T = dó T ré T mi T fá#

Diminuto: T ST ST/ST ST T/ST T ST = dó T ré ST mib ST fáb

Essa analise é importante para determinar a qualidade da escala: maior, menor, natural, harmônica ou melódico (Essa classificação pode ser assunto para outro artigo).  

Por exemplo:

Uma escala é considerada maior quando seu primeiro tetracorde é um tetracorde maior. 

Uma escala é considerada menor quando seu primeiro tetracorde é um tetracorde menor.

Ou

Uma escala é maior natural quando:

O primeiro tetracorde da escala é um tetracorde maior e segundo é um tetracorde menor. Sendo esses dois tetracordes ligados por um intervalo de TOM entre o 4º e 5º graus da escala.

Vejam que surgiu um novo elemento! O intervalo entre entre o 4º e 5º graus da escala. É interessante observa que entre os dois tetracordes que formam uma escala heptatônica sempre haverá um "intervalos de divisão ou conexão". Esse intervalo interliga os dois tetracordes formadores da escala. Esse também é em muitos casos determinante na estruturação da escala, no caso das heptatônicas, na estrutura das escalas diminutas.

Aplicação da Fórmula

A aplicação da Fórmula patroniza e normatiza a construção de uma escala sobre qualquer nota.

Figura 3

Cuidado com a escrita dos acidentes!

Nunca! Jamais! Utilize notas com mesmo nome dentro uma escala! Isso pode causar confusão entre as notas que compõem a escrita e comunicação da escala. Sim, comunicação! Imagina que você está montando um arranjo com um colega ou numa gravação e alguém comunica da seguinte forma as notas que compõem a escala de Sol Maior: 

Sol - lá - si - dó - ré - mi - solb - sol.

Quando poderia ser menos ambíguo da seguinte forma:

 Sol - lá - si - dó - ré - mi - fá# - sol.

No meio de todo a agitação e comunicação incorreta pode causar uma confusão desnecessária.

Por que é melhor utilizar fá# ou invés de solb? 

R: Como a escala já apresenta uma nota com o nome SOL causaria confusão utilizar o mesmo nome para dois sons diferentes (sol e sol bemol). Além disso, isso excluiria da escala a nomenclatura fá, quebrando o padrão de sequência estabelecido pelas notas naturais (dó-ré-mi-fá-sol-lá-si).  

DICA:
Na hora de ensinar a escala maior voce pode usar essa dica para ajudar a memorização: 

1. Todas as escalas maiores que tem em sua fundamental (1ª nota) uma nota natural (Dó, Ré, Mi , Sol, Lá e Si) ou notas com sustenido (Fá#) usaram o sustenido # (ou o dobrado sustenido como acidentes).

2. Todas as escalas maiores que tem em sua fundamental (1ª nota) uma nota com bemol (Réb, Mib, Láb e Sib) o usaram o Bemol b (ou o dobrado sustenido como acidentes).


Os Modos

Bom, aqui posso dizer que os modos podem ser vistos como um espraiamento das escala maior e menor natural.



Exemplo 4



Vamos pensar da seguinte forma: toda escala musical heptatônica é um arranjo de sete intervalos dentro de um intervalo de oitava. De forma, os modos podem ser pensados como rearranjo desse conjunto interno de intervalo.



Figura 5

Na teoria musical contemporânea, os modos comuns no ocidente (dórico, frígio, lídio e mixolídio) são gerados a partir da escala maior. Usamos as mesmas notas da escala maior, modificamos apenas a ordem na qual elas se apresentam. Essa modificação na ordem de apresentação das notas, gera outras escalas com os intervalos internos diversos daqueles presentes na escala maior que os originou.




Na figura abaixo, vemos como os modos mixolídio e dóricos tem suas alturas provenientes da escala de C maior. Para gerar o modo mixolídio dentro da escala de C Maior, é preciso passar a delimitar o intervalo de oitava que engloba os 7 intervalos da escala heptônica, não mais entre a nota dó e sua repetição uma oitava mais aguda. E sim entre a nota sol e sua repetição uma oitava mais aguda. Em resumo, na escala C Maior tenho as notas na seguinte ordem: dó - ré - mi - fá - sol - lá - si - {}; já no modo G mixolídio tenho:  sol - lá - si - dó - ré - mi - fá - {sol}. AS mesmas notas ordenadas de forma diferente.


Quando comparamos a escala de C Maior e o modo G mixolídio, podemos verificar uma ligeira diferença na distribuição do intervalos (em Tom [T] e Semitom [ST]) segundo tetracorde da escala e do modo. 


Vamos guardar esse apontamento: As alturas que compõem um modo são provenientes de uma escala maior.


Essa variação de intervalos dentro da escala gera o intervalo característico de cada modo que a difere da escala maior ou menor natural. Ela ocorre no intervalo musical entre a nota da tônica do modo e a nota que marca o intervalo que se altera em relação a escala maior que deu origem ao modo. Essa nota não é fixa, ela varia de acordo com o modo. Aqui vamos chamá-lo de Intervalo Característico (IC). E a nota que forma o intervalo junto com a tônica de Nota Característica (NC). 



 


Relações entre os modos


Figura 

Um belo dia encontrei uma imagem similar (não encontrei o autor) e achei uma ótima sacada em termos de uma ferramenta norteadora da analise dos modos. Resolvi reconstruir adicionando alguns detalhes complementares para torna incrementar uma ideia já muito boa. O que mais admirei foi o uso do modo dórico como o eixo central ao redor do qual as diversas relações entre os demais modos gravitam.

Sem mais delongas, vamos entender todas essas setas e cores. 

A imagem acima apresenta quatro relações existentes dentro do contexto dos modos:

- Proximidade (Verde); 
- Inversão (Azul);
- Intervalo alterados na transposição (Laranja);
- Qualidade (Roxo).

- Proximidade: é a relação de vizinhança entre os modos dentro de uma ordem. Essa é a mais simples de ser observada e aprendida.

Figura  5


- Intervalo alterados na transposição: utilizando um seta que indica de qual modo partiremos para iremos transforma-lo e a legenda ao lado indica qual grau do modo sofrerá alteração e a direção da seta da legenda indica qual a alteração (um semitom acima ou um semitons abaixo.

Ex.: 

1. Jônico para Lídio - iremos alterar o 4º do modo Jônico um semitom para cima.

2. Jônico para Mixolídio - iremos alterar o 7º do modo Jônico um semitom para baixo.

Figura 6


Inversão: É a relação mais interessante que mostra a organicidade dos modos. O exercício apresenta a condição que os modos apresentam que ao inverter de forma espelhada a relação dos intervalos de suas Fórmulas encontramos outro modo (vimos isso no artigo sobre Escrita espelhada). A linha azul indica quem se transmuta em quem!

Ex.: 

O Jônico ao ter os intervalos de sua Fórmula invertidos de forma espelhada se converte no Frígio.

Figura 7
Figura 8


- Qualidades: Simplesmente identifica os modos maiores, menores ou diminuto.

Acredito que partindo das ideias apresentadas cada um pode criar varias formas de abordagem e aplicação. O que entendo como mais importante é entender como um simples esquema visual auxilia no ensino, memorização e aquisição de uma série de informações.

Bom ficamos por aqui. 

Abraços!   



Fontes:

Lacerda, Osvaldo. Compêndio De Teoria Elementar Da Música. Ricordi. Rio de Janeiro (2006)
Med, Bohumil. Teoria Musical. 4ª ed. Musimed – Brasilia (1996)
Dicionário Grove de Música: Edição Concisa. Editado por Stanley Sadie. Zahar – Rio de Janeiro (1994)
Rimsky-Korsakov, Nicolas. Tractado Practico de Armonia. Ricordi – Buenos Aires (1997)
Schoenberg, Arnold. Funções Estruturais da Harmonia, Via Lettera -  São Paulo (2004)

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