quinta-feira, 13 de agosto de 2009

80’s Hard/Heavy Glam Returns!!

Não faz muito tempo atrás falei sobre o retorno às tendências de décadas anteriores, não é novidade que a música popular pós década de 60 vive de vai-e-vem de tendências, bom estamos começando a presenciar um destes retornos, o do Hard Rock Glam. O Hard/Heavy Glam [também conhecido pela alcunha de Hair Metal] dos anos oitenta esta voltando, o estilo que consagrou bandas como Twister Sister; Van Halen; Wasp; Motley Crue; Poison; Guns’n’Roses; Cinderella; Warrant; Slaughter e outras tantas. Som a todo volume; vocais histéricos; refrões pegajosos; riffs e solos insinuantes; letras nada politicamente corretas ou “pra baixo”, além de muita, muita pose. Estes são ingredientes que fizeram a festa nos anos oitenta e estão voltando.

Este pessoal se divertia [e muito], contudo o estilo era acusado de ser uma música superficial, sarcástica, visceral demais, e que só tinha como objetivo ser trilha sonora de festas, e nada de sentimentalismos ou choramingas existenciais. Nada disso é mentira, mas, o que há de mal em se divertir, isso por acaso não é Rock’n’Roll?

A festa foi boa até a indústria resolver mudar o vetor comercial para o grunge [que teve pouco fôlego] e que em pouco tempo também foi substituído durante a década de 90 pelo chamado Indie [coisinha difícil de classificar]. Neste meio tempo algumas bandas inclusive tentaram mudar o som para se aproxima das tendências da moda durante os anos 90, contudo a maioria das tentativas soou ou caricatas ou forçadas.

O estilo nunca sumiu, é verdade que perdeu muito da visibilidade que tinha nos anos 80, mas em seu berçário, a Califórnia ainda resistia, e no final dos anos noventa redescobriu outro solo fértil, a Europa, mas especificamente a Escandinávia [Hellacopters e Backyard Babies são bons exemplos].

Bem, como todo mundo gosta de diversão o Hard Glam foi voltando [e afinal de contas, mas uma vez repito: o que a de mal em se divertir?], a primeira pista deste retorno foi o sucesso do Velvet Revolver e dos ingleses do The Darkness com seu Permission Land, talvez o estilo não volte a ter a força da grande mídia, contudo, dentro da cena hard/heavy ele esta emergindo com força total. Prova disso, são ótimos álbuns lançados ou por grupos com anos de estrada como o WhiteSnake e Motley Crue, e de gente nova como o Steel Panther; Poets and Pornstars; The Last Vegas. A festa esta de volta em alto e bom som.

Álbuns novos e legais:

WhiteSnake Good to be Bad – 2008; Motley Crue Saints Of Los Angeles – 2008; Steel Panther Feel The Steel – 2009; Poets & Pornstars Poets & Pornstars – 2009; Warrant Born Again; Slaughter Fear No Evil; The Last Vegas Whatever Gets You Off; Run Devil Run Five by Five – 2009; Alleycat Scratch Deadboys in Trash City – 2006; 13 Wendesday Fuck It, We'll Do It Live – 2008; Sex Slaves Bite Your Tongue – 2005; Sister Sin Switchblade Serenades – 2008; Faster Pussycat The Power and the Glory Hole – 2006; Hardcore Superstar Beg for It - 2009.


Steel Panther - Death To All But Metal

http://www.youtube.com/watch?v=37yhT_ndLfw

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Dia do Rock

Serei sucinto, sincero e direto como todo bom Rock’n’Roll e dizer quatro coisinhas.

  1. Toda vez que chega esta data alguém escreve algo do tipo: “Qual o futuro do rock?”. Sinceramente, o futuro do Rock cabe a ele mesmo, apesar de sempre ele ter a ajudinha da indústria que divulga as tendências da moda, estas que em algum momento se esgotam comercialmente e depois ou somem por completo, ou ficam transitando a margem da mídia até serem novamente retomado pela indústria. O Rock continua sem grandes atribulições.
  2. O Rock não precisa ser salvo! Ao contrario do que as mídias propagam quando querem vender alguma banda ou artista.
  3. O Rock pertence tanto às bandas de três acordes quanto as bandas de som mais sofistico. Não existe nenhuma lei ou escrito sagrado que diga como o Rock tem de ser. O que vale é se você si identifica com o "som" de um determinado grupo ou artista. Não existe “som” melhor ou pior, não existe estilo atual e antigo, se você abrir a cabeça um pouco vai notar isso [mas se você prefere seguir o que os vj’s e magazines "especializados" da vida dizem, tudo bem].
  4. Escute Rock todo dia de Chuck Berry até Naplam Death, de The Hives à Yes, de Iron Maiden à Blondie, de Mastodon à Muse....Notaram a variedade?

Abraços a todos

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Michael Jackson e a Indústria Musical

Michael Jackson morreu!!!...Alguns poderiam dizer: O rei esta morto!! Longa vida ao [novo] rei. Mas não seria muito bom dizer isso. Primeiro que para muitos o rei é Elvis [para outros o rei é Roberto Carlos!!]. Segundo ocorreria uma “briga de foice” entre os pretendentes ao cargo príncipe [tirando desta lista o já autodenominado Prince, pois este se acha deus... por isso sou ateu!!]. Piadas sem graça a parte...

Bom, nunca fui fã de M.J. [apesar de achar “Ben” uma das canções mais bonitas que já escutei!], nunca tive, gravei ou reproduzir sequer um álbum dele, nem por isso deixei de escutá-lo e vê-lo, principalmente vê-lo a exaustão.

Caros e queridos leitores não se perdeu apenas um artista pop que vendeu milhares de álbuns e compôs boas canções como a mídia em geral vem propagando [Existe uma preocupação muito maior nas polêmicas que ele se meteu em vida do que em seu trabalho e valor para indústria musical]. Na verdade M.J. foi sim o pivô da criação de uma nova face para indústria fonográfica e do entretenimento e da imagem do artista pop.

Além de cantor de grande talento, M.J. incorporou a sua música a imagem e o movimento como nenhum outro musico pop havia feito, ele padronizou na indústria pop a figura do cantor-dançarino [querem exemplos é só assistir qualquer faixa de música pop no HV1 ou MTV!]. Ele captou a dança de rua [que fervilhava já na década de 70] e a estilizou, como também a conectou completamente a suas canções, por meio de coreografias tinham como base não os passos e movimentos em si e sim as letras das canções [se não foi ele que inventou isso, acredito que foi ele que popularizou!! Corrijam-me se eu estiver errado!! Pelo amor de Deus... Deus que por sinal não é Prince!!].

Vejam Thriller ou Beat It [além da imagem em si, musicalmente estas canções também foram inovadoras em termos de produção para época, é só vocês escutarem as canções contemporâneos a elas!]. Dá para ouvi-las sem lembra da coreografia? Tal procedimento se tornou quase uma regra para música pop, de Madonna à Spears e Timberlakes da vida [passando por Xuxa e a música dos filmes de Bollywood!], canção conectada a dança, a dança como representação do tema da canção tudo isso bem modelado no formato do vídeo clipe.

Aqui chegamos ao vídeo clipe [outra enorme colaboração do artista para indústria] que tem sua importância na indústria dividida em antes e depois de M.J. No inicio dos anos 80 canais como a MTV eram uma desajeitada e pouco interessante opção de programação televisiva, seus conteúdos [os vídeos clipes] eram no mínimo sem graça e pouco atrativos. A indústria ainda era pautada na divulgação radiofônica, ou seja, canção em si. A imagem do artista estava muito mais ligada às aparições ao vivo [de certa forma pelo menos o filtro musical era mais apurado, mas esta e outra discursão!]. Neste cenário Thriller foi um choque [lembro que quando passou no Fantástico parecia que estavam anunciando o pouso de um disco-voador... rsrs]. Qual a diferença de Thriller para os demais vídeos clipes da época? Bem, ele é temático, tem uma ação dramática conectada com o sentido da canção [além claro do capricho técnico de sua produção]. Qual o resultado disso? Sucesso absoluto!! Ao investir de tal maneira neste formato, M.J. ajudou mudar o eixo da divulgação musical e até mesmo a forma que a música pop é feita [temos hoje cantores e grupos que investem muito mais no clipe do que na música em si!!]. Aqui a indústria pela primeira que com um pouco mais de cuidado o vídeo clipe é uma instrumento de vendas de grande valia para indústria pop [hoje o vídeo clipe vende de tudo: música, roupas, calçados, bebidas, comportamento... quem não queria na época ter a jaqueta que M. J. usa em Beat It???].

Bom, se formos listar e analisar as contribuições deste astro Pop para esta indústria de milhões [que depois dele passou a trabalhar com Bilhões!!] vou precisar de mais tempo e espaço. Mas só o que citei acredito é o bastante para se notar a grandeza desta figura para música pop dos últimos trinta cinco anos.

Volto a dizer, nunca fui fã de Michael Jackson [por sinal escrevi este texto escutando Pink Cream 69 e Mastodon], mas temos que “dá a César o que é César”. Muito do que a indústria pop [pelo menos na música] é hoje em dia devesse a Michael Jackson. Gostaria apenas de mostra que quem a indústria pop perdeu não foi apenas o dançarino do moon walk ou o astro envolto em polêmicas, e sim um dos principais protagonistas da história desta indústria. Pois quem tem menos 25 anos pode não entender o porquê de todo este alvoroço em torno de sua morte, podem até pensar: Poxa, Madonna, Lady Gaga, Of Montreal e blá blá blá blá... Hoje fazem mais sucesso do que ele. Mas estes acima citados só “virão o sol” por causa do formato que a indústria tomou pós-Michael Jackson.

Abraços a Todos!!!

M. J. [R. I. P]

domingo, 26 de abril de 2009

Stereolab – Fab Four Suture [2006]

Após entortarmos os pescoços na postagem anterior, vamos andar um pouco para frente com pés firmes. Bom, um álbum que posso enquadro nesta formula é o Fab Four Suture do Stereolab. Este álbum é a continuação do trabalho inusitado deste grupo que reúnes vários elementos e conceitos musicais diferentes de maneira tão tranqüila, que nada nele soa estranho ou extraordinária e sim natural e possível [isso é uma coisa é uma coisa difícil].


Um mérito desde álbum esta no fato de que nada nele é um pesadelo técnico ou logístico, ou seja, nada de execuções complexas e elementos presentes que não despedem recursos extraordinários [muitos músicos; instrumentos exóticos; técnicas extraterrenas de gravação]. O que temos aqui é uma banda bem afiada [guitarra/baixo/bateria]; loops; synths retro; disposição e boas idéias. Outro fato sobre este álbum que gostaria de chamar a atenção, é que Fab Four Suture se dispõem a tentar romper a linha do convencional sem ser chato ou pretensioso demais, além disso, as idéias trazidas para serem trabalhadas são claras pelo simples fato de serem bem executadas.


Vamos lá para o que interessa de verdade a música. A faixa de abertura Kyberneticka Babicka Pt.1 [sim este é o nome da faixa!], ela nada mais é que uma montagem de 4 loops [sendo três muito parecidos só diferenciados pela nota] de vozes que são em intervalos de tempos regulares sobre e uma levada de guitar/baixo/bateria [que também parece um loop] estes elementos vão se repetindo do começo ao fim dos 4’31” da faixa, parece ser chato, não é? Ainda tem mais, na “cobertura do bolo” temos uma gama variada de sonoridades sintetizadas que vão vagarosamente saindo do ostinato dos loops passado para o plano de frente da escuta.


Você deve esta pensando: tá, mas o que é tudo isso? O que há de tão legal? Bem, nossos amigos do Stereolab lançam mão do sofisticado processo de composição minimalisma, e é minimalismo mesmo. O processo de repetição quase hipnótico inicia com o elemento que vai se repetido e se focaliza como ponto central da escuta. Mas que o tempo e a exposição sensível tratam de torna-lo nada mais que um pano de fundo para outras sonoridades que atraem a escuta, mas que em dado num momento de rápida e simples variação sonora [no caso a silaba e a nota cantada] faz retorna nosso elemento ao ponto principal.


Pessoal isso foi pensando para ser assim, os caras do Stereolab não foram fazendo este faixa de qualquer jeito e saiu este resultado, querem uma prova disso? Vejamos a escolha dos timbres sintéticos para montagem dos loops e outros elementos da música. O ouvido humano quando exposto a qualquer som imediatamente ativa nossa percepção em direção daquele som procurando organizado e identifica-lo, depois que isso é acontece normalmente continuamos a presta atenção nele ou o ignoramos. Atenção acontece quando este som se refere a algo que nos interessa, imagine que você esta atravessando uma rua, inconscientemente seus ouvidos estão atentos para qualquer som de motor, pois isso é importante para nossa segurança. Contudo se você esta andando na calçada ao lado do transito sua atenção para o som dos automóveis diminui, pois aquela “regularidade e repetição” na sonoridade dos automóveis é “chata” para nossa percepção que já captou identificou, para nossa percepção não é mais necessário retomar o processo anterior. Muita gente por ai diz que faz um “som minimalista”, pois é Cool dizer tal coisa, mas na pratica poucos realmente o fazem, isso talvez porque tenham a dificuldade técnica para fazer-lo ou porque acreditam que falam de minimalismo, mas não tema menor idéia do que realmente seja [pobres Riley e Glass e cia. muito falados e pouco escutados].


O álbum continua revelando surpresas inusitadas e agradáveis, um verdadeiro exercício para “escuta ativa” e o um bela alternativa estética. Acredito que existam vários outros grupos sigam um projeto musical parecido com do Stereolab, entretanto, alguns grupos correm em direção a um “experimentalismo” [detesto este termo quanto aplicado a música] nebuloso que torna as canções um amontoando de sons que ao final da escuta nada acrescentam ou se que devam dar prazer a quem escutou [se bem que no mundo tem gente com todo tipo de gosto, mas me interesso no geral e não nas exceções...rsrs]. Nossos amigos aqui dentro de seu trabalho canções interessantes que apesar do detalhes e vários elementos não são de forma nenhuma de difícil acesso ao ouvinte desavisado, inclusive as canções tem até um quê dançante sem se encaminhar a um lugar comum.


Um bom exemplo é a faixa Interlock, esta é uma canção dançante calcada só sobre um ostinato de bateria/baixo/guitarra, esta canção tinha tudo para ser chata e cansativa, mas uma solução musical simples a conduz para outro caminho. Qual seria esta solução? Uma simples manipulação dos timbres dentro da estrutura. Peguemos a voz temos dois processos simples de identificar: o primeiro é a mudança do timbre e da voz de acordo com a tessitura em que se canta [temos basicamente duas tessituras agudo e médio], esta mudança se aplica sobre melodia muito parecida, senão idênticas, aqui temos uma processo bastante pratico e simples de variação melódica; o segundo processo é a mixagem da sonoridade da voz com outras sonoridades como uma segunda voz de timbre diferente ou com a trompa. Se formos mais detalhistas ate mesmo a impostação da voz também pode ser vista como um detalhe facilitador. Estes dois processos já conferem interesse e variação a uma melodia que poderia cansar o ouvinte se apresenta sem qualquer tempero.


Bom o que falei acima é uma gota no oceano desta canção. As escolhas detalhadas dos timbres passam por todos os elementos da musica. Resumo da ópera: cada detalhe é pensando; testado; usado ou descartado, em busca de soluções que podem fazer toda a diferença [cada duas postagem eu repito isso três vezes, já notaram....rsrs?].


Meu conselho é que vocês escutem, escutem mesmo não coloquem para tocar e vão fazer outra coisa, pois podem corre o risco de perder algo.


Abraço a Todos. 


Onde encontrar o Stereolab:

http://pencadediscos.blogspot.com/2009/02/fab-four-suture-stereolab-2006.html

http://www.myspace.com/stereolab

sexta-feira, 27 de março de 2009

O Efeito Torcicolo

Outro dia, um amigo musico comentou o seguinte ao escutar uma banda de funk/soul do inicio da década de setenta[Bete Davies, acho que era o nome do grupo?!]: Isto soa bem atual. No mesmo momento o senso de tempo lógico e racional questionou – como isso pode ser atual se foi feito há 40 anos atrás? – , por outro lado, o senso estético confirmava a afirmativa. Mas coloquemos em termos práticos, por que seria atual? Será que o grupo antecipou em 40 anos as vias estéticas? Eles estavam à frente do seu tempo? Ou nós é que estamos voltando, ou melhor, nós estamos nos voltando aquela musica e estilo?

Antes de qualquer coisa, preciso esclarecer algo ao leitor. Particularmente não entendo este retorno como alguma forma de retrocesso. Pois aqui não estamos falando de uma produção industrial de petróleo ou dos aspectos que diferenciam os modelos de automóvel e sim de arte. Em nosso caso a linha do tempo pouco importa. Aqui tratamos do qualitativo e não do quantitativo/técnico/evolutivo [algo que muitos tomam como preceito para analisa a música ou a arte]. Um estilo de 40 anos atrás não é inferior a um estilo atual. Eles apenas se prestam a períodos e sensos estéticos e sociais diversos, da mesma forma em que temos ao mesmo tempo vários estilos diferentes convivendo ao mesmo tempo, onde cada um se presta a uma determinada gama de idéias e estilos de comportamento. Ou seja, não existe melhoria ou decadência apenas mudança. Pense comigo, se você parar para observar as coisas a partir do ponto de chegada, sempre haverá o julgamento se o movimento de “mudança” foi para melhor ou pior. Mas se você preferir tentar visualizar o movimento sem se preocupar com o ponto de chegada, tais “mudanças” tomam outro sentido. Ainda sim, acredito que não dá para você gostar de tudo que chega a seus ouvidos, mas ao menos é possível torna bem mais claro porque determinada música ou estilo é de seu agrado.

O Efeito Torcicolo esta é uma expressão que soa curiosa. [Tomei contato com esta expressão através de uma entrevista de Edgar Scandurra não sei se foi ele p criador da expressão], mas que compreende dentro de si uma visão sagaz do momento musical em algumas vertentes da música popular. O Efeito Torcicolo se refere a atual e forte tendência por parte de muitos músicos em se voltar à música feita a 20, 30, 40 anos atrás “desenterrando” não só ídolos, mas vários outros músicos e grupos interessantes que não tiveram tanta expressão. Assim como também são resgatados estilos e estéticas, para que num segundo momento implementa uma “releitura”. Podemos constatar pitadas desta tendência não só no mainstream como tão no movimento de música independente. Pensem comigo, qual o grupo hoje que não faz referencia a um grupo ou estilo, ou adota sonoridades vintage, isso em qualquer nível. Vejamos alguns exemplos simples como o retorno ao som Disco de Madonna e do Scissor Sisters; a nova MPB claramente inspirada em movimentos dos mais variados como o Clube da Esquina/ Tropicalismo/Regionalismo/Bossa Nova. Movimentos como o Stoner Rock que recupera o piscodelismo das bandas de garagem da década de 70 e o som pesado do estilo thrash/crossover dos anos 80 e 90; ou muitas bandas Indie que buscam sonoridades da New Wave oitentista. Só para citar alguns exemplos fáceis.

Ai você vai me dizer: “Poxa! Se sairmos catando vamos encontrar referencia de tudo em tudo em qualquer época”. Concordo, contudo se pararmos 10 minutos vamos ver que nos últimos 5 ou 6 anos estamos mais próximos das sonoridades de duas ou três décadas atrás do que há dez anos. E ainda, temos alguns estilos simplesmente não se modificaram da década passada para cá. Vejam o R’N’B, se você “pegar” qualquer gravação deste estilo verá que ele se modificou pouco ou quase nada [só os timbres ficarem melhores!] ou o chamado “hardcore californiano” que virou “emo” [a construção e o formato das canções são muito similares, tirando a temática das letras, qual diferença drástica na sonoridade de Green Day e as bandas emo?]. Isso é ruim? Bem, pelo jeito para os fãs não. E como a música é feita para eles, então estar tudo certo.

É curioso observar este fenômeno, mas qual será a força motora por trás dele? Bom, é difícil saber, alguém pode dizer que esta buscar irá resgata algo que se perdeu na música produzida por determinada geração [sabem, este argumento sempre vem acompanhado daquele papo furado de critico, que desde a década de 70 elegem as bandas salvadoras do rock, como se isso não fosse apenas apelo para vender, e pior, como Rock fosse se extinguir]; outros podem dizer que é uma busca de argumentos para engendrar um rompimento com a musica atual e começar algo novo; ou simplesmente alguém achou legal aquele som e resolveu enveredar por aquela sonoridade [por sinal acho este o motivo mais plausível...rsrs].

Bom, antes de apresentar minhas teorias sobre o caso é interessante pensamos sobre o seguinte. Será que talvez os músicos e até a indústria musical tenham se saturando da “Ditadura do Novo” [onde mudam mais as caras, e o som nem tanto]. Durante muito tempo a indústria musical incutiu na cabeça de todo mundo a estória da inovação continua como preceito absoluto de qualidade, o musico era então movido pela intenção de inovar sua sonoridade cada novo trabalho, sem muitas vezes sequer amadurecer seu estilo. Cada grupo que trouxesse qualquer mínima diferença de sonoridade era chamado de inovador, e colocado no Olímpo da indústria [isso com uma mãozinha das revistas especializadas nas décadas de70/80 e depois das MTV’s da vida 80/90, bem diferente de hoje em dia, né?!..rsrs].

Mas onde isso surgiu? Bem, durante praticamente quatro décadas [50/60/70/80] a indústria da música popular viveu de novidades constantes. Assim a novidade por si só virou uma pela peça de publicidade para indústria. Acontecia a promoção de um estilo ou estética em grande escala, e depois de certo tempo, surgia do nada um novo som, que era uma “rajada de ar fresco na mesmice”. Conduto, nos anos 90, a coisa começou a saturar, sem muitos caminhos para seguir, nesta década aconteceu uma espécie de “salada-do-boi-doido” [foi divertido!] onde ainda residiam os resquícios do som dos anos oitenta, mas se procurava desesperadamente novas vias para a “novidade”. Assim as misturas tornaram-se uma opção quase genérica: soul/rap com rock pesado; eletrônico com rock; a volta o progressivo com toques de metal; musica étnica com eletrônico; Deep Forest e grunges da vida[que um dias soaram e inovadores e hoje são datados]. Já na década de 2000 alguns estilos da década de 90 simplesmente sumiram [ou amadurecessem como Lounge e a música eletroacústica] e/ou deram lugar às releituras que vivemos hoje.

Pensei em duas teorias sobre o caso: 1. ela [a releitura] pode ser uma “tomada de fôlego” para realização de verdadeiras novidades musicais, uma busca pela Nova Liberdade De Expressão; 2. chegamos a uma espécie de pós-tudo onde finalmente cada um faz o que quer para se expressar sem se preocupar em esta dentro ou fora do estilo vigente, A Boa De Velha Liberdade e Expressão.

Juro a vocês se eu soubesse diria onde isso vai dar. E Juro também que ficaria feliz em saber que minhas teorias estejam totalmente erradas, e apareçar uma terceira ou quarta via. Afinal que graça teria saber o resultado do jogo antes dele começar? Bem, lembram do meu amigo musico, ele também fez uma previsão apocalíptica: Quem sabe o Grunge volte?

E QUAL A DE VOCÊS??

Abraços a todos!




quinta-feira, 5 de março de 2009

Zé Ramalho e Lula Cortes – Paebiru (1974)

Existem aqueles álbuns que são considerados raridades essências, verdadeiras “descobertas arqueológicos” daquelas que nós levam a exclamar: Vejam só! Nesta época já existia isso! Ou muitas vezes tomam forma de “elos perdidos” que esclarecem o ponto de chegada do nebuloso passado e ao mesmo tempo indicam os caminhos pelos quais “os galhos da arvore do tempo cresceram”. Este é o caso de Paebiru álbum realizado por Zé Ramalho e Lula Cortes [que também contou com participações de Alceu Valença e Geraldo Azevedo]. Paebiru tem em torno de si toda uma mística de tesouro perdido, se bem, que muito desta mística foi criada mais ligada ao fato de que apenas poucas cópias “sobreviveram” a enchente que assolou Recife no ano de 1975, do que sobre a música contida neste álbum. O que particularmente considero uma tremenda injustiça. Este álbum sofre do mesmo problema de muitos outros grandes trabalhos musicais, ou seja, se fala muito mais sobre as minúcias biográficas envolvidas em sua criação e gravação do que de sua música [Se não conhece a historia ou as historias você pode encontrar um farto material na net, inclusive em alguns ótimos blogs aqui do blogspot].

Bom, como nosso objetivo é falar de música, vamos à labuta. Numa visão geral [se é que possível limitar o universo musical expresso neste trabalho] Paebiru reúne elementos regionais e universais de uma forma bastante interessante. O material regional tem dois tratamentos o estilizado, pois em algumas passagens temos um tratamento muito próximo aquele praticado pelos grupos do movimento Armorial. E de forma Bruta: onde os elementos regionais são apresentados na sua forma original ou próxima ao “original” [digo isso sem afirmar, pois não sou nenhum especialista, se alguém que conhece bem puder dar sua opinião seria ótimo!!] como em trechos de Trilha de Sumé e no inicio de Louvação a Iemanja. Ainda sobre os elementos regionais o que mais é interessante é que as referencias são varias deste as violas européias em frases que lembram o frevo [Em Harpa dos Ares] aos referencias as percussões e aos cantos indígenas e negros. Os elementos “universais” temos o forte acento do rock progressivo [em Nas Paredes da Pedra Encantada, Os Segredos Talhados Por Sumé]; o Jazz nas improvisações de sax que permeiam todo álbum, até a musica de concerto contemporânea com o piano preparado [em Omm], tudo muito norteado por ares psicodélicos.

Pessoal antes que alguém pense algo do tipo: Eles fizeram tudo isso no nordeste há 34 anos atrás? Como eles colheram tantas informações naquela época? É um milagre!! Bom, não é nenhum milagre, entendo que para muita gente tal grau de especulação musical só passou a existir na música do nordeste a partir da década de 90 com Chico Science [R.I.P.]. Mas felizmente as coisas não foram [nem são] bem assim, já na inicio da década de 70 já existia no Brasil um grande numero de grupos psicodélicos e progressivos [muita gente também acredita que os Mutantes foram únicos no Brasil, na verdade eles foram a banda que fez sucesso] vou citar um exemplo fácil de encontrar a banda O Terço que já em 70 tinha um álbum muito bom; o próprio Lula Cortes que já militava nesta linha a um bom tempo. Naquela época Recife era [e ainda é] uma fornalha cultural e artística ao mesmo tempo conviveu lado a lado o movimento Armorial que contava com o Quinteto Armorial [do grande compositor Antúlio Madureira], além de um movimento musical de veia roqueira [de tempero nordestino] com representantes como o Ave Sangria.

Escolhi dois momentos distintos deste álbum para comentar o seu conteúdo: Trilha de Sumé; Nas Paredes da Pedra Encantada, os Segredos Talhados por Sumé.

Trilha de Sumé é a faixa de abertura nela ao longo de sua “trilha” de 13’ minutos vários momentos musicais com diferentes configurações musicais temos trechos com um toque de primitivismo como no inicio onde temos num primeiro momento percussões junto a uma linha de baixo [que nos remete as estruturas do Manguebeat]; sonoridades étnicas e flautas com fraseados que parecem ter saído de um álbum do Jethro Tull. Num segundo momento primitivista temos uma cantoria acompanha de um batuque que faz uma referencia a caboclinhos ou maracatus [não sou nenhum especialista em musica folclórica, por isso, quem escutar o álbum me corrijam, por favor, seu disser alguma asneira!..rsr] recheada com uma solo que guitarra, entre estas partes temos um solo de sax jazzístico e a parte final da faixa é introduzida por uma escala sem tonalidade definida no piano se encerra com um ensaio onde um solo de flauta [tonal e de tonos tranqüilo e suave] é inicialmente acompanhado pelo piano e depois o piano é retirado e uma instrumentação com viola de dez; violão e baixo acompanham; revezam-se e fazem contra-canto a flauta. Não a forma musical desta faixa na verdade pode ser definida como um fluxo sem fim onde informações diferentes são expostas e em seguida são substituídas por outras. Nenhuma informação ou conteúdo é retomado, desta maneira a forma esta aberta ela soa como uma improvisação continua.

A faixa Nas Paredes da Pedra Encantada, os Segredos Talhados por Sumé é bastante interessante no aspecto de conteúdos musicais utilizados, ela mescla referencias do rock progressivo/psicodélico sessentista e setentista – Grantefull Dead; Iron Butterfly; Uriah Heep – [com linhas de baixo bem marcadas ponteadas pelas sonoridades do órgão e do sax. Além requintes de mixagem com o jogo de pan] – com uma linha vocal que nos remete diretamente ao repente nordestino [tanto por causa da estrutura melódica com escala artificial – mesclado dos modos mixolídio e lídio –, quando pela estrutura de estrofe com rima e refrão]. Graças a esta referencia da estrutura canto/poética do repente, a forma musical lembra um rondo, onde as variações gravitam em torno das partes vocais. Esta forma pode ser descrita rapidamente da seguinte maneira [Intro – vocal – intermezzo – vocal – intermezzo [solo de sax; modulação passageira] – vocal – intermezzo –vocal – encerramento].

Por muito tempo Paebiru figurou para muita gente como uma espécie de relíquia curiosa e nada mais. Mas um exame mais cuidadoso prova que este álbum é muito mais que isso [desculpem pela frase clichê]. As composições não apenas antecipam algumas manifestações e tendências musicais que nasceriam duas décadas depois de seu lançamento, além disso, as soluções musicais para que ajudaram a criá-lo, podem ser um responsório muito útil para quem se interesse em trilhar as mescla entre musica referencias do folclore nordestino com estilos variados da musica popular.

Onde encontrar:

http://brnuggets.blogspot.com/2006/10/lula-crtes-z-ramalho-pabir-1975.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%AAbir%C3%BA

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Edson Zampronha – Sensibile [2006]

É bom esta de volta à escrita, por causa de um probleminha ali; um compromisso aqui; Fiquei afastado do blog. Admito esta um tanto quanto enferrujado, mas ao voltar a escrever, resolvi assumi um desafio, escrever sobre a música desde reconhecido compositor brasileiro, Edson Zampronha.

Para quem não conhece, ele foi duas vezes Premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte, além de ter recebido o Prêmio Sérgio Motta [2005] – para os desavisados este é o principal prêmio em artes e tecnologia do País – , além disso é compositor convidado de importantes centros como o LIEM-CDMC [Madri] e a Universidade de Birmingham, e ainda arranja um tempinho para ser professor de composição da Universidade do Estado de São Paulo e professor convidado em diferentes universidades no exterior [a estas alturas ele deve esta na Espanha].

Admito que um dos motivos na demora desta resenha foi por causa do meu próprio receio em escrevê-la [rsrsr]. Passei um bom tempo procurando um ângulo por onde iniciar a abordagem deste trabalho. Bom, eu já tinha uma pista dada pelo próprio autor, mas me faltava o mote. Ele veio em um conversa frugal onde um colega de trabalho que escutava em seu mp3 player algumas obras do período clássico exclamou: sabe o que falta nos compositores de hoje é esta simplicidade sensível. Fiquei admirado com o comentário por três motivos: 1. a observação aguda de um problema estético/sensível; 2. pela forma que foi colocada, simples, rápida e concisa; 3. por este meu colega não ser musico e sim o melômano sadio. Sim, esta foi minha porta de entrada na escrita deste texto.

As composições desde álbum são todas para piano [e também temos elementos eletros-acústicos]. O compositor parte de materiais muito singelos como uma escala modal ou um conjunto de acordes simples e num processo de modificação da sonoridade, por meio da mudança de estruturas rítmicas e timbres; o compositor vai concedendo a estes materiais novos significados. Ou em suas palavras:

“...o ouvinte é levado a escutar de maneira diferente aquilo que havia escutado antes. Há uma ’persuasão’ da escuta. Uma persuasão que re-significa e que, justamente porque leva o ouvinte a entender diferentemente o que havia escutado antes, abre as portas da sensibilidade”.

Para mim o ponto de equilíbrio de todo este trabalho é: uma escuta “ativa” que ao invés de investigar, apenas captura as informações cedidas pela música e depois passa a apreciar seus novos contornos ao logo da obra. Isso lembra alguma coisa? Sim, uma sonata clássica é apreciada da mesma forma. E quanto mais simples e inteligível é seu ponto de partida, mas agradável e interessante é sua re-significação. E por sua vez seu conteúdo sensível é apreciável.

Bom, vamos por as mãos na massa. Confesso que não foi fácil “eleger” uma ou duas peças para comentar. Por entender que todas são historias diferentes dentro de uma mesma compilação, histórias que mereceriam ser ouvidas, mas tive de escolher, e escolhi, e a eleita foi: Fragmentos Reduzidos de Uma História Muito Longa.

O titulo de Fragmentos Reduzidos de Uma História Muito Longa é uma grande pista sobre o que nos espera ao longo da música. O titulo nos remete ao imagético; ao caráter de rapsódia fantasiosa, leve e distante. Esta música – numa visão mais pessoal e subjetiva – remete as lembranças daquelas paisagens que observamos durante viagens longas, que quando requisitadas pela memória retornam como Fragmentos Reduzidos com pouca ordem cronológica ou geográfica, mas que são para nós tão agradáveis e sensíveis.

Aqui vou listar alguns aspectos que consegui destacar na escuta:

A obra [ao menos para minha escuta] dividisse em cinco seções, estas seções têm seus limites bem delineados por silêncios [ou lapsos].

Cada parte é composta por um ou mais gestos musicais com características e tonos parecidos ou diversos, estes gestos se relacionam dentro de uma articulação muito clara e direta, fazendo com que o ouvinte seja guiado dentro da História que esta sendo contada.

Esta articulação não só se limita à parte interna de cada seção, pois estas também se articulam entre si.

Temos dois tipos de articulação bem claros [bem, foi as que conseguir identificar na escuta, se houverem outras, por favor, digam!..rs], sendo a primeira por complementação e por oposição. Na primeira cada seção ou gesto detém aspectos que os relacionam aparentados, estes aspectos podem ser os elementos de rítmico; melodia ou simplesmente o caráter mais movimentado ou lento. O segundo por eliminação identifica as articulam entre seções de elementos e caráter diverso.

Em três [seção 2 – 1’00” à 1’40”; seção 4 – 3’12” à 3’42” e seção 5 – 3’45” à 5’15”] das cinco seções da peça temos apenas um tipo de gesto que é re-elaborado pelo compositor. Um bom exemplo é a seção 5 onde o compositor inicia com uma melodia lenta e pianíssimo [de pouco volume] e vais inserindo a esta melodia acordes dissonantes e a utilização do pedal do piano para criar ressonância.

Já nas outras duas seções [ao meu ver] temos mais de um gesto, nas seções 2 [00” à 55”] e a seção 3 [1’44” à 3’10”]. Na seção 1 temos três gestos que apresentam características próximas, ou seja, todos são movimentos ligeiros de forte movimento e acento rítmico, contudo apresentam configurações diferentes. Já na seção 3 temos três gestos cada uma com configurações e características diferentes o primeiro se aproxima dos gestos da seção 1 [ligeiros e rítmicos], contudo de tonos mais jocoso que ao final se desdobra num segundo gesto mais dramático com acordes dissonantes e abertura para o registro grave, após um serie de trinados ele se encerra dos um arpejo. O terceiro gesto se caracteriza pelo formato minimalista onde temos uma formula rítmica é utilizada tento em seu interior variações e adições de elementos melódicos.

Admito que este álbum mereça de minha parte muito mais atenção [e um texto muito mais interessante também!!]. Por outro lado acredito também que a atenção que a música merece é a atenção do público, a atenção da sensibilidade da escuta. E este álbum merece esta atenção.

Onde encontra Edson Zampronha:

http://www.zampronha.com/PaginaBR_Publications.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Edson_Zampronha

Harmonia Modal 2: Os acordes por Quartas

  Por Marcello Ferreira Soares Jr Oi pessoal, antes de começar sugiro ao leitor que leia o artigo anterior sobre Harmonia Modal ( LINK ). A ...