quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Síncope

                                                                                                        Organizado por Marcello Ferreira Soares Junior

Oi pessoal!

Antes de entrar no conteúdo em si, eu gostaria de esclarecer um detalhe que as vezes causa celeuma. Qual o termo correto Síncope ou Sincopa? Os dois estão corretos! Contudo, há um detalhe a ser levando em consideração!

Atualmente no Brasil se convencionou a utilização da palavra síncope. Entretanto, entre os músicos mais veteranos é muito comum o uso do termo sincopa. Isso talvez ocorra (não posso cravar!), por causa do referencial bibliográfico utilizado na formação de diferentes gerações.

Em seu livro Compêndio De Teoria Elementar Da Música (1962), Osvaldo Lacerda utiliza o termo “Sincopa”, que é o termo usado na língua espanhola. Já mais recentemente, em seu livro Teoria Musical, Bohumil Med utiliza o termo “Síncope”, que talvez seja uma tentativa de “aportuguesa” os termos Sincope (do italiano), Synkope (do alemão) e Syncope (do francês).  Isso claro é uma especulação, não tem nenhuma pesquisa (minha) sobre isso. Mas é provável que algum pesquisador mais cuidadoso tenha se debruçado sobre o tema.

Nesse texto irei usar o termo na sua forma mais comum no Brasil: Síncope.

Vamos ao que interessa!!

A síncope ocorre quando a duração de um tempo fraco ou de uma parte fraca de um tempo se prolonga sobre um tempo forte ou a parte forte de um tempo seguinte. Isso pode ocorrer por meio de uma ligadura (entre compassos diferentes) ou de uma variação na escrita das estruturas rítmicas dentro de um mesmo compasso.

Lacerda chama a atenção para supressão do acento “natural” no tempo forte ou na parte forte de um tempo (LACERDA pág. 38). Med coloca que a síncope “produz um efeito de deslocamento das acentuações naturais” ocasionando “uma sensação de desorientação métrica pela falta do acento esperado” (MED, pág. 143).



  • Observação preciosista: A figura rítmica que “sofre” a síncope é aquele que perde seu acento métrico natural.
Exemplos e observações



figura 1
Na figura 1 temos exemplos comuns de síncopes ocasionadas por ligaduras entre dois diferentes compassos. Nesses exemplos estou utilizando o compasso binário para facilitar a visualização.

A: figura rítmica no tempo fraco do compasso expande sua duração sobre a figura que está no tempo forte do compasso seguinte.

B: A figura da parte fraco do tempo fraco do compasso expande sua duração sobre a figura no tempo forte do compasso seguinte.

C: A figura do tempo fraco do compasso expande sua duração sobre a figura na parte forte do tempo forte do compasso seguinte.

D: A figura da parte fraco do tempo fraco do compasso expande sua duração sobre a figura na parte forte do tempo forte do compasso seguinte.

figura 2
Na figura 1 temos exemplos comuns de síncopes ocasionadas por ligaduras ou variação na escrita das estruturas rítmicas dentro de um mesmo compasso. Nesses exemplos estou utilizando o compasso quaternário para facilitar a visualização.

A: figura rítmica no tempo fraco do compasso expande sua duração sobre a figura que está no tempo meio-forte seguinte. 

B: As figuras nas partes fracas dos tempos expandem suas durações sobre as figuras nas partes fortes dos tempos seguintes.

C: Nesse exemplo ocorre juntas as situações descritas em A e B.

D: Temos uma variação na escrita das estruturas rítmicas de B.

E: Esse exemplo é uma "forçada de barra" de minha parte, dificilmente essa situação será usada para exemplificar uma síncope, mas é interessante pensar que toda regra teórica em música tem de ser observada com parcimônia.

Para finalizar, lembro que Med chama atenção para algumas classificações que ajudam a analisar a síncope no texto musical.

Ritmo sincopado: É aquele onde os acentos métricos estão em desacordo com a métrica "natural" de uma figura rítmica ou compasso. (MED, pág. 145)

Sincope regular: Liga duas figuras rítmicas de mesma duração (Exemplo A das figuras 1 e 2).

Sincope irregular: Liga duas figuras rítmicas de duração diferente (Exemplo B e C da figuras 1 e exemplo C da figura 2).Liga duas figuras rítmicas de mesma duração (Exemplo A das figuras 1 e 2).

Bom, continuaremos na próxima publicação sobre Contratempo.

Divirtam-se (ou não)!

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Métrica e outros aspectos (tópicos de teoria básica).

                                                                                                    Organizado por Marcello Ferreira Soares Junior
Oi pessoal!

Uma coisa que sempre me incomodou é o fato da imensa confusão que existe em relação aos usos feitos de termos como Acento Métrico, Síncope, Contra-tempo, Tempo Forte, Anacruse e etc.

Observo que há uma imensa confusão em relação a esses conceitos. Mas o pior de tudo é ouvir músicos (práticos) e "entendidos em música" cometerem verdadeiras aberrações quando tentam usar ou explicar esses conceitos. A meu ver, isso se dá, porque alguns músicos baseiam seus conceitos sobre o assunto em meros "achismo" ou apenas repetem um bordão que já foi lhe ensinado errado.

Por desencargo de consciência resolvi fazer uma pequena série de quatro postagens sobre esses assuntos. Tentarei apresentar tudo de forma simples e rápida.

Nessas postagem vou utilizar como base alguns textos teóricos (para ninguém falar de achismo!) de fácil acesso e amplamente aceitos e utilizados tanto em escolas de música quando em cursos superiores. São esses textos:

Teoria Musical - Bohomil Med (4º edição);
Compêndio de teoria elementar da música - Osvaldo Lacerda;
Fraseologia Musical - Esther Scliar;
Elementos básicos da música - Roy Bennet.


Acento Métrico

Conceito: É uma intensidade atribuída a uma determinada nota (figura rítmica) numa estrutura musical (pulso ou compasso). (Med pág. 41/ Em itálico estão complementos colocados por mim).

- Quando eu acentuo (executo com mais força) uma determinada figura ou um determinado tempo numa contagem de pulso, eu estou acentuando ou destacando aquela determinada fração de tempo.

Digamos que vamos contar de 1 até 4. E nessa contagem eu darei ênfase ao número três:

1 - 2 - 3 - 4 - 1 - 2 - - 4 - 1 - 2 - - 4 - 1 - 2 - - 4

Estou acentuando o terceiro momento dentro da minha contagem! Então podemos em música dá mais enfase a determinadas frações de tempo do que a outras. Essa dinâmica concede um sentido de apoio e suspensão para a estrutura rítmica da música.

Essa ideia é extensamente aplicada na música tanto uma sentido micro (dentro de um pulso) quando no sentido macro (numa frase ou período musical).

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Antes de seguirmos gostaria de delinear dois conceitos: Pulso (tempo) e Ritmo.

Pulso: é um marcação (batida) regular que serve como referência de velocidade ou andamento da música.

Ritmo: é distribuição temporal ordenada dos sons dentro da música, ele é o componente central da música. Sem ele não existe noção de estrutura musical. Para que essa ordenação dentro de tempo seja facilmente compreendida devemos ocorrer a uma referência, o pulso (ou tempo). 

O ritmo numa escala micro é uma forma de fracionar a duração de um pulso em partes menores. Mas ao mesmo tempo ele pode se expandir sobre a duração de vários pulsos.

Definir o que é o ritmo é algo complexo. Pois dentro da música ele atua em diferentes dimensões. Sua influência vai além do movimento e e articulação das durações. O ritmo interfere em elementos que muitas vezes não lhe são associados na música, tal como a harmonia (mais isso é uma discussão para outra publicação.     

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Acentuação num contexto micro (tempos e compassos)

Dentro de um pulso (tempo) temos uma subdivisão regida pela acentuação. Chamamos de Parte Forte do Pulso ou do Tempo o momento do "ataque", ou seja, quando começamos a contar (também chamado de Apoio ou Tesis). E uma Parte Fraca do Tempo  (também chamada de Suspensão ou Arsis) que é o intervalo de temporal entre cada "ataque" da Parte Forte.

Figura 1

Na figura 1 temos uma contagem simples de dois tempos. Sendo cada tempo ou pulso dividido em duas parte uma mais forte e outra fraca. Quando estamos aprendendo a contagem de tempo é muito comum fazermos o exercício de denotar para as partes fortes um número e para as partes fracas a letra "e".

Esse mesma ideia é expandida para estruturas maiores como os compassos. O compasso é uma divisão de um trecho musical em um série regular de acentuações e durações. 

Dentro de um compassos temos os Tempos Fortes e os Tempos Fracos


Figura 2
Na figura 2 temos um compasso binário onde a divisão de tempos fortes e fracos é bem clara. O primeiro tempo é sempre acentuado, por esse motivo ele se destaca e concede uma sensação de regularidade a compasso.

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A acentuação também é utilizada para criar fórmulas compassos irregulares. Mas esse também é assunto para uma outra postagem! 

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De acordo com Osvaldo Lacerda podemos seguir o seguinte raciocínio (pág. 19 tópico 36) para organizar as divisões métricas baseadas na acentuação:

  • Os tempos ou pulsos são divididos em Partes Fortes e Partes Fracas. 
  • Os compassos podem ser divididos em Tempos Fortes e Tempos Fracos.

Figura 3

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Para ninguém dizer que deixei passar. O Lacerda também se refere a uma acentuação "meio-forte". Que aparace em compassos como o quartenário, onde o terceiro tempo também é visto como um apoio de menor intensidade que o primeiro tempo.

figura 4
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Para finalizar, três exemplo para analise

figura 5

No exemplo A, temos uma pausa sobre a Parte Forte do primeiro tempo do compasso. E nesse caso apenas a Parte Fraca do primeiro tempo é executada. Todos os outros tempos do compasso são executados a partir de suas Partes Fortes.

No exemplo B, ocorre com o segundo Tempo do Compasso o mesmo que ocorreu com o primeiro tempo do exemplo A. O Tempo Forte do compasso (o 1º) e o Tempo Meio-forte do compasso ( o 3º) são executados a partir de suas Parte Fortes. Já o Quarto Tempo não apresentada som, ele apenas é contado.

No exemplo C, os tempos 1 e 4 do compasso não são tocados apenas contados. O tempo 2 é tocado a partir de sua Parte Forte e o tempo 3 tem apenas sua Parte Fraca tocada.

Conclusão... Por Enquanto.    

Bem, como vocês viram não me aprofundei muito, apenas tentei pontuar de forma simples e objetiva o conceitos básicos de acentuação. Em seguida apresentei de como essa acentuação é importante para delimitar as estruturas básicas do ritmo musical. Na próxima postagem vou abordar o conceito de Sincope ou Sincopa. 


Links para Artigos que desenvolvem o assunto:



terça-feira, 10 de setembro de 2019

Mozart - Jogo de dados musical (Musikalisches Wuerfelspiel)

Organizado por Marcello Ferreira Soares Junior

Musikalisches Wuerfelspiel é um quebra-cabeças musical atribuído a W. A. Mozart. Atualmente, esse jogo musical faz muito mais "sucesso" entre matemáticos e programadores do que entre os músicos (esses "ignorantes") por suas propriedades matemáticas e probabilísticas.

Os resultados estéticos do jogo são encantadores! Nele temos a possibilidade de gerar pequenos minuetos, trios e valsas no estilo rococó. Uma bela peça de exercício intelectual, lógico, matemático e estético.

Com uma busca rápida podemos encontra aplicativos que simulam o jogo e geram as composições em MIDI.

Aplicativo on line do jogo de dados (Atenção o programador inverteu as tabelas do minueto e do trio..rsrs)
LINK

Versão editada com todas as tabelas e trechos musicais:
LINK PARA BAIXAR

Vídeo do canal M3 Matemática Multimídia sobre o assunto:
LINK

Divirtam-se!

Explicando o jogo de Dados Musical























No sentido vertical temos todas as colunas contendo todas as possibilidades de soma dos resultados obtidos
por dois dados:


  •  Menor valor: 2
  •  Maior valor: 12  


No sentido horizontal temos 16 colunas que indicam o número de compassos para composição do minueto ou trio. Dentro de cada coluna horizontal temos um número que indica um trecho musical
(Tabela da Página seguinte).

Tabela do trio (jogo de um dado)
Na coluna vertical temos todas os obtidos por um dado:

  • Menor valor: 1
  • Maior valor: 6  

Como jogar:

O jogo funciona como o quebra-cabeça no qual você vai combinando os trechos musicais representados por números até compor uma peça musical inteira.

Por exemplo: jogo os dados e o valor somado é 8. Observa a tabela vertical dos valores no número 8.
Em seguida, observo a coluna horizontal 1 (compassos) onde teremos o trecho musical de número 152 (ver tabelas na página seguinte).

Seguindo esse processo descubro que a o primeiro compasso da minha composição será formado pelo trecho musical 152!

Jogo novamente os dados e repito o processo. Digamos que novamente caí o número 8, seguindo o mesmo processo só que agora sigo para coluna horizontal 2, onde tenho o trecho musical 60.

Esse processo repetido 16 vezes gera um minueto completo com início meio e fim.

O mesmo processo se aplica na composição do trio. Ao final teremos uma composição de 32 compassos.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Régua para montagem das escalas maiores e acordes maiores e menores.

Por Marcello Ferreira Soares Junior 

Oi pessoal,

Faz tempo que não posto nada (A vida tem sido corrida!). Mas para não deixar o blog ao "relento" vou postar o link para um ferramenta simples que uso como material didático no ensino das escalas maiores e acordes maiores e menores.

É um pappercraft que elaborei no formato de uma régua que auxilia o inciante no estudo da teoria musical a montar escalas maiores e acordes maiores e menores,






Segue o link:

LINK

Abs.

Harmonia Modal 2: Os acordes por Quartas

  Por Marcello Ferreira Soares Jr Oi pessoal, antes de começar sugiro ao leitor que leia o artigo anterior sobre Harmonia Modal ( LINK ). A ...