Organizado por Marcello Ferreira Soares Junior
Por muito tempo fui muito reticente em escrever algo sobre segmentar a canção tomando como base a letra. Apesar de ser algum muito comum entre os ouvintes e músicos em geral. Sentia falta de algum texto amplamente aceito para poder me lança nessa empreitada. Os textos acadêmicos muitas vezes não chegavam a lugar nenhum (pois a maioria não trata da estrutura musical da canção, pois não são escritos por músicos).
Um belo dia, eis que encontrei esse texto de forma inusitada e interessante! O texto? Autoria Musical para Leigos! Sim! A versão brasileira daquela coleção For Dummies! Se vocês chegou até aqui no texto e torceu o nariz! Então não continue... Ou continue e tenha uma agradável surpresa! Um texto bem elaborado e escrito por produtores e músicos experientes na área de produção! Tomei esse texto como base para e somei a algumas ideias próprias.
Divirtam-se!!!
As canções folclóricas e o Blues de doze compassos foram a base
para as primeiras canções populares modernas (entende-se por isso canções do
século XX).
Essas
categorias organizam a forma da música, tomando como referências a distribuição
do texto da canção.
Na lista abaixo, são apresentadas algumas das formas mais comuns
usadas na canção:
- Forma de
estrofe única;
- Forma de
duas estrofes;
- Forma
estrofe-refrão (variação);
- Forma
estrofe-refrão usando pré-refrão;
- Forma
estrofe-refrão usando ponte;
- Forma rapsódia.
Devemos levar em consideração que existem milhares de variações e
modelos de forma usados na música popular. Mas para título de conhecimento
básico, o domínio dessas formas básicas pode auxiliar no reconhecimento e
criação de qualquer modelo.
Forma de estrofe única:
Basicamente esta forma apresenta uma única estrofe sempre com mesma melodia
sobre a qual é colocada uma letra diferente a cada apresentação da estrofe.
Sua origem está na canção folclórica. Na música popular podemos
observar o uso dessa forma na música folk. É comum o uso dessa forma em canções
que narram histórias.
Exemplo:
Matty Groves (canção folclórica inglesa)
Forma de duas estrofes:
Muito utilizada nas canções da Broadway nas décadas de 40 a 60. Inicialmente
essa forma não foi muito utilizada na canção popular.
Essa forma “evita” o efeito do refrão. Ela procura manter o mesmo
“clima” por toda a canção evitando o clímax gerado pelo refrão.
Características:
Muitas vezes, as melodias das duas estrofes são iguais. Contudo,
muitos compositores iniciam as melodias das estrofes de forma idêntica e
adicionam uma modificação no final. É comum o uso de intermezzos
instrumentais entre as estrofes. Muitas canções que usam essa forma apresentam textos
narrativos.
Exemplo:
Love Song – The Cure.
Podemos
observar que apesar do uso de trechos instrumentais “dividindo” as partes das
canções, os compositores equilibram as melodias, nenhuma delas gera um clímax
nas canções, mas por outro lado, nenhum é menos interessante que a outra.
Forma de duas estrofes com variação:
Nesta variação as duas estrofes são seguidas de outro segmento, que apresenta uma melodia diferente. Essa nova
parte não funciona como um refrão.
Esse segmento, muitas vezes, cria a sensação de clímax, mas ele
não se caracteriza como um refrão. Para efeito de identificação vamos chamar
esse segmento de variação ou trecho modificado.
Exemplo:
Time – Pink Floyd.
Na canção
temos duas estrofes com melodias e harmonias diferentes, essas duas estrofes
dominam a canção numa relação de posição e complementação. No trecho final
encontramos uma terceira estrofe um uma melodia que soa como uma variação da
segunda estrofe, mas com uma harmonia diferente.
Something –
The Beatles.
Observe
o trecho da letra “You're asking me will my love grow I don't know, I don't
know” esse trecho modificado expande a forma de duas estrofes. Aqui temos
mudanças do tonos, do arranjo e do tonalidade da canção.
Forma Estrofe/Refrão: Essa é a forma mais comum da canção popular.
Nela se alternam os dois segmentos básicos da canção: a estrofe e o refrão. A
história contada nas estrofes alcança seu auge no refrão (que muitas vezes traz
o título da canção).
Nesse caso a melodia e o arranjo do refrão são muito mais
“atraentes” que aquela apresentada na estrofe.
Exemplo:
Fallin’ – Alicia Keys.
No exemplo a alternância entre estrofes e refrãos é bem clara e
direta. Podemos observar as diferenças marcantes entre as melodias e os
arranjos dos dois segmentos.
Forma estrofe-refrão usando pré-refrão: Como
vimos, anteriormente, o pré-refrão é um segmento curto que ocorre entre uma
estrofe e o refrão. Ele apresenta uma melodia diferente que cria uma
“expectativa” para o que vem a seguir.
É uma forma de composição sofisticada, e muitas vezes, os
pré-refrãos não precisam apresentar sempre a mesma letra, assim, sua criação
necessita de elaboração e criatividade do compositor.
Exemplo: Rolling in the Deep – Adele
Essa
canção apresenta um recorte exato das partes da letra. O pré-refrão inicia
quando a letra chega ao trecho: The scars of your love remind me of us.
Forma estrofe-refrão usando ponte:
Como vimos o objetivo da ponte é conectar dois segmentos da canção. Ele ocorre
entre duas estrofes ou logo após o refrão para conectar à uma estrofe.
Exemplo:
Hands – Jewel
O
trecho “In the end only kindness matters” inicia uma parte que “quebra” a
continuidade e conecta dois refrãos. Isso sem criar a expectativa de um
pré-refrão.
Forma Rapsódia: Essa é uma forma
aberta quase inclassificável. Sua estrutura não segue os padrões vistos
anteriormente. Nesta estrutura, compositor produz vários segmentos diferentes
que se alternam, gerando um fluxo “progressivo”. Muitas vezes nessa forma
nenhum trecho se repete. Apesar de ser estrutura e programa, essa
forma dá ao ouvinte uma impressão de improvisação em relação à forma.
Essa forma é muito usada e gêneros mais experimentais como o jazz e o rock progressivo.
Essa forma é muito usada e gêneros mais experimentais como o jazz e o rock progressivo.
Exemplo:
Bohemian Rhapsody – Queen.
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