terça-feira, 8 de abril de 2014

História (resumidíssíma) da Sinfônia



Organizado por Marcello Ferreira Soares Junior
Oi Pessoal, esse texto estava perdido em um "backup da vida". O texto está na sua forma bruta, ou seja, sem correções ou revisões. Mas tem informações interessantes. Esse material foi um rascunho para um trabalho da disciplina de história e estética da música

1.  Introdução.

O presente trabalho se propõe a expor de forma suscita a história do principal gênero da música instrumental até o século XIX, a sinfonia. Sua história e desenvolvimento dentro do período clássico (tanto no período embrionário quanto na maturidade da sinfonia com as obras de Haydn e Mozart, até as sinfonias de Beethoven). Não pretendemos aqui nos deter numa analise estilística de processos composicionais, nem reexaminar de forma completa a história do gênero, contudo pretendemos aqui conceder uma visão muito geral da historia do gênero sinfônico (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Para isso pretendemos contextualizar e demonstrar os elementos que compactuaram para o nascimento deste gênero musical. Tratando dos compositores e suas obras e rapidamente veremos os movimentos estilísticos e inovações técnicas, tais como: instrumentação dos conjuntos sinfônicos.

  1. O Classicismo.

Também conhecido como o século das Luzes, o século XVIII foi de imensa importância na historia da Europa e do Mundo, tanto no âmbito do Pensamento, quanto nas demais áreas da Sociedade, Politica e das Artes.
O Iluminismo foi o elemento chave do pensamento do século XVIII, as “luzes” eram seculares, empíricas, praticas, liberais, igualitárias e progressistas. Entre os homens que participaram a principio deste movimento temos Rosseau, Humme, Locke, Montesquieu e Voltaire. Neste momento do pensamento, o homem retorna ao lugar central das discursões, ele fonte e fim para o verdadeiro conhecimento, tudo passa a ser revisto em função dele, a educação, as ciências e as artes(Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Para as “Luzes” o homem deveria ter a possibilidade de desenvolver suas capacidades inatas, visando o bem-estar do individuo, e por extensão da sociedade, isto inspirado nos preceitos clássicos dos gregos, Daí o uso da palavra classicismo para evocar este período. O pensamento dos Iluministas tem reflexos longe da Europa, na constituição norte-americana, onde pela primeira vez o direito do individuo se equivale e rivaliza o do estado.

Temos neste ambiente o avanço das ciências, a ascensão da classe média, a modificação nas relações sociais e econômicas, relações estas que aspiram igualdade entre os indivíduos. 

A Europa do século XVIII é cosmopolita. As potências nacionais  passam por um período de tranquilidade, isso graça a grande quantidade de monarcas estrangeiros nos tronos europeus, este dado importante, possibilitou um vasto intercambio de ideias por todo o continente, internacionalizando assim a cultura e o conhecimento. Outra face do Iluminismo é revelada no Humanismo, este incentiva as idéias de fraternidade e igualdade encarnadas pela maçonaria, este contexto as artes rendem frutos como as obras de Goethe, Schiller e Beethoven. 

No domínio da música o período do século XVIII (mas particularmente entre 1770 e 1830[1]), foi marcado por uma modificação de nível qualitativo na composição e no gosto musical. O caráter pesado do barroco aos poucos é abandonado em favor de um estilo mais leve, este que convém mais com a aristocracia (Estilo Rococó), ou em favor de expressões mais variadas e fortes (estilos Galante e Empfindsamkeit), porém esta música em sua maturidade se tornará forte e expressiva, com as Obras dos grandes mestres como Gluck, Haydn, Mozart e Beethoven. 

Apesar de praticamente um século depois os idéias Iluministas estivessem praticamente em cheque, isso por causa de vários percalços políticos na Europa, este período foi crucial para a abertura das portas para a modernidade.

  1. História da Sinfonia Clássica.

Uma breve introdução se faz necessária antes de tratarmos dos estilos que impulsionaram o classicismo musical, é necessário fazer alguns poucos comentários, com objetivo de contextualizar e dar suporte, ao assunto que iremos tratar a seguir.
Nas primeiras décadas do século XVIII, ocorre um movimento de critica a musica então produzida, a musica do Barroco Tardio, esta era chamada de cerebral e “confusa”, Esta critica pode ser corporificada pelo texto de Johann Adolph Scheibe, onde este poderá sobre a “falta” de “amenidade” e “naturalidade” da musica de Johann Sebastian Bach (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Esta atitude critica eram reflexo de um processo gradual que culminaria com o abandono dos usos barrocos, em favor de uma musica, que futuramente seria a musica de Haydn e Mozart. Porém é um erro pensar que este processo tenha sido abrupto, este – como já foi dito – foi muito gradual. Sobre isso é interessante observar, que obras que foram o ponto culminante do estilo Barroco Tardio, foram coevas das obras iniciais do novo estilo, a exemplo disso temos convivendo ao mesmo tempo as Variações Goldberg de Bach e as sinfonias de Sammartini. Observando isso é necessário termos em mente, que ainda em muitas das obras deste período teremos elementos do estilo ‘antigo’ mesclado ao estilo ‘novo’, como percebemos em peças de Leonardo Vince e Albrechtberger. Porém isso não significa que estas obras tenham um valor artístico menor – algo que já foi muito difundido – ou seja, arcaizantes, é certo afirma que estas obras fazem parte de um processo gradativo e orgânico de construção de uma nova concepção musical, a musica do período Clássico.

3.1.    O Estilo Galante e o Enfindkeit.

A musica ‘moderna’  do século XVIII, tem sua primeira manifestação, sub as cores do Estilo Rococó  e  Galante, este de sabor mais leve e informal que o estilo Barroco. Em 1777, Jean-Françoais Marmontel, assinala o nascimento da música ‘moderna’, com Leonardo Vinci que compôs as melodias de suas óperas nos contornos de uma curva “periódica”. Contudo, Vinci apenas abre caminho para a musica deles que se seguiram a ele, entre seus temo a figura de Pergolesi, este a quem a historias confere os louros por ser um dos primeiro a cultiva e delinear o novo estilo.

O Estilo Galante priorizava a melodia, por este motivo, é fundamentalmente homofônico, e pauta-se na clareza tanto nas formas (melodias e organização formal), quando da harmonia, além disso, outra característica importante apontada pelos teóricos da época, é a organização periódica da melodia (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Este estilo estava em consonância com as necessidades artísticas da sociedade de sua época, esta sociedade que tem uma classe media emergente, que encontra-se avida em assimilar da cultura e a arte, que até então era desfrutada apenas pela aristocracia.

O Estilo Galante é nasce na opera cômicos, na necessidade flexibilidade, para poder representar no palco os diferentes sentimentos dos personagens, pois o estilo Barroco em sua uniformidade de caráter, impedia a modificação abrupta na melodia e na harmonia. O estilo Galante sendo mais linear e livre, possibilitava a combinação de melodias construídas em períodos curtos que, por sua vez, podiam ser combinados com outros maiores, sustentados por harmonias simples e que aceitavam cadencias frequentes, sem a necessidade de preparações longas, estes aspectos lhe conferiam leveza e fluência. Podemos verificar estes aspectos nas primeiras sinfonias de Sammartini e na musica para teclas de Galuppi. 

A palavra Empfindsamkeit pode ser traduzida como “sentimentalismo” ou “sensibilidade”, por causa deste sentido, esta palavra foi utilizada para designar o que seria a grande expressão musical germânica do período pré-clássico.

Durante os primeiros anos do século XVIII a influencia da cultura francesa era enorme, ao ponto do de Frederico “O Grande”, considera o francês sua língua nativa. O Empfindsamer stil (ou estilo expressivo) caracterizava-se  através de melodias de motivos curtos, de maneira rapsodica com figurações rítmicas irregulares e ‘nervosas’, a harmonia sofria inflexões incomuns, por causa do cromatismo muito utilizado na melodia, porém a característica marcante é a proximidade da melodia com fala ou recitativo, o estilo é mais característico em movimentos lentos e recitativos obbligato. Este estilo foi cultivado por compositores como W.F. Bach, porém, ao mesmo tempo também podemos observa na obra de seu irmão C.P.E. Bach um mescla deste com o estilo galante (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). A assimilação Estilo Galante de orientação italiana e francesa em voga na época, e a miscigenação com o Empfindsamer stil,  foi de imensa importância para musica européia, assim possibilitando aos compositores o desenvolvimento de um estilo internacional.

3.2.    A forma allegro-sonata.

Antes de iniciarmos, é importante definir o que enredemos neste trabalho, por forma allegro-sonata e forma sonata. Por allegro-sonata designamos o plano formal tripartido encontrado em uma única peça instrumental. E por forma sonata entendemos um plano formal amplo constituído por um conjunto de quatro peças, sendo que a primeira apresenta o plano formal do allegro-sonata.

O primeiro passo  para a formatação da forma sonata, como a conhecemos, se deu  com o uso da melodia homofônica, construída por meio de uma divisão periódica,  esta desenvolvida no período pré-clássico. Pois esta possibilitou a organização segmentada do fraseado, colaborando com a facilitação da variação de caráter e textura dentro de uma mesma obra. Diferente da Música do Barroco que mantinha sempre dentro da peça uma homogeneidade de caráter, tonalidade e textura. A música pré-clássica procura uma ruptura  com este expediente através da variedade e da descontinuidade de caráter e textura.

Os primeiros esboços que proporcionariam a criação da forma allegro-sonata, encontram-se na Itália, os compositores italianos já habituados com o uso melodia periódica na opera cômica, e menos ligados as tradições contrapontísticas,  encontravam-se a vontade para trabalhar com formas mais leves e ágeis, permitidas pela melodia organizada em frases periódicas (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Compositores que nos permite observa esta “liberdade” em sua obra são D. Scarlatti e Sammartini, neles encontramos maior variedade e leveza de texturas, e um ritmo harmônico mais lento. Porém estes compositores em termos de plano formal, ainda encontravam-se muito próximos as formas binárias do Barroco.  

Nas obras de Sammartini, temos uma gradual valorização do contraste na apresentação dos temas, este contraste configura-se no uso de dois temas em tonalidades diferentes, podemos também encontrar em sonatas escritas nas décadas de 1730-40. Nelas na seção A o primeiro tema aparece na tônica, e o segundo na dominante ou relativa, já na seção B a tonalidades dos temas se invertem. Também devemos observar como Sammartini, já incorpora em suas obras, o uso não só da tonalidade como elemento de contraste, ele lança mão  do uso do timbre e da textura para acentuar as diferenças entre os temas (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Esta pratica se tornara uma “formula” para conceder identidade própria aos temas, entre os compositores sinfônicos ulteriores. 

O outro aspecto importante é a forma de manejo temático, para a formatação do plano formal da allegro-sonata, graças a chegada do novo estilo ao norte da Europa, a exploração funcional dos temas  começa ser desenvolvida por alguns anos depois temos por compositores alemães. Esta exploração tinha como objetivo, a clareza e independência das estrutura dos temas, tem entre os músicos germânicos três escolas: a primeira tem os compositores de Mannheim como  J. Stamitz, F.X. Richter, I. Holzbauer e K. Stamitz, tinham um predileção por temas contrastantes em seus planos formais, este temas tinham tanto a harmonia como o caráter contrastante entre si, porém eles quase ou não sofriam desenvolvimento. Em Viena temos a segunda escola, com compositores como G.M. Monn e G. C. Wagenseil preferiam o uso de grupos temáticos em seus esquemas, este também pouco era manuseado. A terceira esta no norte da Alemanha com C.P.E. Bach,  J.G. Graun,  J.A. Hasse e J.W. Hertel, estes compositores trabalhavam com um único tema (monotemático), contudo, este tema único sofria processos de transformação e desenvolvimento. O processo de uso e desenvolvimento de temas em pouco tempo tornou-se internacional, isso fez com que nos planos formais começassem a surgir breves períodos de desenvolvimento, nas segundas seções das sonatas.

O Allegro-sonata como nós conhecemos, vem a ser firmar como um “padrão” apenas nas décadas de 1770-80, a característica marcante é o crescimento do tamanho e importância da seção de desenvolvimento, nas obras finais de Haydn e Mozart, e culmina com Beethoven (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Contudo, fala em padronização, pode nos levar a um erro,  pois mesmo tendo se estabilizado num “plano fixo”, o allegro-sonata sofre adições de introduções lentas e codas após a reexposição.

Passemos então agora a tratar da sonata forma, esta como plano formal mais extenso, dividido em movimentos, temos seus primórdios ligados a abertura operística italiana, com três movimentos de caráter distintos, rápido-lento-rápido. Durante um logo período as sinfonias escritas com três movimentos,  foram praticamente norma, podemos ver que Haydn e Mozart escreveram sinfonias em três movimentos, como exemplo podemos cita a sinfonia nº. 31 de Mozart, em três movimentos. Porém alguns compositores incorporaram um quarto movimento, entre eles Haydn, verificamos a forte influencia dele, pois ao final do século XVIII, a sinfonia com quatro movimentos tornou-se comum. Os movimentos inclusos no modelo de três movimentos, podiam ser um finale ou um movimento em ritmo de dança (o minueto ou Landler). Assim o ‘padrão’ de quatro movimentos seguiu inabalável, até Beethoven, propor a substituição do minueto, por um movimento de caráter mais rápido e incisivo, o scherzo.  Beethoven também aumentou as proporções forma sonata e do allegro-sonata, a uma extensão nunca ainda vislumbrada até então.



Nas figuras acima observamos  a evolução do plano formal do allegro-sonata.

3.3.    A orquestra.

As mudanças na forma de compor, foram de imensa influencia sobre a maneira de se instrumental as obras. No novo estilo não encontramos a complexidade polifônica e densidade textural do Barroco de J. S. Bach e Haendel.  No novo estilo os instrumentos passaram a se organizados em duas funções, a primeira sustenta a harmonia, esta função é concedida as madeiras, que fazem o “pano-de-fundo”  harmônico, a segunda função executa e dá movimento a musica, este função é efetuada pelas cordas, graças a sua agilidade e capacidade de variação de cor e dinâmica.

Este processo de redirecionamento das funções dos instrumentos dentro do grupo orquestral afetou o desenvolvimento de vários instrumentos e condenou outros ao desuso quase completo.

O processo de modificação visava um maior equilíbrio e balanço entre as madeiras e as cordas, assim entre as cordas as família dos violinos tornou soberana, com o desuso gradual dos instrumentos da família das violas. A sonoridade mais “cheia” e maiores possibilidade de variação dinâmica deram a possibilidade das cordas, tornarem-se a espinha dorsal da orquestra, porém inicialmente esta “espinha dorsal” era apoiada por um continuo, desempenhado por um cravo ou cravecebalo (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Contudo com as melhorias dos instrumentos de corda e de madeira, o continuo gradualmente foram caído em desuso completo.
                                      

orquestra Clássica “patrão”  em muitas obras de Mozart e Haydn.

Quando aos instrumentos de madeira, muitos instrumentos foram caindo em desuso, e os que permaneceram mudaram de função, pois no estilo Barroco de Bach e Haendel, temos um intenso fluxo contrapontístico, onde as madeiras participavam ativamente. Nas primeiras formações orquestrais escritos no novo estilo, temos o uso muito comum dos oboés, primeiras obras de Haydn, estes muitas vezes substituídos por flautas. Também em Haydn, mais adiante, encontramos o uso destes dois instrumentos juntos, mais o fagote na instrumentação[2].  Outro instrumento que se mantem em utilidade, é o fagote, ele muitas vezes nas primeiras partituras do século XVIII, era colocado abaixo das cordas graves, indicando nitidamente sua função de dobra. Contudo com o estabelecimento do conjunto das madeiras na orquestra, o fagote  passa a ser o instrumento grave deste conjunto (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). O conjunto das madeiras é completado por um instrumento que nasce no Classicismo, o clarinete, este instrumento muito apreciado pelos compositores Clássicos – entre eles Mozart – foi adicionado a orquestra, graças a sua grande “paleta” de possibilidades tímbricas e dinâmicas.

Os metais tiveram um caminho mais lento, em direção a sua admissão no conjunto orquestral. Eles foram incluídos para reforça o arcabouço harmônico junto com as madeiras. Os primeiros instrumentos utilizados foram o trompete e a trompa. É curioso observar que em muitas composições as partes destes instrumentos eram confeccionadas, apenas se solicitadas ao compositor, pois normalmente não eram incluídas. Porém com o tempo estes instrumentos são utilizados de forma comum nas orquestras.  O trombone e a tuba tiveram sua vez apenas com Beethoven, que resgata estes instrumentos da musica sacra e os inclui na orquestra. Outro dado importante,  sobre os metais, é que, a partir da invenção do sistema de válvulas, que possibilitou estes ampliar seus limites, em relação a serie harmônica, tornou-os mais aptos ao uso dos compositores em obras com tonalidades variadas. 

No grupo de figuras abaixo temos algumas formações instrumentais de Bach, Mozart, Haydn e Beethoven, neles poderemos observar as diferenças e afinidades entre cada um deles.

   

Acima temos o concerto Brandesburgo N.1 e a Sinfonia N. 5 de Haydn, podemos observar a diferença tanto das funções dos grupos instrumentais, como também da utilização da textura.




Na figura observamos a diferença entre duas obras de Haydn de períodos diferentes, temos acima a sinfonia N. 13 e logo abaixo a N.103 “rufar dos tambores”, verificamos como Haydn aumenta sua paleta instrumental,  marcadamente no conjunto das madeiras e metais.

Acima temos as sinfonias N.40 de Mozart e a N.1 de Beethoven, verificamos que a instrumentação de Mozart esta mais próxima das obras iniciais de Haydn, enquanto Beethoven tem claramente as influencias de Haydn.

  1. Sinfonia pré-clássica.

A sinfonia pré-clássica se desenvolveu no período que abarca a primeira metade do século XVIII. Neste período quatro centros foram destacados no desenvolvimento deste gênero. Sendo estes a Itália; o norte da Alemanha, principalmente Berlin; Mannheim também na Alemanha; e Viena na Áustria. Cada um destes centros contribuiu de maneira efetiva para criação e afirmação da sinfonia como gênero. 

Na Itália temos os primeiros esboços do gênero sinfônico, isto ocorre com a cada vez mais acentuada independência da abertura operística do resto da obra (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Esta passa a ser apresentada muitas vezes sozinha assim os compositores italianos passa a dar mais atenção a composição destas obras, ao ponto de torna-las composições independentes. Entre os compositores italianos podemos destacar B. Galuppi e N. Jomelli, o primeiro trabalhou as estruturas temática em suas obras, seus experimentos, tentaram atingir um balanço equilibrado numa seqüência de exposição-desenvolvimento-reexposição, podemos observa isso em seu Il filosofo di campagna de 1754. Já Jomelli fez experimentos em relação a forma, um exemplo é seu allegro-chacona, e sua complexa versão de um abertura Da capo, onde temos um allegro na exposição, seguindo para uma modulação para dominante; um pequeno andante na tonalidade da tônica em menor e um allegro da capo apenas como transição e finalizando com um presto em 3/8. Porem estes experimentos não chegaram a se tornar formas definitivas, contudo, abriram caminho para os avanços alcançados, por uma segunda geração de compositores.  O Compositor italiano, mais importante para o gênero sinfônico na época foi G Sammartini, suas peças estão muito mais próximas do que conhecemos hoje, como sinfonia, do que as de seus compatriotas (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). No plano da forma, o compositor definiu bem a pontuação das frases, como também estabeleceu por meio da tonalidade e da textura a identidade dos temas contrastantes. Sammartini não apenas se limitou na questão formal, ele também trabalhou o desenvolvimento sobre temas de base triadica, adiantando assim, um uso comum entre os compositores alemães.

O norte da Alemanha, em inícios do século XVIII, não apresentava grandes compositores sinfonistas (algo que mudaria no último quarto deste século). O nome de maior contribuição é o de C.P.E. Bach, este capaz de transitar sem dificuldades por estilos diferentes como o barroco tardio e o estilo galante e Empfindsamer stil. O compositor foi mestre nas técnicas de contraste dinâmico, além disso sua imensa capacidade de efetuar tratamentos temáticos dos mais diversos em temas simples, contribuíam para seus experimentos com os novos parâmetros de harmonia e colorido orquestral em voga na época. No gênero sinfônico podemos apontar sua capacidade de surpreender a audiência, harmonias e temas inesperados. No plano formal C.P.E. Bach alcançou um excelente balanço em formas amplas.

Outro centro importante foi Viena, deste muito tempo esta cidade foi um centro de convergência de toda Europa, isto podemos observa na atividade musical desta cidade, a influência de vários correntes. Os principais compositores vienenses da primeira metade do século XVIII são M.G. Monn e G. C. Wagenseil. Em Monn encontramos todos os movimentos escritos numa mesma tonalidade, ele escreveu quase unicamente sinfonias em três movimentos (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Em Wagenseil temos um princípio de recapitulação, porem este ainda em pequenas dimensões, em seus trabalhos após 1765 temo obras escritas em quatro movimentos. Outro compositor importante foi F. Gassmann, que construiu sua reputação como compositor de operas. Ele experimentou constantemente nos primeiros movimentos de suas sinfonias, sofisticações em seus planos temáticos, tais como: o desenvolvendo matérias secundários a partir do primeiro material. Outros compositores Vienenses importantes antes de Haydn e Mozart foram: M. Haydn e Ditterdorf. A grande contribuição dos vienenses pré-clássicos, está ligada a claridade com a qual estes apresentavam seus temas. No campo do desenvolvimento do plano formal, temos a inclusão de um quarto movimento em suas obras, o movimento incorporado era uma dança estilizada, o minueto. A característica marcante nas obras dos Vienenses eram suas predileções por núcleos temáticos e não temas isolados, como também a leveza e bom humor de suas composições.

Mannheim nos finais do século XVII e início do século XVIII, tornou-se uma importante cidade do sul da Alemanha, pois está neste período, foi elevada ao posto de capital do príncipe Eleitor, assim houve a possibilidade de nesta cidade, de se formar uma das mais influentes escolas do gênero sinfônico pré-clássico. Em Mannheim trabalharam numa mesma orquestra (tocando e compondo para esta), um seleto grupo de instrumentistas/compositores, entre eles podemos figurar J. Stamitz, F.X. Richter, C. Cannabich, I. Holzbauer e K. Stamitz. Estes homens formaram a orquestra que foi chamada por Burney de “exército de generais”, dada era a disciplina e precisão do grupo instrumental. Graças as possibilidades técnicas desta orquestra, os compositores de Mannheim, desenvolveram um estilo ousado de contrastes dinâmicos, onde o uso de crescendos diminuendos marcantes, tanto na dinâmica e no pulso rítmico, quanto nas variações de volume. Outro dado sobre esta orquestra foi o uso feito por esta dos instrumentos de madeira, como arcabouço harmônico, novidade trazida por K. Stamitz de uma bem sucedida passagem por Paris, onde o compositor pode observar o uso e a importância das madeiras por Gossec, assim Stamitz trouxe esta ideia e a desenvolveu nos moldes da música produzida em Mannheim. Quanto ao plano formal os compositores de Mannheim apesar de fazeres uso de dois motivos contrastantes em seus primeiros movimentos, estes não eram desenvolvidos, os compositores desta escola ainda estavam muito ligados as formulas de exposição-recapitulação.

Houve outros centros de menos importância como Paris com Gossec e S. Leduc, O primeiro causou imensa impressão em K. Stamitz, com o uso das madeiras na orquestra, além de demonstrar o trabalho refinado no fraseado e a claridade na divisão temática (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Os compositores de Paris tinham como característica a forte expressão rítmica. Outro centro foi Londres graças a C.P.E. Bach e os concertos públicos que atraíram compositores e músicos de toda a Europa.


5.      Haydn, Mozart e Beethoven.

Haydn foi um compositor que passou por todas as fases da música sinfônica classicismo, ele escreveu obras de extrema importância e outras de mínimo interesse. Contudo, a obra sinfonia de Haydn, reflete as mudanças de estilo da música sinfônica ao longo do século XVIII. Suas primeiras sinfonias em nada são inovadoras, ainda seguiam a orientação de escrita em três movimentos, e eram monotemáticas. Porém nos anos seguintes, ele tornou-se um compositor de soluções surpreendentes, tanto para os problemas temáticos e harmônicos propostos em suas obras, como também, no tratamento instrumental e no uso do plano forma de quatro movimentos (allegro-andante-minueto-allegro), que graças a sua forte influência, este plano formal, passaria a se tornaria um padrão nos anos de 1770-80. Haydn também introduziu uma serie de variações neste plano, como a incorporação de introduções lentas nos primeiros movimentos (sinfonias N. 11,15,27), uso do minueto como segundo movimento (sinfonias N. 25 e 44), ou ocasionais reversões do plano forma de quatro para três movimentos dependendo da ocasião, ao contrário, o aumento da extensão da obra para mais de quatro movimentos (sinfonia N.60). Além de fazer uso dos movimentos em forma rondo no movimento final ou em movimentos lentos (sinfonia N. 93). Os temas de Haydn são um de suas marcas registradas, com seu gosto por temas de caráter folclórico e rustico. Podemos perceber um grande refinamento no tratamento temático de suas obras finais, com o uso de esquemas fugatos e em cânon dos temas.

Haydn foi um grande inovador, todos os aspectos ligados a composição sinfônica foram trabalhados por ele, deste o tratamento equilibrado da segmentação formal dentro de uma organização sintática do fraseado e dos temas, este firme e consciente, até as imaginativas combinações instrumentais e de efeitos. Além do tratamento harmônico muitas vezes inusitado. Em suas obras observamos o crescimento cada vez mais acentuado da seção de desenvolvimento, esta vai se tornando mais elaborada e importante.

Haydn tem em suas obras descritas a história do “gênero sinfônico” no século XVIII, suas contribuições ao gênero serão apenas equiparadas por Beethoven.

Mozart encontra-se numa posição curiosa na História da sinfonia, o gênero pelas mãos de Haydn já se encontrava bem definido e difundido, ao genial Mozart restou dar o seu toque pessoal ao repertório sinfônico. Contudo, Mozart deixou uma grande contribuição ao gênero trazendo para este uma escrita mais idiomática para as madeiras, particularmente o clarinete (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). A sensibilidade musical de Mozart possibilitou ao compositor explorar o colorido sonoro e textural dentro das peças sinfônicas. Em termos formais Mozart utiliza de seu senso apurado de simetria, para demarca pontos de cadencia e equilíbrio entre as partes da música, esta simetria e equilíbrio estão presentes não só nas proporções, como também no tratamento do material rítmico e harmônico. O tratamento motivico tem especial atenção do compositor, este muitas vezes desenvolve os temas já na exposição, em seguida os descarta utilizado outros no desenvolvimento. Durante toda sua carreira Mozart assimilou influencias de várias escolas, entre elas do próprio Haydn, das escolas de Mannheim e Viena. Nas sinfonias finais de Mozart apresentam uma maior complexidade e extensão. Nestes trabalhos temos um aspecto dramático mais forte, podemos observar isso nos períodos de contraste.


Beethoven é um personagem chave na história da música do período clássico, sua influência sobre seus contemporâneos e gerações que o seguiram é de caráter quase incomparável. No campo da música sinfônica Beethoven, empreendeu sua própria reforma, nos parâmetros da composição e escrita sinfônica. Em seu texto sobre o mestre alemão, o maestro Hermann Scherchen, escreve que as inovações impostas por Beethoven, (Esse texto é do Blog Parlatório Musical) vão deste a incorporação definitiva de alguns instrumentos ao corpo orquestral, até a revisão do uso e função dos parâmetros composicionais, como motivo e o tema. Em termos formais Beethoven ampliou as proporções da sinfonia, de maneira que em sua última sinfonia, a nona temos o último movimento com quase meio hora de duração. Ainda na nona o compositor ousou adicionar ao corpo instrumental um coro com solistas. 

Nas duas primeiras sinfonias de Beethoven, encontramos influencias diretas de Haydn, na primeira sinfonia têm logo no início do allegro, uma abertura lenta, onde temos proposto um problema harmônico, este resolvido ainda dentro desta abertura. Outra influência de Haydn está na formação instrumental da orquestra, típica das últimas obras de Haydn. Contudo esta sinfonia já trazia uma ousadia no mestre, a designação do terceiro movimento como minueto, soa como uma picardia do compositor, que impõem a este movimento um pulso e um vigor inéditos a este movimento, na segunda sinfonia Beethoven retoma o vigor no terceiro movimento, contudo, agora este é designado de scherzo, palavra italiana de significa divertimento ou gracejo (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Este movimento tornou-se norma nas obras do compositor (ainda que na oitava ele retorne a designar o terceiro movimento de minueto), com o uso dele o compositor criou mais tensão dramática em suas obras.

No tocante a instrumentação, Beethoven foi de extrema importância para a formulação da orquestra moderna. Ele incorporou a orquestra instrumentos não utilizados de maneira comum. Instrumentos este como a flauta-picolo, o contra-fagote, o trombone e uma serie de percussões como os címbalos e o triangulo. Além disso temos também em Beethoven usos e combinações instrumentais inusitadas até então.

Porém a talvez mais evidente das contribuições de Beethoven, está no aumento das proporções das obras sinfônicas, graças seu imenso gênio dramático, e grande domínio da construção da sintaxe da formal, Beethoven expande as dimensões da sinfonia. As peças sinfônicas comumente no período dos finais do século XVIII e início do XIX, não ultrapassavam mais que 3/4 de hora, em suas últimas sinfonias Beethoven extrapola estes limites, dimensionando as suas sinfonias ao corpo titânico em relação a suas coevas.

 

Além de tudo isso que já foi colocado, as sinfonias de Beethoven, representaram para o compositor o ponto culminante de suas pesquisas e conquistas técnicas e composicionais. Estas sobras também representam o ápice das formas do período clássico, e é com certeza o repertório sinfônico mais conhecido e apreciado entre público, músicos, compositores e estudioso.   

 

Bibliografia.


BENNETT, Roy. Uma breve historia da musica. Rio de Janeiro. Maria Teresa R. Costa (trad.). Jorge Zahar Ed. 1992. 

BENNETT, Roy. Instrumentos da orquestra. Rio de Janeiro. Luis C. Cseko (trad.). Jorge Zahar Ed. 1985.

PAULY, Reinhard. music in the classical period. London – 2nd edition. Prentice Hall. 1973.

RUSHTON, A musica clássica: de Gluck a Beethoven. Rio de Janeiro. Clóvis Marques (trad.). Jorge Zahar Ed. 1988.

ROSEN, Charles. El estilo clasico: Haydn, Mozart, Beethoven. Madrid. Elena Gimenez Moreno (trad.). Alianza Editora. 1986.


[1] Rushton, Julian – A Música Clássica: Uma historia concisa e ilustrada de Gluck a Beethoven. trad. Clóvis Marques. Rio de Janeiro – Jorge Zahar Editores. 9 pp.
[2] J.W.Hertel nas décadas de 1750-60, já adicionava a flautas e  o fagote em suas instrumentções.

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