Organizado por Marcello Ferreira Soares Junior
Oi Pessoal, esse texto estava perdido em um "backup da vida". O texto está na sua forma bruta, ou seja, sem correções ou revisões. Mas tem informações interessantes. Esse material foi um rascunho para um trabalho da disciplina de história e estética da música
1.
Introdução.
O presente trabalho se propõe a expor de
forma suscita a história do principal gênero da música instrumental até o
século XIX, a sinfonia. Sua história e desenvolvimento dentro do período
clássico (tanto no período embrionário quanto na maturidade da sinfonia com as
obras de Haydn e Mozart, até as sinfonias de Beethoven). Não pretendemos aqui
nos deter numa analise estilística de processos composicionais, nem reexaminar
de forma completa a história do gênero, contudo pretendemos aqui conceder uma
visão muito geral da historia do gênero sinfônico (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Para isso pretendemos
contextualizar e demonstrar os elementos que compactuaram para o nascimento
deste gênero musical. Tratando dos compositores e suas obras e rapidamente
veremos os movimentos estilísticos e inovações técnicas, tais como: instrumentação
dos conjuntos sinfônicos.
- O
Classicismo.
Também conhecido como o século das
Luzes, o século XVIII foi de imensa importância na historia da Europa e do
Mundo, tanto no âmbito do Pensamento, quanto nas demais áreas da Sociedade,
Politica e das Artes.
O Iluminismo foi o elemento chave do
pensamento do século XVIII, as “luzes” eram seculares, empíricas, praticas,
liberais, igualitárias e progressistas. Entre os homens que participaram a
principio deste movimento temos Rosseau, Humme, Locke, Montesquieu e Voltaire.
Neste momento do pensamento, o homem retorna ao lugar central das discursões,
ele fonte e fim para o verdadeiro conhecimento, tudo passa a ser revisto em
função dele, a educação, as ciências e as artes(Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Para as “Luzes” o homem
deveria ter a possibilidade de desenvolver suas capacidades inatas, visando o
bem-estar do individuo, e por extensão da sociedade, isto inspirado nos
preceitos clássicos dos gregos, Daí o uso da palavra classicismo para evocar
este período. O pensamento dos Iluministas tem reflexos longe da Europa, na
constituição norte-americana, onde pela primeira vez o direito do individuo se
equivale e rivaliza o do estado.
Temos neste ambiente o avanço das
ciências, a ascensão da classe média, a modificação nas relações sociais e
econômicas, relações estas que aspiram igualdade entre os indivíduos.
A Europa do século XVIII é cosmopolita.
As potências nacionais passam por um
período de tranquilidade, isso graça a grande quantidade de monarcas
estrangeiros nos tronos europeus, este dado importante, possibilitou um vasto
intercambio de ideias por todo o continente, internacionalizando assim a
cultura e o conhecimento. Outra face do Iluminismo é revelada no Humanismo,
este incentiva as idéias de fraternidade e igualdade encarnadas pela maçonaria,
este contexto as artes rendem frutos como as obras de Goethe, Schiller e
Beethoven.
No domínio da música o período do século
XVIII (mas particularmente entre 1770 e 1830), foi marcado por uma modificação de
nível qualitativo na composição e no gosto musical. O caráter pesado do barroco
aos poucos é abandonado em favor de um estilo mais leve, este que convém mais
com a aristocracia (Estilo Rococó), ou em favor de expressões mais variadas e
fortes (estilos Galante e Empfindsamkeit),
porém esta música em sua maturidade se tornará forte e expressiva, com as Obras
dos grandes mestres como Gluck, Haydn, Mozart e Beethoven.
Apesar de praticamente um século depois
os idéias Iluministas estivessem praticamente em cheque, isso por causa de
vários percalços políticos na Europa, este período foi crucial para a abertura
das portas para a modernidade.
- História
da Sinfonia Clássica.
Uma breve introdução se faz necessária
antes de tratarmos dos estilos que impulsionaram o classicismo musical, é
necessário fazer alguns poucos comentários, com objetivo de contextualizar e
dar suporte, ao assunto que iremos tratar a seguir.
Nas primeiras décadas do século XVIII,
ocorre um movimento de critica a musica então produzida, a musica do Barroco
Tardio, esta era chamada de cerebral e “confusa”, Esta critica pode ser
corporificada pelo texto de Johann Adolph Scheibe, onde este poderá sobre a
“falta” de “amenidade” e “naturalidade” da musica de Johann Sebastian Bach (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Esta
atitude critica eram reflexo de um processo gradual que culminaria com o
abandono dos usos barrocos, em favor de uma musica, que futuramente seria a
musica de Haydn e Mozart. Porém é um erro pensar que este processo tenha sido abrupto,
este – como já foi dito – foi muito gradual. Sobre isso é interessante
observar, que obras que foram o ponto culminante do estilo Barroco Tardio,
foram coevas das obras iniciais do novo estilo, a exemplo disso temos
convivendo ao mesmo tempo as Variações
Goldberg de Bach e as sinfonias de Sammartini. Observando isso é necessário
termos em mente, que ainda em muitas das obras deste período teremos elementos
do estilo ‘antigo’ mesclado ao estilo ‘novo’, como percebemos em peças de
Leonardo Vince e Albrechtberger. Porém isso não significa que estas obras
tenham um valor artístico menor – algo que já foi muito difundido – ou seja,
arcaizantes, é certo afirma que estas obras fazem parte de um processo
gradativo e orgânico de construção de uma nova concepção musical, a musica do
período Clássico.
3.1.
O
Estilo Galante e o Enfindkeit.
A musica ‘moderna’ do século XVIII, tem sua primeira
manifestação, sub as cores do Estilo Rococó
e Galante, este de sabor mais
leve e informal que o estilo Barroco. Em 1777, Jean-Françoais Marmontel,
assinala o nascimento da música ‘moderna’, com Leonardo Vinci que compôs as
melodias de suas óperas nos contornos de uma curva “periódica”. Contudo, Vinci
apenas abre caminho para a musica deles que se seguiram a ele, entre seus temo
a figura de Pergolesi, este a quem a historias confere os louros por ser um dos
primeiro a cultiva e delinear o novo estilo.
O Estilo Galante priorizava a melodia,
por este motivo, é fundamentalmente homofônico, e pauta-se na clareza tanto nas
formas (melodias e organização formal), quando da harmonia, além disso, outra
característica importante apontada pelos teóricos da época, é a organização
periódica da melodia (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Este estilo estava em consonância com as necessidades
artísticas da sociedade de sua época, esta sociedade que tem uma classe media
emergente, que encontra-se avida em assimilar da cultura e a arte, que até
então era desfrutada apenas pela aristocracia.
O Estilo Galante é nasce na opera
cômicos, na necessidade flexibilidade, para poder representar no palco os
diferentes sentimentos dos personagens, pois o estilo Barroco em sua
uniformidade de caráter, impedia a modificação abrupta na melodia e na
harmonia. O estilo Galante sendo mais linear e livre, possibilitava a
combinação de melodias construídas em períodos curtos que, por sua vez, podiam
ser combinados com outros maiores, sustentados por harmonias simples e que
aceitavam cadencias frequentes, sem a necessidade de preparações longas, estes
aspectos lhe conferiam leveza e fluência. Podemos verificar estes aspectos nas
primeiras sinfonias de Sammartini e na musica para teclas de Galuppi.
A palavra Empfindsamkeit pode ser traduzida como “sentimentalismo” ou
“sensibilidade”, por causa deste sentido, esta palavra foi utilizada para
designar o que seria a grande expressão musical germânica do período
pré-clássico.
Durante os primeiros anos do século
XVIII a influencia da cultura francesa era enorme, ao ponto do de Frederico “O
Grande”, considera o francês sua língua nativa. O Empfindsamer stil (ou estilo expressivo) caracterizava-se através de
melodias de motivos curtos, de maneira rapsodica com figurações rítmicas
irregulares e ‘nervosas’, a harmonia sofria inflexões incomuns, por causa do
cromatismo muito utilizado na melodia, porém a característica marcante é a
proximidade da melodia com fala ou recitativo, o estilo é mais característico
em movimentos lentos e recitativos obbligato.
Este estilo foi cultivado por compositores como W.F. Bach, porém, ao mesmo
tempo também podemos observa na obra de seu irmão C.P.E. Bach um mescla deste
com o estilo galante (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). A assimilação Estilo Galante de orientação italiana e
francesa em voga na época, e a miscigenação com o Empfindsamer stil, foi de
imensa importância para musica européia, assim possibilitando aos compositores
o desenvolvimento de um estilo internacional.
3.2.
A
forma allegro-sonata.
Antes de iniciarmos, é importante
definir o que enredemos neste trabalho, por forma allegro-sonata e forma
sonata. Por allegro-sonata designamos o plano formal tripartido encontrado em uma
única peça instrumental. E por forma sonata entendemos um plano formal amplo
constituído por um conjunto de quatro peças, sendo que a primeira apresenta o
plano formal do allegro-sonata.
O primeiro passo para a formatação da forma sonata, como a
conhecemos, se deu com o uso da melodia
homofônica, construída por meio de uma divisão periódica, esta desenvolvida no período pré-clássico.
Pois esta possibilitou a organização segmentada do fraseado, colaborando com a
facilitação da variação de caráter e textura dentro de uma mesma obra.
Diferente da Música do Barroco que mantinha sempre dentro da peça uma
homogeneidade de caráter, tonalidade e textura. A música pré-clássica procura
uma ruptura com este expediente através
da variedade e da descontinuidade de caráter e textura.
Os primeiros esboços que proporcionariam
a criação da forma allegro-sonata, encontram-se na Itália, os compositores
italianos já habituados com o uso melodia periódica na opera cômica, e menos
ligados as tradições contrapontísticas,
encontravam-se a vontade para trabalhar com formas mais leves e ágeis,
permitidas pela melodia organizada em frases periódicas (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Compositores que nos
permite observa esta “liberdade” em sua obra são D. Scarlatti e Sammartini,
neles encontramos maior variedade e leveza de texturas, e um ritmo harmônico
mais lento. Porém estes compositores em termos de plano formal, ainda
encontravam-se muito próximos as formas binárias do Barroco.
Nas obras de Sammartini, temos uma
gradual valorização do contraste na apresentação dos temas, este contraste
configura-se no uso de dois temas em tonalidades diferentes, podemos também
encontrar em sonatas escritas nas décadas de 1730-40. Nelas na seção A o
primeiro tema aparece na tônica, e o segundo na dominante ou relativa, já na
seção B a tonalidades dos temas se invertem. Também devemos observar como
Sammartini, já incorpora em suas obras, o uso não só da tonalidade como
elemento de contraste, ele lança mão do
uso do timbre e da textura para acentuar as diferenças entre os temas (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Esta
pratica se tornara uma “formula” para conceder identidade própria aos temas,
entre os compositores sinfônicos ulteriores.
O outro aspecto importante é a forma de
manejo temático, para a formatação do plano formal da allegro-sonata, graças a
chegada do novo estilo ao norte da Europa, a exploração funcional dos
temas começa ser desenvolvida por alguns
anos depois temos por compositores alemães. Esta exploração tinha como objetivo,
a clareza e independência das estrutura dos temas, tem entre os músicos
germânicos três escolas: a primeira tem os compositores de Mannheim como J. Stamitz, F.X. Richter, I. Holzbauer e K.
Stamitz, tinham um predileção por temas contrastantes em seus planos formais,
este temas tinham tanto a harmonia como o caráter contrastante entre si, porém
eles quase ou não sofriam desenvolvimento. Em Viena temos a segunda escola, com
compositores como G.M. Monn e G. C. Wagenseil preferiam o uso de grupos
temáticos em seus esquemas, este também pouco era manuseado. A terceira esta no
norte da Alemanha com C.P.E. Bach, J.G.
Graun, J.A. Hasse e J.W. Hertel, estes
compositores trabalhavam com um único tema (monotemático), contudo, este tema
único sofria processos de transformação e desenvolvimento. O processo de uso e
desenvolvimento de temas em pouco tempo tornou-se internacional, isso fez com
que nos planos formais começassem a surgir breves períodos de desenvolvimento,
nas segundas seções das sonatas.
O Allegro-sonata como nós conhecemos, vem
a ser firmar como um “padrão” apenas nas décadas de 1770-80, a característica
marcante é o crescimento do tamanho e importância da seção de desenvolvimento,
nas obras finais de Haydn e Mozart, e culmina com Beethoven (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Contudo, fala em
padronização, pode nos levar a um erro,
pois mesmo tendo se estabilizado num “plano fixo”, o allegro-sonata
sofre adições de introduções lentas e codas após a reexposição.
Passemos então agora a tratar da sonata
forma, esta como plano formal mais extenso, dividido em movimentos, temos seus
primórdios ligados a abertura operística italiana, com três movimentos de
caráter distintos, rápido-lento-rápido. Durante um logo período as sinfonias
escritas com três movimentos, foram
praticamente norma, podemos ver que Haydn e Mozart escreveram sinfonias em três
movimentos, como exemplo podemos cita a sinfonia nº. 31 de Mozart, em três
movimentos. Porém alguns compositores incorporaram um quarto movimento, entre
eles Haydn, verificamos a forte influencia dele, pois ao final do século XVIII,
a sinfonia com quatro movimentos tornou-se comum. Os movimentos inclusos no
modelo de três movimentos, podiam ser um finale
ou um movimento em ritmo de dança (o minueto ou Landler). Assim o ‘padrão’ de quatro movimentos seguiu inabalável,
até Beethoven, propor a substituição do minueto, por um movimento de caráter
mais rápido e incisivo, o scherzo. Beethoven também aumentou as proporções forma
sonata e do allegro-sonata, a uma extensão nunca ainda vislumbrada até então.


Nas figuras acima observamos
a evolução do plano formal do allegro-sonata.
3.3.
A
orquestra.
As mudanças na forma de compor, foram de
imensa influencia sobre a maneira de se instrumental as obras. No novo estilo
não encontramos a complexidade polifônica e densidade textural do Barroco de J.
S. Bach e Haendel. No novo estilo os
instrumentos passaram a se organizados em duas funções, a primeira sustenta a
harmonia, esta função é concedida as madeiras, que fazem o “pano-de-fundo” harmônico, a segunda função executa e dá
movimento a musica, este função é efetuada pelas cordas, graças a sua agilidade
e capacidade de variação de cor e dinâmica.
Este processo de redirecionamento das
funções dos instrumentos dentro do grupo orquestral afetou o desenvolvimento de
vários instrumentos e condenou outros ao desuso quase completo.
O processo de modificação visava um
maior equilíbrio e balanço entre as madeiras e as cordas, assim entre as cordas
as família dos violinos tornou soberana, com o desuso gradual dos instrumentos
da família das violas. A sonoridade mais “cheia” e maiores possibilidade de
variação dinâmica deram a possibilidade das cordas, tornarem-se a espinha
dorsal da orquestra, porém inicialmente esta “espinha dorsal” era apoiada por
um continuo, desempenhado por um cravo ou cravecebalo (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Contudo com as melhorias
dos instrumentos de corda e de madeira, o continuo gradualmente foram caído em
desuso completo.
orquestra Clássica “patrão”
em muitas obras de Mozart e Haydn.
Quando aos instrumentos de madeira,
muitos instrumentos foram caindo em desuso, e os que permaneceram mudaram de
função, pois no estilo Barroco de Bach e Haendel, temos um intenso fluxo contrapontístico,
onde as madeiras participavam ativamente. Nas primeiras formações orquestrais
escritos no novo estilo, temos o uso muito comum dos oboés, primeiras obras de
Haydn, estes muitas vezes substituídos por flautas. Também em Haydn, mais
adiante, encontramos o uso destes dois instrumentos juntos, mais o fagote na
instrumentação. Outro instrumento que se mantem em utilidade,
é o fagote, ele muitas vezes nas primeiras partituras do século XVIII, era
colocado abaixo das cordas graves, indicando nitidamente sua função de dobra.
Contudo com o estabelecimento do conjunto das madeiras na orquestra, o
fagote passa a ser o instrumento grave
deste conjunto (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). O conjunto das madeiras é completado por um instrumento que
nasce no Classicismo, o clarinete, este instrumento muito apreciado pelos
compositores Clássicos – entre eles Mozart – foi adicionado a orquestra, graças
a sua grande “paleta” de possibilidades tímbricas e dinâmicas.
Os metais tiveram um caminho mais lento,
em direção a sua admissão no conjunto orquestral. Eles foram incluídos para
reforça o arcabouço harmônico junto com as madeiras. Os primeiros instrumentos
utilizados foram o trompete e a trompa. É curioso observar que em muitas
composições as partes destes instrumentos eram confeccionadas, apenas se
solicitadas ao compositor, pois normalmente não eram incluídas. Porém com o
tempo estes instrumentos são utilizados de forma comum nas orquestras. O trombone e a tuba tiveram sua vez apenas
com Beethoven, que resgata estes instrumentos da musica sacra e os inclui na
orquestra. Outro dado importante, sobre
os metais, é que, a partir da invenção do sistema de válvulas, que possibilitou
estes ampliar seus limites, em relação a serie harmônica, tornou-os mais aptos
ao uso dos compositores em obras com tonalidades variadas.
No grupo de figuras abaixo temos algumas
formações instrumentais de Bach, Mozart, Haydn e Beethoven, neles poderemos
observar as diferenças e afinidades entre cada um deles.
Acima temos o concerto
Brandesburgo N.1 e a Sinfonia N. 5 de Haydn, podemos observar a diferença tanto
das funções dos grupos instrumentais, como também da utilização da textura.
Na figura observamos a
diferença entre duas obras de Haydn de períodos diferentes, temos acima a
sinfonia N. 13 e logo abaixo a N.103 “rufar dos tambores”, verificamos como
Haydn aumenta sua paleta instrumental,
marcadamente no conjunto das madeiras e metais.
Acima temos as sinfonias N.40
de Mozart e a N.1 de Beethoven, verificamos que a instrumentação de Mozart esta
mais próxima das obras iniciais de Haydn, enquanto Beethoven tem claramente as
influencias de Haydn.
- Sinfonia
pré-clássica.
A sinfonia pré-clássica se desenvolveu
no período que abarca a primeira metade do século XVIII. Neste período quatro
centros foram destacados no desenvolvimento deste gênero. Sendo estes a Itália;
o norte da Alemanha, principalmente Berlin; Mannheim também na Alemanha; e
Viena na Áustria. Cada um destes centros contribuiu de maneira efetiva para
criação e afirmação da sinfonia como gênero.
Na Itália temos os primeiros esboços do
gênero sinfônico, isto ocorre com a cada vez mais acentuada independência da
abertura operística do resto da obra (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Esta passa a ser apresentada muitas vezes
sozinha assim os compositores italianos passa a dar mais atenção a composição
destas obras, ao ponto de torna-las composições independentes. Entre os
compositores italianos podemos destacar B. Galuppi e N. Jomelli, o primeiro
trabalhou as estruturas temática em suas obras, seus experimentos, tentaram
atingir um balanço equilibrado numa seqüência de
exposição-desenvolvimento-reexposição, podemos observa isso em seu Il
filosofo di campagna de 1754. Já Jomelli fez experimentos em
relação a forma, um exemplo é seu allegro-chacona, e sua complexa versão de um
abertura Da capo, onde temos um allegro na exposição, seguindo para
uma modulação para dominante; um pequeno andante na tonalidade da tônica em
menor e um allegro da capo apenas como transição e
finalizando com um presto em 3/8. Porem estes experimentos não chegaram a se
tornar formas definitivas, contudo, abriram caminho para os avanços alcançados,
por uma segunda geração de compositores. O Compositor italiano, mais
importante para o gênero sinfônico na época foi G Sammartini, suas peças estão
muito mais próximas do que conhecemos hoje, como sinfonia, do que as de seus
compatriotas (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). No plano da forma, o compositor definiu bem a pontuação das
frases, como também estabeleceu por meio da tonalidade e da textura a
identidade dos temas contrastantes. Sammartini não apenas se limitou na questão
formal, ele também trabalhou o desenvolvimento sobre temas de base triadica,
adiantando assim, um uso comum entre os compositores alemães.
O norte da Alemanha, em inícios do
século XVIII, não apresentava grandes compositores sinfonistas (algo que mudaria
no último quarto deste século). O nome de maior contribuição é o de C.P.E.
Bach, este capaz de transitar sem dificuldades por estilos diferentes como o
barroco tardio e o estilo galante e Empfindsamer stil. O compositor
foi mestre nas técnicas de contraste dinâmico, além disso sua imensa capacidade
de efetuar tratamentos temáticos dos mais diversos em temas simples,
contribuíam para seus experimentos com os novos parâmetros de harmonia e
colorido orquestral em voga na época. No gênero sinfônico podemos apontar sua
capacidade de surpreender a audiência, harmonias e temas inesperados. No plano
formal C.P.E. Bach alcançou um excelente balanço em formas amplas.
Outro centro importante foi Viena,
deste muito tempo esta cidade foi um centro de convergência de toda Europa,
isto podemos observa na atividade musical desta cidade, a influência de vários
correntes. Os principais compositores vienenses da primeira metade do século
XVIII são M.G. Monn e G. C. Wagenseil. Em Monn encontramos todos os movimentos
escritos numa mesma tonalidade, ele escreveu quase unicamente sinfonias em três
movimentos (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Em Wagenseil temos um princípio de recapitulação, porem este ainda
em pequenas dimensões, em seus trabalhos após 1765 temo obras escritas em
quatro movimentos. Outro compositor importante foi F. Gassmann, que construiu
sua reputação como compositor de operas. Ele experimentou constantemente nos
primeiros movimentos de suas sinfonias, sofisticações em seus planos temáticos,
tais como: o desenvolvendo matérias secundários a partir do primeiro material.
Outros compositores Vienenses importantes antes de Haydn e Mozart foram: M.
Haydn e Ditterdorf. A grande contribuição dos vienenses pré-clássicos, está
ligada a claridade com a qual estes apresentavam seus temas. No campo do desenvolvimento
do plano formal, temos a inclusão de um quarto movimento em suas obras, o
movimento incorporado era uma dança estilizada, o minueto. A característica
marcante nas obras dos Vienenses eram suas predileções por núcleos temáticos e
não temas isolados, como também a leveza e bom humor de suas composições.
Mannheim nos finais do século XVII e início
do século XVIII, tornou-se uma importante cidade do sul da Alemanha, pois está
neste período, foi elevada ao posto de capital do príncipe Eleitor, assim houve
a possibilidade de nesta cidade, de se formar uma das mais influentes escolas
do gênero sinfônico pré-clássico. Em Mannheim trabalharam numa mesma orquestra
(tocando e compondo para esta), um seleto grupo de
instrumentistas/compositores, entre eles podemos figurar J. Stamitz, F.X.
Richter, C. Cannabich, I. Holzbauer e K. Stamitz. Estes homens formaram a
orquestra que foi chamada por Burney de “exército de generais”, dada era a
disciplina e precisão do grupo instrumental. Graças as possibilidades técnicas
desta orquestra, os compositores de Mannheim, desenvolveram um estilo ousado de
contrastes dinâmicos, onde o uso de crescendos e diminuendos marcantes,
tanto na dinâmica e no pulso rítmico, quanto nas variações de volume. Outro
dado sobre esta orquestra foi o uso feito por esta dos instrumentos de madeira,
como arcabouço harmônico, novidade trazida por K. Stamitz de uma bem sucedida
passagem por Paris, onde o compositor pode observar o uso e a importância das
madeiras por Gossec, assim Stamitz trouxe esta ideia e a desenvolveu nos moldes
da música produzida em Mannheim. Quanto ao plano formal os compositores de
Mannheim apesar de fazeres uso de dois motivos contrastantes em seus primeiros
movimentos, estes não eram desenvolvidos, os compositores desta escola ainda
estavam muito ligados as formulas de exposição-recapitulação.
Houve outros centros de menos
importância como Paris com Gossec e S. Leduc, O primeiro causou imensa
impressão em K. Stamitz, com o uso das madeiras na orquestra, além de
demonstrar o trabalho refinado no fraseado e a claridade na divisão temática (Esse texto é do Blog Parlatório Musical).
Os compositores de Paris tinham como característica a forte expressão rítmica.
Outro centro foi Londres graças a C.P.E. Bach e os concertos públicos que
atraíram compositores e músicos de toda a Europa.
5. Haydn,
Mozart e Beethoven.
Haydn foi um compositor que passou por
todas as fases da música sinfônica classicismo, ele escreveu obras de extrema
importância e outras de mínimo interesse. Contudo, a obra sinfonia de Haydn,
reflete as mudanças de estilo da música sinfônica ao longo do século XVIII.
Suas primeiras sinfonias em nada são inovadoras, ainda seguiam a orientação de
escrita em três movimentos, e eram monotemáticas. Porém nos anos seguintes, ele
tornou-se um compositor de soluções surpreendentes, tanto para os problemas
temáticos e harmônicos propostos em suas obras, como também, no tratamento
instrumental e no uso do plano forma de quatro movimentos
(allegro-andante-minueto-allegro), que graças a sua forte influência, este
plano formal, passaria a se tornaria um padrão nos anos de 1770-80. Haydn
também introduziu uma serie de variações neste plano, como a incorporação de
introduções lentas nos primeiros movimentos (sinfonias N. 11,15,27), uso do
minueto como segundo movimento (sinfonias N. 25 e 44), ou ocasionais reversões
do plano forma de quatro para três movimentos dependendo da ocasião, ao contrário,
o aumento da extensão da obra para mais de quatro movimentos (sinfonia N.60). Além
de fazer uso dos movimentos em forma rondo no movimento final ou em movimentos
lentos (sinfonia N. 93). Os temas de Haydn são um de suas marcas registradas,
com seu gosto por temas de caráter folclórico e rustico. Podemos perceber um
grande refinamento no tratamento temático de suas obras finais, com o uso de
esquemas fugatos e em cânon dos temas.
Haydn foi um grande inovador, todos os
aspectos ligados a composição sinfônica foram trabalhados por ele, deste o
tratamento equilibrado da segmentação formal dentro de uma organização
sintática do fraseado e dos temas, este firme e consciente, até as imaginativas
combinações instrumentais e de efeitos. Além do tratamento harmônico muitas
vezes inusitado. Em suas obras observamos o crescimento cada vez mais acentuado
da seção de desenvolvimento, esta vai se tornando mais elaborada e importante.
Haydn tem em suas obras descritas a história
do “gênero sinfônico” no século XVIII, suas contribuições ao gênero serão
apenas equiparadas por Beethoven.
Mozart encontra-se numa posição curiosa
na História da sinfonia, o gênero pelas mãos de Haydn já se encontrava bem
definido e difundido, ao genial Mozart restou dar o seu toque pessoal ao
repertório sinfônico. Contudo, Mozart deixou uma grande contribuição ao gênero
trazendo para este uma escrita mais idiomática para as madeiras,
particularmente o clarinete (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). A sensibilidade musical de Mozart possibilitou ao
compositor explorar o colorido sonoro e textural dentro das peças sinfônicas.
Em termos formais Mozart utiliza de seu senso apurado de simetria, para demarca
pontos de cadencia e equilíbrio entre as partes da música, esta simetria e
equilíbrio estão presentes não só nas proporções, como também no tratamento do
material rítmico e harmônico. O tratamento motivico tem especial atenção do
compositor, este muitas vezes desenvolve os temas já na exposição, em seguida
os descarta utilizado outros no desenvolvimento. Durante toda sua carreira
Mozart assimilou influencias de várias escolas, entre elas do próprio Haydn,
das escolas de Mannheim e Viena. Nas sinfonias finais de Mozart
apresentam uma maior complexidade e extensão. Nestes trabalhos temos um
aspecto dramático mais forte, podemos observar isso nos períodos de contraste.
Beethoven é um personagem chave na história
da música do período clássico, sua influência sobre seus contemporâneos e
gerações que o seguiram é de caráter quase incomparável. No campo da música
sinfônica Beethoven, empreendeu sua própria reforma, nos parâmetros da
composição e escrita sinfônica. Em seu texto sobre o mestre alemão, o maestro
Hermann Scherchen, escreve que as inovações impostas por Beethoven, (Esse texto é do Blog Parlatório Musical) vão deste a
incorporação definitiva de alguns instrumentos ao corpo orquestral, até a
revisão do uso e função dos parâmetros composicionais, como motivo e o tema. Em
termos formais Beethoven ampliou as proporções da sinfonia, de maneira que em
sua última sinfonia, a nona temos o último movimento com quase meio hora de
duração. Ainda na nona o compositor ousou adicionar ao corpo instrumental um
coro com solistas.
Nas duas primeiras sinfonias de
Beethoven, encontramos influencias diretas de Haydn, na primeira sinfonia têm
logo no início do allegro, uma abertura lenta, onde temos proposto um problema
harmônico, este resolvido ainda dentro desta abertura. Outra influência de
Haydn está na formação instrumental da orquestra, típica das últimas obras de
Haydn. Contudo esta sinfonia já trazia uma ousadia no mestre, a designação do
terceiro movimento como minueto, soa como uma picardia do compositor, que
impõem a este movimento um pulso e um vigor inéditos a este movimento, na
segunda sinfonia Beethoven retoma o vigor no terceiro movimento, contudo, agora
este é designado de scherzo, palavra italiana de significa divertimento ou
gracejo (Esse texto é do Blog Parlatório Musical). Este movimento tornou-se norma nas obras do compositor (ainda que na
oitava ele retorne a designar o terceiro movimento de minueto), com o uso dele
o compositor criou mais tensão dramática em suas obras.
No tocante a instrumentação, Beethoven
foi de extrema importância para a formulação da orquestra moderna. Ele
incorporou a orquestra instrumentos não utilizados de maneira comum.
Instrumentos este como a flauta-picolo, o contra-fagote, o trombone e uma
serie de percussões como os címbalos e o triangulo. Além disso temos também em
Beethoven usos e combinações instrumentais inusitadas até então.
Porém a talvez mais evidente das
contribuições de Beethoven, está no aumento das proporções das obras
sinfônicas, graças seu imenso gênio dramático, e grande domínio da construção
da sintaxe da formal, Beethoven expande as dimensões da sinfonia. As peças
sinfônicas comumente no período dos finais do século XVIII e início do XIX, não
ultrapassavam mais que 3/4 de hora, em suas últimas sinfonias Beethoven
extrapola estes limites, dimensionando as suas sinfonias ao corpo titânico em
relação a suas coevas.
Além de tudo isso que já foi colocado,
as sinfonias de Beethoven, representaram para o compositor o ponto
culminante de suas pesquisas e conquistas técnicas e composicionais. Estas
sobras também representam o ápice das formas do período clássico, e é com
certeza o repertório sinfônico mais conhecido e apreciado entre público,
músicos, compositores e estudioso.
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A musica clássica: de Gluck a Beethoven. Rio de Janeiro. Clóvis Marques
(trad.). Jorge Zahar Ed. 1988.
ROSEN, Charles. El estilo clasico: Haydn, Mozart, Beethoven.
Madrid. Elena Gimenez
Moreno (trad.). Alianza Editora. 1986.
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