sexta-feira, 30 de junho de 2017

Como medir o que é boa música? "Medir" a música é igual a entendê-la?

Antes de qualquer não estou tomando partido de nenhum gênero musical!

Está circulando na internet uma (bela) pesquisa de análise de dados (de caráter quantitativo levando em consideração aspectos qualitativos dos acordes como: tamanho dos acordes, raridade, variedade) que analisa as quantidades e variedades de acordes/palavras para gerar uma escala de complexidade nas composições da música popular brasileira de diferentes épocas e gêneros. (link para a pesquisa)

O pesquisador provavelmente nunca teve a intenção de denegrir ou glorificar músico ou gênero X ou Y. Na verdade a pesquisa é um experimento sobre um logaritmo usando como objeto algo de nosso cotidiano.

O que é extremamente válido!

Ps.: Minha dissertação foi algo bem parecido (menos sofisticado que o logaritmo do colega!).

O autor da pesquisa talvez tenha tido a ideia de comparar gêneros musicais para chamar a atenção para seu experimento!

O que também é válido!

E o autor ainda manteve seu afastamento de cientista apresentou todos os dados resultantes sem fazer juízo de valor!

Tanto que a pesquisa indica que uma cantora da atual música pop brasileira tem um coeficiente de complexidade mais elevando que uma das bandas mais importantes da nossa história da música popular.

Os números são frios!!

Apesar da minha "crença" e da minha "preferência" pelo segundo como exemplo de "música de estrutura sofisticada"! Os números do levantamento dizem outra coisa!

Os números não mentem!!


O que eu acredito ser discutível é o fato que muitas pessoas estarem usando esses dados como um cavalo de batalha para justificar o preconceito ou ignorância.

----------------------------------- Intervalo para nota de esclarecimento -----------------------------------

Só uma coisa que eu gostaria de deixar claro!

Tem muita gente por aí produzindo comentários com o seguinte teor: Só se fazia "música boa" até tal época! depois só tem lixo!
E ainda completam: Os culpados são os músicos e compositores que não produzem mais "música boa"!!

Poderíamos reelaborar esse comentário da seguinte forma: O tipo de música que eu gosto, foi "mainstream" (ou já teve mais visibilidade) durante uma época, depois a indústria musical tomou um outro rumo e o mainstream adotou outros gêneros! 

E completar: Eu sempre espero que o mainstream "me mostre" o que consumir! Ao invés de usar os recursos com a internet e os streams para buscar e dar oportunidade para os novos músicos dos gêneros que me agradam. Mas ao invés disso, prefiro me agarrar no passado (nas memorias sentimentais) e o transformo num paraíso musical idílico. 

Ps.: Nenhum gênero da música popular se extingue tão fácil! Alguns tornam-se cult dentro de nichos.
 ----------------------- Fim do intervalo: retornamos a programação normal --------------------------

Para começar, apreciemos ou não, gêneros como Rock, Funk Carioca, Jazz, Sertanejo Pop, Maracatu, Forró de Plástico, são produtos de uma miríade aspectos estéticos, técnicos, sociais, antropológicos, educativos, comerciais e econômicos. Assim, a sonoridade, a forma, a função, a temática do produto musical atual variam infinitamente.

Usar como "cavalo de batalha" uma pesquisa que tem como parâmetro "quantidade de acordes" (a pesquisa é mais complexa e interessante que isso! Só estou sendo rasteiro para dá um efeito dramático ao texto! rsrs) para definir o que é música boa? É no mínimo inocente! Volto a dizer o autor da pesquisa dificilmente quis fazer tal julgamento!

Sobre o aspecto harmônico qualquer melômano sem grandes conhecimentos musicais sabe que determinados gêneros se apoiam com uma certa quantidade e qualidade de acordes (isso também não indica que as essas harmônias tenham algo de genial ou original) e outros não necessitam de tantos acordes (e muitas vezes apresentam soluções harmônicas muito mais interessantes).

A apreciação da música (assim como da arte e da ciência) exige que vários aspectos estéticos de cada gênero devam ser levados em consideração por aqueles que querem construir uma argumentação sobre o assunto. Caso contrário, tudo se transforma em "achismo", "gostismo" e auto (pretensa) afirmação.

Imaginem! Nós fazermos uma "pesquisa" tendo como parâmetro o uso de batidas eletrônicas! Os "gênios" da MPB não passariam de "medíocres" e os (ditos) "medíocres" seriam "gênios".

Por mais que as pessoas torçam o nariz, o conceito de "música boa ou ruim" será julgado, em última instância, por quem consome e se identifica com cada gênero musical.

Além disso, determinados gêneros musicais estão aí porque existe uma indústria que os (re)produzem e os vinculam, além de um público que os consomem.

Deveríamos discutir quais são os aspectos antropológicos que direcionam fruição do individuo para gênero (ou sonoridade) X ou Y. E a partir daí sofisticar a educação musical, social e cultural (Mas até isso tem de ser pensando e estudado para não transforma numa espécie de doutrinação cultural). Você pode medir a música, mas essa medição é apenas uma ferramenta para entende-lá (isso se você precisar medir! kkk)! E não defini-la!
















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Umas poucas palavras sobre os Suno IA da vida e o apocalipse musical.

Aviso: esse texto contém ironia e é uma opinião pessoal incapaz de qualquer ingerência sobre a realidade... Mas já que eu tinha tempo livre ...