sexta-feira, 30 de julho de 2010

Contraponto Modal parte 6: Contraponto de quarta espécie

Oi pessoal, esses artigos sobre contraponto modal receberam muita atenção dos leitores. Por algum tempo tirei os "textos do ar", pois resolvi revisar e melhorar algumas coisas para em seguida republicar. Mas creio que isso foi um pouco injusto com os leitores. Então resolvi deixa-los a disposição. Ainda estou pensando como vou vincular o material revisado e ampliado (e aceito sugestões), mas quando rolar estará disponível no blog.  

Contraponto de quarta espécie.

Objetivo: valorização da sonoridade da dissonância e sua resolução através da suspensão do movimento melódico e ao mesmo tempo rompendo com a métrica por meio de sincopes.

Primeiramente para facilitar a absorção das idéias desta nova espécie devemos ter bem fundamentadas as diretrizes que regem as três espécies anteriores, principalmente as diretrizes da segunda espécie com a qual a quarta espécie guarda afinidade. A grande diferença entre esta espécie é o uso de ligaduras entre as notas do CP, ligando a nota do tempo secundário [TS] com aquele do tempo principal [TP] que a sucede.

Ilustração 1

Desta forma a métrica da linha melódica do CP “flutua” e defasa em relação ao CF. Já a combinação vertical entre CP e CF sobre uma sensação de suspensão em relação a consonância que sempre é atacada sobre o a nota no TP. Pois a nota suspensa no CP muitas vezes será um intervalo dissonante em relação ao CF.

Ilustração 2

Aspectos verticais:

1. Seguir prerrogativas da 2ª espécie.

2. O intervalo entre a nota do CF e a nota do CP no tempo secundário que será ligada ao TP seguinte deve ser obrigatoriamente uma consonância.

3. A resolução da dissonância suspensa é sempre em movimento descendente.

4. Temos algumas formulas de resolução das dissonâncias suspensas pela ligadura que podemos seguir como padrão: a 4ª suspensa resolve na 3ª; a 7ª resolve na 6ª e a 9ª na oitava. Vejamos a figura a baixo:


Ilustração 3

5. Já quando temos uma consonância suspensa pela ligadura, não temos necessidade de resolução, então a nota seguinte a ligadura pode ser tanto outra consonância [1] quanto uma dissonância como nota de passagem [2], lembremos que não podemos ligar uma dissonância no tempo secundário a outra dissonância no tempo principal. Exemplo abaixo:

Ilustração 4

Apêndice: algumas dicas de resolução.

Casos de Resolução da suspensão:

Sempre que possível valorizar o movimento contrario das vozes:

Resolução descendente:

Ilustração 5

Com a sexta nota do modo dórico em ré seguida da sétima nota no CF. este tipo de resolução é possível em quase todos os modos.

Resolução ascendente:

Ilustração 6

Cuidado com o tritono oculto nas suspensões:

Ilustração 7

Contraponto Modal parte 5: Contraponto de terceira espécie

Oi pessoal, esses artigos sobre contraponto modal receberam muita atenção dos leitores. Por algum tempo tirei os "textos do ar", pois resolvi revisar e melhorar algumas coisas para em seguida republicar. Mas creio que isso foi um pouco injusto com os leitores. Então resolvi deixa-los a disposição. Ainda estou pensando como vou vincular o material revisado e ampliado (e aceito sugestões), mas quando rolar estará disponível no blog.  

Contraponto de terceira espécie.

Objetivo: reforçar as idéias de enriquecimento melódico do CP com uma gama maior de opções, contudo mantendo o sentido métrico que temos fortes e fracos na linha melódica.

O Contraponto [CP] de terceira espécie tem como característica o enriquecimento da linha melódica do CP por meio de uma maior numero de figuras rítmicas. O CP de terceira espécie é normalmente escrito com 4 figuras no CP contra 1 no Cantos Firmus [CF]. Em alguns casos temos o uso de 3 no CP contra 1 CF, contudo, aqui adotaremos apenas o estudo da terceira espécie no modelo 4x1, como é comum na maior parte da literatura sobre o assunto.

O CP de terceira espécie também tem seu próprio sistema de divisão métrica em tem Parte Principais [PP]; Parte Secundaria [PS] e o que chamaremos de Parte Secundaria interna [PSi], vejamos abaixo:

Ilustração 1

Justificamos esta inclusão Parte Secundaria interna [PSi] como uma opção pessoal, com o intuito de facilitar o estudo do tratamento dado a dissonância nesta parte da melodia do CP. Pois em exemplos e exercícios em livros de autores como Jeppesen e Koellreutter, podemos observar diferenças neste tratamento da dissonância quando ela ocorre nesta parte da métrica. Entretanto, não há nestes textos uma sinalização que indique este acontecimento de forma clara ao estudante/compositor. Repito que esta é uma opção pessoal e não é uma norma ou nomenclatura universal. Contudo, temos que ter em mente que este não é um texto acadêmico e nem tem o interesse de ser, o que pretendemos aqui é transmitir uma experiência do autor e não reproduzir normalizações acadêmicas [apesar da prática e estudo do contraponto em nossos dias – infelizmente – esta atrelada a academia e não ao uso comum dos músicos].

Aspectos Verticais

  1. O uníssono com o CF é mais útil se usado nas PP do CP.
  2. Todas as normas das espécies anteriores continuam validas.

Aspectos da escrita da melodia do CP

  1. O CP pode se iniciar em qualquer parte da métrica seguindo as normas de intervalos para as PP’s e PS’s da segunda espécie.
  2. Não alcançar o ponto culminante da melodia [grave ou agudo] por meio de salto [ver parte 1].
  3. Não efetuar mais de um salto [ascendente ou descendente] consecutivamente.
  4. Os saltos ascendentes só em PS quando nelas ocorre uma consonância para alcançar outra consonância.
  5. Já os saltos descendentes são possíveis nas PP e PSi quando nelas ocorre uma consonância para alcançar outra consonância. Contudo temos uma exceção na PSi quando ela esta dentro de uma Cambiata [veremos a seguir].
  6. Qualquer salto ascendente ou descendente, que exceda a distancia de uma 3ª maior/menor deve se compensando na nota seguinte com um grau conjunto na direção contraia ao salto.
  7. A dissonância PSi pode ser usada como nota de passagem ou como bordadura inferior [ver CP de segunda espécie]. Já no PS a dissonância continua sendo usada apenas como nota de passagem.
  8. Podemos usar bordaduras superiores e inferiores na PSi, contudo apenas com intervalos consonantes em relação ao CF. Temos duas formulas: bordadura superior 5ª àà 5ª; bordadura inferior 6ª àà 6ª.
  9. Não é permitido repetir notas das PP’s nas PS’s e vice-versa.
  10. Não escrever bordaduras consecutivamente.


Ilustração 2

A Cambiata

É uma figuração melódica muito comum no CP de 3ª para se alcançar uma nota que esta a uma segunda menor inferior entre duas partes principais iniciais sobre notas do CF. Ver exemplo abaixo:


Ilustração 3

O movimento melódico da cambiata é este arco entre as duas Partes Principais [PP] e é sempre descendente. Além disso, cada parte da métrica recebe um tratamento intervalar.

1. As Partes Principais [+]: sempre recebem uma consonância.

2. A Parte secundaria interna [°]: recebe uma consonância ou dissonância, sobre esta dissonância alertamos que ela é um único caso de exceção a regra de uso de dissonâncias apenas como notas de passagem, aqui ela é seguida por um salto descendente de terça para se alcançar uma consonância, podemos ver isso em textos teóricos sobre contraponto modal, como por exemplo, para citar um texto de fácil acesso temos o livro “contraponto modal do século XVI” de H. J. Koellreuter.

3. A parte secundaria: recebe uma consonância ou dissonância como nota de passagem em sentido ascendente.

Dependendo do modo utilizado alguns intervalos serão mais práticos que outros para se iniciar a cambiata. No modo dórico, por exemplo, ao iniciarmos cambiata com intervalos 8ª, 5ª e 6ª tendo a nota principal do modo [no caso do exemplo ré] no CF não encontraremos problemas no enlace melódico tanto no movimento das vozes do CP quanto do CF [apenas observar que no caso de se iniciar a cambiata com a 6ª no CP ter o cuidado de verificar se no CF se o intervalo ascendente entre a nota inicial e a nota seguinte seja de uma terça, pois se for de segunda teremos um movimento oitava paralela]. Contudo se iniciarmos com a terça ocorrerá um problema, pois na segunda parte principal da métrica do CP teremos uma dissonância [nota indica com um x no exemplo abaixo].

Ilustração 4

Uma dica interessante é testar varias combinações de cambiatas sobre diferentes CF em vários modos diferentes. Você pode chegar a conclusões como saber que as cambiatas iniciadas sobre a nota principal do modo apresentam menos problemas se iniciadas com a 8ª e a 6ª em modos como dórico; frígio; mixolídio; lídio e eólio.


Contraponto Modal parte 4: Contraponto de Segunda Espécie

Oi pessoal, esses artigos sobre contraponto modal receberam muita atenção dos leitores. Por algum tempo tirei os "textos do ar", pois resolvi revisar e melhorar algumas coisas para em seguida republicar. Mas creio que isso foi um pouco injusto com os leitores. Então resolvi deixa-los a disposição. Ainda estou pensando como vou vincular o material revisado e ampliado (e aceito sugestões), mas quando rolar estará disponível no blog.  

Objetivo: Valorizar a idéia de movimento entre as notas que estão em contraponto direto com o cantus firmus, enriquecendo a sonoridade das linhas melódicas.

Nesta espécie trabalhamos com duas notas na melodia do contraponto [CP] para cada nota da melodia do Cantos Firmus [CF]. Assim antes de iniciarmos nos deteremos no entendimento do conceito de “partes principais e secundarias” na melodia do CF, este conceito é importante, pois no facilita o trabalho no momento da composição melódica do CF.

· Parte Principal [PP] ou Arsis: Toda a nota do CP que é executada ao mesmo tempo em que a nota do CF.

· Parte Secundaria [PS] ou Tersis: Toda a nota que se segue a PP ou que é executada após a nota do CF.

Ilustração 1

O uso das Consonâncias Perfeitas e Imperfeitas [CNP e CNI] segue os mesmos preceitos da primeira espécie, contudo, no contraponto de segunda espécie temos a adição do uso da Dissonância [DIS]. O uso de cada modalidade de intervalo é determinado pelo fato de se esta trabalhando no PP ou PS. Vejamos abaixo:

· No PP apenas utilizamos Consonâncias Perfeitas e Imperfeitas seguindo as normas da primeira espécie.

· No PS podemos utilizar tanto as Consonâncias Perfeitas e Imperfeitas seguindo as normas da primeira espécie. Como também as dissonâncias, porém uma dissonância só pode ser utilizada como uma Nota de Passagem entre duas consonâncias.

A Nota de Passagem [NP] é alcançada e deixada por grau conjunto numa mesma direção [ascendente ou descendente]. No contraponto modal de segunda espécie normalmente ela esta no meio de um intervalo de terça [maior ou menor]

Observemos o caso da ilustração [2] logo abaixo, temos uma passagem entre duas CNP [intervalo de terça] nos PP entre elas num movimento descendente temos uma DIS na PS como Nota de Passagem.

Lembre: A Nota de Passagem pode ser ascendente ou descendente.

Ilustração 2

Analisamos o caso acima:

  1. O quê determina que intervalo seja consonância ou dissonância são os intervalos que se encontram entre o CF e as Partes Principais e Secundarias do CP.
  2. Na ilustração [2] temos no CF a nota ré e no CP no PP a novamente a nota ré uma oitava acima, logo em seguida no PS temos o dó que esta uma sétima menor acima do CF, logo a seguir temos uma nova nota no CF, o mi, com a nota si no CP, ou seja, um intervalo de quinta justa. Sabemos que a oitava e a quinta são CNP e a sétima uma DIS. Observem que a DIS na verdade apenas serve como ligação entre as duas CNP, ela serve apenas como Nota de Passagem.
  3. Também podemos usar CNP e CNI como Nota de Passagem, mas apenas entre duas consonâncias [ver ilustração 3].

Ilustração 3

Um aspecto interessante do CP de segunda espécie é a possibilidade de podermos em alguns momentos repetir o intervalo do PP no PS, pois os dois serão consonantes com o CF [ver ilustração 3].

Normas para construção do CP de segunda espécie.

1. O CP na segunda espécie pode ser iniciado tanto na PP quanto no PS:

  • Quando ocorre na PP devesse usar apenas CNP [8ª ou 5ª justa].
  • Já quando iniciar no PS pode-se usar tanto CNP quanto CNI [8ª; 5ª justa; 3ªs e 6ªs maiores e menores]. [Ver ilustração 4]

Ilustração 4

2. Na finalização do CP a penúltima e ultima nota devem ter a mesma figura rítmica do CF, isso ajudar a reforçar a noção de conclusão da melodia modal. [Ver ilustração 5]

Ilustração 5

3. Nunca sair ou ir para uma dissonância por salto [sobre o uso dos saltos observe as normas da primeira espécie].

Ilustração 6

4. É permitida a repetição da nota do PP no PS, mas nunca o contrario.

Ilustração 7

O uso da Bordadura é um aspecto particular do CP de segunda espécie e deve ser tratado com muito cuidado.

A Bordadura [BD] é uma nota ornamental que se localiza entre a repetição de uma mesma nota, a bordadura é alcançada e deixada por grau conjunto em direções opostas, ou seja, se formos alcançá-la por movimento ascendente devemos sair dela por movimento descendente.

As Bordaduras podem ser:

  • Superiores: quando a nota ornamental é mais aguda que a nota repetida.
  • Inferiores: quando a nota ornamental é mais grave que a nota repetida.

Como também podem ser podem ser diatônicas ou cromáticas. Por enquanto usaremos apenas notas diatônicas.

Seguiremos com a apresentação de alguns caminhos que facilitaram a escrita da bordadura no CP:

  1. Nunca usa nota ornamental da bordadura uma dissonância.
  2. Quando a bordadura cair no PP, a nota seguinte pode ser uma dissonância como nota de passagem.
  3. Quando a bordadura cair no PS, a nota seguinte pode ser uma consonância.

Seguem abaixo algumas formulas de BD:

Ilustração 8

Vejamos agora a aplicação das formulas [ilustração 9]:

Formula A: é pratica quando temos no CF um salto de terça maior ou menor [ascendente ou descendente].

Ilustração 9

Observação: Quando o salto na melodia do CF for ascendente a BD será mais fácil de ser praticada de forma descendente e vice-versa.

Formula B: é pratica quando a BD é superior ou ascendente, independente do sentindo da melodia do CF [ascendente ou descendente].

Ilustração 10

Observação: independente do sentindo da melodia do CF, teremos diferentes intervalos sob a nota que repetida na BD. Podemos fazer uso de alguns clichês, tais como: termos uma melodia ascendente no CF e sairmos de uma 5ª para 6ª; termos uma melodia descendente no CF e sairmos de uma 5ª para 3ª.

A BD descendente dificilmente pode ser praticada nesta formula, pois além das dificuldades de encaixar os intervalos, podemos provocar passagem entre CNP por movimento paralelo ou direto consecutivamente. Na escrita estes intervalos podem até não parecer graves, contudo, na audição eles são expressamente denunciados.

Ilustração 11

Formula C: é pratica tanto com a BD superior quanto ascendente, independente do sentindo da melodia do CF [ascendente ou descendente].

Ilustração 12

As Oitava e Quintas Ocultas.

As Oitava e Quintas Ocultas são uma dificuldade constante na escrita do CP, pois muitas vezes, por causa das notas nas PS’s o aluno/compositor passa desapercebido da ocorrência deste problema.

As Oitava e Quintas Ocultas ocorrem quando em PPs consecutivas ocorrem CNP [uníssonos, 8ªs ou 5ªs] por movimento paralelo/direto. Elas devem ser evitadas a qualquer custo na escrita do PC, para isso, temos apenas dois remédios:

  1. Domínio das técnicas do CP de primeira espécie.
  2. Atenção na escrita.

Vejamos alguns casos abaixo:

Ilustração 13

Contraponto Modal parte 3: Espécies de Contraponto

Oi pessoal, esses artigos sobre contraponto modal receberam muita atenção dos leitores. Por algum tempo tirei os "textos do ar", pois resolvi revisar e melhorar algumas coisas para em seguida republicar. Mas creio que isso foi um pouco injusto com os leitores. Então resolvi deixa-los a disposição. Ainda estou pensando como vou vincular o material revisado e ampliado (e aceito sugestões), mas quando rolar estará disponível no blog.  

Parte 3: Espécies de Contraponto.

Na verdade a divisão do estudo das técnicas de Contraponto [CP], não passa de uma formalização para facilitar a didática desta disciplina. Assim o aprendizado das espécies de CP é dividido em cinco etapas ou cinco espécies. Esta codificação se deu com Johann Fux que em 1725 publicou seu Gradus ad Parnassum, este livro se tinha como objetivo expor aos estudantes da época as técnicas de contraponto tendo como base o estilo de Giovani Palestrina [final do século XVI] de forma simplificada e rápida.

Nota: em nosso estudo trabalharemos o contraponto a duas vozes, ou seja, uma melódica como Cantos Firmus [CF] e outra melodia como contraponto.

Vejamos na ilustração abaixo cada espécie:

Ilustração 1

  • Primeira espécie: uma nota no Cantus Firmus [CF] x uma nota no CP.
  • Segunda espécie: uma nota no Cantus Firmus [CF] x duas notas no CP.
  • Terceira espécie: uma nota no Cantus Firmus [CF] x três ou quatro notas no CP.
  • Quarta espécie: uma nota no Cantus Firmus [CF] x duas com ligadura [sincope rítmica] notas no CP.
  • Quinta espécie: uma nota no Cantus Firmus [CF] x utilização das espécies anteriores juntas notas no CP.

O Contraponto de Primeira Espécie.

Objetivo: Valorizar a sonoridade independente de cada uma das vozes [melodias horizontais]. Valorizar a sonoridade interdependente das vozes [combinações verticais].

Ilustração 2

As normas das partes 1 e 2 devem ser seguidas aqui, principalmente às normas ligadas à escrita das melodias [CF] e os tipos de movimento das vozes.

Aspectos verticais: trata do relacionamento entre as notas do CF e do CP, ou seja, os intervalos verticais.

  1. Usar apenas consonâncias perfeitas [CNP] e imperfeitas [CNI].
  2. No interior da composição utilizar se possível uma maior quantidade de CNI.
  3. Evitar se possível mais que duas CNP consecutivas.
  4. O intervalo das primeiras e das ultimas notas sempre de ser uma CNP com prioridade para a oitava ou uníssono.
  5. Se o CF estiver na parte inferior, a primeira nota do CP deve ser a oitava daquela do CF.
  6. Se o CF estiver na parte superior, a primeira nota do CP pode ser a oitava ou a quinta daquela do CF.
  7. Observe que tipos de movimentos podem ser utilizados de acordo com cada intervalo vertical [revise na Parte 1].

Vejamos ilustração a baixo:

Ilustração 3

Rápida analise:

  1. O CP se iniciar e termina com um intervalo de oitava em relação ao CF.
  2. Entre o inicio e o final da composição, temos seis intervalos, destes cinco são CNI e uma CNP.

Aspectos horizontais: Tratam da construção das melodias.

  1. Usar mais graus conjuntos que saltos.
  2. A última nota do CP é sempre alcançada por grau conjunto ascendente ou descendente.
  3. É vetada a possibilidade de saltos nas duas vozes ao mesmo tempo.
  4. No interior da composição os pontos culminantes [o mais agudo e o mais grave] de cada voz não devem coincidir. Entretanto esta norma é sujeita a apelação, pois é possível coincidir, por exemplo, o ponto mais agudo do CP e o ponto mais grave do CF e vice-versa. Mas repetimos nunca os pontos mais agudo e graves das duas vozes ao mesmo tempo.
  5. Nunca repetir notas de maneira consecutiva em nenhuma das vozes no CP de 1ª espécie.
  6. Qualquer que seja o intervalo CNP/CNI, lembre-se, nunca siga para outra CNP por movimento direto/paralelo [ver parte 1]. Isso é possível apenas por movimento inverso/contrario.
  7. Qualquer que seja o intervalo CNP/CNI, lembre-se, é possível seguir para uma CNI tanto por movimento direto/paralelo quanto por movimento inverso/contrario [ver parte 1].

Ilustração 4

Contraponto Modal parte 2:

Oi pessoal, esses artigos sobre contraponto modal receberam muita atenção dos leitores. Por algum tempo tirei os "textos do ar", pois resolvi revisar e melhorar algumas coisas para em seguida republicar. Mas creio que isso foi um pouco injusto com os leitores. Então resolvi deixa-los a disposição. Ainda estou pensando como vou vincular o material revisado e ampliado (e aceito sugestões), mas quando rolar estará disponível no blog.  

Parte 2

Composição do Cantos Firmus

Os primeiros Cantos Firmus [CF] na verdade vem da tradição oral do cantochão, ele foi a pedra fundamental de composições sacras e seculares. Nos períodos históricos seguintes o CF passou a ser composto pelo próprio musico para servi de base para a composição. Se conceito serve ainda hoje de base para uma serie de diferentes tipos de composições.

No Contraponto [CP] modal o principal na composição do CF é que ele permita o uso confortável dos intervalos de forma horizontal, ou seja, as melodias não precisam ser sinuosas com muitos saltos e intervalos largos, as melodias de um CF modal devem ser claras sem tantos rebuscamentos rítmicos e melódicos, em outras palavras de fácil captação e execução.

Seguiremos com algumas dicas praticas para escrita do CF:

  1. Como vimos na Parte 1 de nosso texto temos um conjunto de normas para escrita do CF, elas devem ser observadas, por isso, releia!!
  2. Sempre se inicia e termina um CF com a nota principal do modo que se esta utilizando, por exemplo, se estou o usando o modo Dórico iniciado com a nota Ré, consequentemente, meu CF terá esta nota em seu inicio e final.
  3. Lembres sempre, num CF não se utiliza musica ficta de maneira alguma, os CF tem de ser compostos com os modos com intervalos “intactos”, ou seja, sem alteração cromática.
  4. A musica modal “gravita” em torno de seu bordão, ou seja, existe uma enorme recorrência na melodia da nota principal de um modo, então a recorrência a esta nota na melodia modal do CF é de extrema necessidade, não apenas para fortalecer a sonoridade modal, mas também para reforçar as relações entre os intervalos no CP.
  5. Procure iniciar sempre que possível sua melodia do CF com graus conjuntos ascendentes ou descendentes, é aberta a possibilidade de iniciar com um salto de no máximo 3ª maior, outros saltos podem dificultar a realização do posterior do CP.
  6. Sempre finalizar se CF com graus conjuntos ascendentes ou descendentes entre a penúltima e última nota. Em alguns modos o grau conjuntos ascendentes o efeito conclusivo que os descendentes [Dórico, Eólio, Mixolídio] em outros casos, ocorrem o inverso [Frígio] será mais forte, mas isso não limita que devasse fazer “assim ou assado”, então é necessário que ao escrever um CF o aluno escute e decida qual tipo de conclusão tem o maior efeito conclusivo.
  7. As a s normas acima servem apenas para efeito de disciplina para o estudo e fixação das técnicas, após ter bom domínio da técnica o aluno/compositor pode abrir mão de alguns aspectos em favor da estética criativa.

Vejamos a ilustração nela temos exemplificadas algumas normas já expostas:

Ilustração 1

Um bom exercício é analisar outros CF e depois escrever os próprios. Assim na ilustração temos três CF, tente analisa-los da seguinte forma:

  1. Tente cantar ou tocar, o ouvido é o melhor instrumento de analise, descubra sua sonoridade.
  2. Veja a distribuição dos intervalos graus conjuntos saltos.
  3. Escreva primeiro o inicio e o final, em seguida tente ligar as partes com uma melodia.
  4. Tente identificar cada modo usado.
  5. Apague algumas notas e tente reescrever e depois escute.
  6. Finalmente escrever seus próprios CF.
  7. Tente criar melodias de fácil assimilação e memorização.
  8. Tente manter sempre um fluxo continuo e evite linhas melódicas muito sinuosas, ou seja, com saltos excessivos.

Ilustração 2

Contraponto Modal: introdução e alguns conceitos [bem] básicos.

Oi pessoal, esses artigos sobre contraponto modal receberam muita atenção dos leitores. Por algum tempo tirei os "textos do ar", pois resolvi revisar e melhorar algumas coisas para em seguida republicar. Mas creio que isso foi um pouco injusto com os leitores. Então resolvi deixa-los a disposição. Ainda estou pensando como vou vincular o material revisado e ampliado (e aceito sugestões), mas quando rolar estará disponível no blog.  

Introdução:
Este manual visa apenas expor conceitos e técnicas básicas do contraponto modal de forma rápida e objetiva sem a intenção de nos determos em aprofundamentos teóricos, estéticos ou históricos. Ele serve apenas como um guia básico para o estudo da arte refinada do contraponto modal. Assim se você quer se aprofundar procure bons livros e professores, aqui temos apenas um ponto de partida.
Parte 1: Conhecimentos Preliminares:
Contraponto Modal [CPM]
Introdução.
  1. Consonâncias de dissonâncias.
Como vamos abordar o inicio do estudo e para limitar e facilitar nosso estudo vai utilizar as concepções de consonância e dissonância de Palestrina [sua obra é a base de tudo estudo de contraponto].
  • Consonâncias:
Perfeitas: Uníssono, oitava e quinta.
Imperfeitas: terças; sextas maiores e menores.
  • Dissonâncias:
Tritonos; segundas e sétimas maiores e menores.
Observação: no CPM a duas vozes a quarta é considerada dissonância. Só no CPM a três ou mais vozes ele é aceito em uma condição: entre as duas vozes mais agudas quando entre as duas mais graves estiver um intervalo de 3º maior ou menor.
  1. Extensão das vozes.
Delimitaremos as vozes para também simplificar o estudo, não significa que futuramente com o domino das técnicas não ousemos aumentar a extensão. Entretanto como iniciamos o estudo do básico as restrições impostas pela disciplina terão de ser seguidas à risca, focando o estudo na matéria, só assim a técnica e os conhecimentos são fixados, A elaboração criativa e a experimentação é outro momento do estudo.
Técnicas.
  1. Cantos Firmus.
É uma melódica que serve como base ou “chão” para o contraponto, sobre ou abaixo dele são adicionadas outras vozes para forma o contraponto. Um Canto Firmus bem elaborado é sinônimo de sucesso na elaboração do CPM.
  1. Modos.
Os modos são os materiais “sonoros” a serem utilizados na construção do CPM. Utilizaremos os seguintes modos: Jônico; Dórico; Frígio; Lídio e Mixolídio. Estes são os chamados modos litúrgicos [não vem ao caso discutir esta nomenclatura]. Os modos são conjuntos de intervalos que são encontrados naturalmente dentro da escala maior. Sem nos determos nestes aspectos teóricos podemos simplificar a diferenciação de cada modo da seguinte forma:
Tomemos como modelo a escala de Dó maior e seus intervalos.
Ilustração 1
Entre a primeira nota e sua oitava temos os seguintes intervalos: Dó >Tom> Ré >Tom> Mi >Semitom> Fá >Tom> Sol >Tom> Lá >Tom> Si >Semitom> Dó’. Este conjunto de intervalos ordenados desta forma designa a sonoridade da escala maior, se colocarmos os mesmo intervalos só que agora iniciando com outra nota teremos outras escala com sonoridade parecida apenas diferenciando a frequência das alturas. Os intervalos da escala maior são os mesmo do Modo Jônico. Assim quando precisarmos “montar” o Modo Jônico usaremos como referência a escala maior.
O Modo Dórico é pelos intervalos existentes entre a segunda nota da escala maior e sua oitava.
Ilustração 2
Observem que são as mesmas notas da escala de Dó maior, contudo iniciando na segunda nota da estala [Ré]. Podemos dizer que o modelo para o modo Dórico esta nos intervalos entre a nota Ré e sua oitava na escala de Dó maior. Seguindo este raciocínio podemos montar o modo Frígio que é formando pelos intervalos entre a nota Mi e sua oitava na escala de Dó maior e assim sucessivamente.
Então:
Jônico: formado pelos intervalos entre a nota Dó e sua oitava na escala de Dó maior.
Dórico: formado pelos intervalos entre a nota Ré e sua oitava na escala de Dó maior.
Frígio: formado pelos intervalos entre a nota Mi e sua oitava na escala de Dó maior.
Lídio: formado pelos intervalos entre a nota Fá e sua oitava na escala de Dó maior.
Mixolídio: formado pelos intervalos entre a nota Sol e sua oitava na escala de Dó maior.
A teoria dos modos é um estudo complexo e de profundidade, que deve se estudado, contudo nosso objetivo aqui é apenas o estudo do CPM.
Todos estes modos podem ser transpostos de forma simples, apenas precisamos colocar os intervalos de um modo iniciando de uma nota qualquer. No exemplo abaixo colocamos os intervalos do Modo Jônico, mas tendo como nota inicial o Ré, assim construindo o modo Jônico em Ré.
Ilustração 3
Logo a baixo colocamos os intervalos do modo Dórico iniciando na nota Dó, temos o modo Dórico em Dó.
Ilustração 4
  1. Prerrogativas para escrita do Cantos Firmus.
  1. Iniciar e terminar o Cantos Firmus com a nota inicial do modo.
  2. Não ultrapassar o âmbito de uma oitava na escrita da melodia.
  3. Só alcança a ultima nota da melodia por grau conjunto.
  4. Usar o máximo de graus conjuntos e o mínimo de saltos.
  5. Se utilizar saltos, não serão permitidos os seguintes: 6ª maior, qualquer 7ª, saltos em intervalos diminutos ou aumentados.
  6. Nunca utilizar saltos de forma consecutiva.
  7. Não utilizar saltos para alcança notas nos extremos do registro, ou seja, a mais aguda ou a mais grave da melodia.
  8. Não é permitido:
a. cromatismo.
b. repetição de nota.
c. sequências tonais.
d. repetição de motivos melódicos.
e. arpejo de acordes.
Ilustração 5
O Contraponto [CP]
A ideia seminal do contraponto remonta o Organum líber da Idade Média [Século XII]. Onde sobre um Cantus Firmus [CF] uma outra melodia mais rápida era sobreposta, esta melodia consistia de diferentes intervalos que junto ao ritmo diferenciado daquele do CF tinha uma intenção de ornamentação da melodia do CF. Já o contraponto modal Palestriniano [Século XVII] tem como objetivo a independência melódica entre as melodias e ao mesmo tempo uma interdependência harmônica e métrica. Deste estilo de escrita tem suas particularidades técnicas.
  1. Prerrogativas.
Condução das vozes em sentido horizontal:
As vozes no sentido horizontal, diz respeito ao tratamento das melodias de maneira independente.
A. utilizar mais graus conjuntos que salto.
B. Não utilizar saltos para alcança notas extremas, ou seja, a mais aguda ou a mais grave da melodia [ascendente ou descendente].
C. Se for utilizar saltos, os mais práticos são os de 3ª maior e menor, não usar saltos muito grandes com: 5ª, 6ª’s maiores e menores e 8ª. Não utilizar salto de 7ª maior ou menor e Tritono.
D. Todo salto acima de uma 3ª em qualquer sentindo [ascendente ou descendente] deve ser compensado com um movimento por grau conjunto na direção contraria ao salto.
E. Evitar dois saltos consecutivos na mesma direção. Se for utilizar em caso extremo utilizar saltos pequenos 3ª ou 4ª, e sempre o maior intervalo antes do menor intervalo.
F. Evitar o chamado Tritono Horizontal, este acontece quando uma frase constituída de graus que estão dispostos numa mesma direção [ascendentes ou descendentes] tem entre a sua primeira e ultima notas a distancia equivalente a um Tritono. Principalmente em dois casos: 1. trechos curtos; 2. anota que constitui o Tritono cair em tempo forte.
Ilustração 6
Condução das vozes em sentido vertical:
As vozes no sentido horizontal, diz respeito ao tratamento das melodias sobrepostas e interdependentes métrica e harmonicamente.
Tipos de movimentos das vozes:
A. Direto/Paralelo: quando duas vozes seguem sempre na mesma direção [ascendente ou descendente].
B. Inverso/Contrario: quando duas vozes seguem sempre em direções contrarias [Ex:.uma voz segue ascendente e a outra descendente].
C. Oblíquo: Quando uma voz fica estática e a outra se movimenta em qualquer sentindo quando duas vozes seguem sempre na mesma direção [ascendente ou descendente].
Ilustração 7
Intervalos entre as vozes:
Como vimos no começo do texto seguiremos as noções de consonância do período de Palestrina para nosso estudo. Assim, neste momento inicial, os únicos intervalos permitidos entre as notas que estão no CF e no CP serão as consonâncias Perfeitas [CNP] e Imperfeitas [CNI].
A. Perfeitas: Uníssono, oitava e quinta.
B. Imperfeitas: terças; sextas maiores e menores.
Para o tratamento das dissonâncias é necessário um maior domínio técnico e refinamento, desta forma, deixando para mais adiante em nosso estudo.
Para cada tipo de movimento temos um conjunto de prerrogativas que regulamentam a intercalação dos intervalos verticais, estas prerrogativas visão a manutenção do estilo e evitar que o compositor cometa erros técnicos básicos.
Movimento Direto/Paralelo:
  • É o mais apropriado para se chegar a qualquer CNI quando o ponto de partida é uma CNP.
  • Quando o ponto de partida é uma CNI é possível alcançar tanto outra CNI quanto uma CNP, neste segundo caso o compositor/estudante deve ficar atendo as prerrogativas particulares tanto do movimento quanto de cada espécie de contraponto.
Movimento Inverso/Contrario:
· É apropriando tanto para se alcança CNP quanto CNI, tendo como ponto de partida qualquer um dos dois tipos de consonância.
Ilustração 8
Movimento Oblíquo:
· Nos CP de 1ª à 3ª ele não existe.
· É o mais versátil de todos, ele é o tipo de movimento utilizado nos CP de 4ª e 5ª espécie no tratamento das dissonâncias.
Temos no CP Modal duas proibições que são inapeláveis e devem ser seguidas sem restrição dentro de seu estudo:
  1. É proibido um de 8ª e 5ª Paralelas, ou seja, não é permitido usar numa seqüência estes intervalos de forma consecutiva se eles forem alcançados por movimento Paralelo/Direto.
  2. Nunca se deve chegar ou ir para um CNP por movimento Direto/Paralelo.
Ilustração 9
Música FICTA
Grosso modo o objetivo da música ficta é evitar o Tritono. Por meio de alterações cromáticas das notas dentro de determinados intervalos verticais. Muitas vezes a alteração cromática se dar para gerar em alguns modos a sensação de nota sensível em trechos de conclusivos.
A teoria da música Ficta também uma assunto extenso e de grande valia para o entendimento da formação dos sistemas harmônicos e escalas. Contundo mais uma vez repito que este manual pretende ser objetivo e direto.
Alterações nos graus de cada modo para evitar o Tritono:
[#] indica que a alteração cromática será ascendente.
[b] indica que a alteração cromática será descendente.
Jônico: 4º [#], 7º [b].
Dórico: 6º [b], 7º [#].
Frígio: sem alteração.
Lídio: 4º [b].
Mixolídio: 7º [#].
Eólio: 6º [#], 7º [#].
Prerrogativas:
  1. Observar para que a alteração cromática não gere intervalos aumentados na melodia.
  2. Sem colocar os sinais de alteração cromática na escrita.
Ilustração 10
- Fim da Parte 1 -

Umas poucas palavras sobre os Suno IA da vida e o apocalipse musical.

Aviso: esse texto contém ironia e é uma opinião pessoal incapaz de qualquer ingerência sobre a realidade... Mas já que eu tinha tempo livre ...