domingo, 26 de abril de 2009

Stereolab – Fab Four Suture [2006]

Após entortarmos os pescoços na postagem anterior, vamos andar um pouco para frente com pés firmes. Bom, um álbum que posso enquadro nesta formula é o Fab Four Suture do Stereolab. Este álbum é a continuação do trabalho inusitado deste grupo que reúnes vários elementos e conceitos musicais diferentes de maneira tão tranqüila, que nada nele soa estranho ou extraordinária e sim natural e possível [isso é uma coisa é uma coisa difícil].


Um mérito desde álbum esta no fato de que nada nele é um pesadelo técnico ou logístico, ou seja, nada de execuções complexas e elementos presentes que não despedem recursos extraordinários [muitos músicos; instrumentos exóticos; técnicas extraterrenas de gravação]. O que temos aqui é uma banda bem afiada [guitarra/baixo/bateria]; loops; synths retro; disposição e boas idéias. Outro fato sobre este álbum que gostaria de chamar a atenção, é que Fab Four Suture se dispõem a tentar romper a linha do convencional sem ser chato ou pretensioso demais, além disso, as idéias trazidas para serem trabalhadas são claras pelo simples fato de serem bem executadas.


Vamos lá para o que interessa de verdade a música. A faixa de abertura Kyberneticka Babicka Pt.1 [sim este é o nome da faixa!], ela nada mais é que uma montagem de 4 loops [sendo três muito parecidos só diferenciados pela nota] de vozes que são em intervalos de tempos regulares sobre e uma levada de guitar/baixo/bateria [que também parece um loop] estes elementos vão se repetindo do começo ao fim dos 4’31” da faixa, parece ser chato, não é? Ainda tem mais, na “cobertura do bolo” temos uma gama variada de sonoridades sintetizadas que vão vagarosamente saindo do ostinato dos loops passado para o plano de frente da escuta.


Você deve esta pensando: tá, mas o que é tudo isso? O que há de tão legal? Bem, nossos amigos do Stereolab lançam mão do sofisticado processo de composição minimalisma, e é minimalismo mesmo. O processo de repetição quase hipnótico inicia com o elemento que vai se repetido e se focaliza como ponto central da escuta. Mas que o tempo e a exposição sensível tratam de torna-lo nada mais que um pano de fundo para outras sonoridades que atraem a escuta, mas que em dado num momento de rápida e simples variação sonora [no caso a silaba e a nota cantada] faz retorna nosso elemento ao ponto principal.


Pessoal isso foi pensando para ser assim, os caras do Stereolab não foram fazendo este faixa de qualquer jeito e saiu este resultado, querem uma prova disso? Vejamos a escolha dos timbres sintéticos para montagem dos loops e outros elementos da música. O ouvido humano quando exposto a qualquer som imediatamente ativa nossa percepção em direção daquele som procurando organizado e identifica-lo, depois que isso é acontece normalmente continuamos a presta atenção nele ou o ignoramos. Atenção acontece quando este som se refere a algo que nos interessa, imagine que você esta atravessando uma rua, inconscientemente seus ouvidos estão atentos para qualquer som de motor, pois isso é importante para nossa segurança. Contudo se você esta andando na calçada ao lado do transito sua atenção para o som dos automóveis diminui, pois aquela “regularidade e repetição” na sonoridade dos automóveis é “chata” para nossa percepção que já captou identificou, para nossa percepção não é mais necessário retomar o processo anterior. Muita gente por ai diz que faz um “som minimalista”, pois é Cool dizer tal coisa, mas na pratica poucos realmente o fazem, isso talvez porque tenham a dificuldade técnica para fazer-lo ou porque acreditam que falam de minimalismo, mas não tema menor idéia do que realmente seja [pobres Riley e Glass e cia. muito falados e pouco escutados].


O álbum continua revelando surpresas inusitadas e agradáveis, um verdadeiro exercício para “escuta ativa” e o um bela alternativa estética. Acredito que existam vários outros grupos sigam um projeto musical parecido com do Stereolab, entretanto, alguns grupos correm em direção a um “experimentalismo” [detesto este termo quanto aplicado a música] nebuloso que torna as canções um amontoando de sons que ao final da escuta nada acrescentam ou se que devam dar prazer a quem escutou [se bem que no mundo tem gente com todo tipo de gosto, mas me interesso no geral e não nas exceções...rsrs]. Nossos amigos aqui dentro de seu trabalho canções interessantes que apesar do detalhes e vários elementos não são de forma nenhuma de difícil acesso ao ouvinte desavisado, inclusive as canções tem até um quê dançante sem se encaminhar a um lugar comum.


Um bom exemplo é a faixa Interlock, esta é uma canção dançante calcada só sobre um ostinato de bateria/baixo/guitarra, esta canção tinha tudo para ser chata e cansativa, mas uma solução musical simples a conduz para outro caminho. Qual seria esta solução? Uma simples manipulação dos timbres dentro da estrutura. Peguemos a voz temos dois processos simples de identificar: o primeiro é a mudança do timbre e da voz de acordo com a tessitura em que se canta [temos basicamente duas tessituras agudo e médio], esta mudança se aplica sobre melodia muito parecida, senão idênticas, aqui temos uma processo bastante pratico e simples de variação melódica; o segundo processo é a mixagem da sonoridade da voz com outras sonoridades como uma segunda voz de timbre diferente ou com a trompa. Se formos mais detalhistas ate mesmo a impostação da voz também pode ser vista como um detalhe facilitador. Estes dois processos já conferem interesse e variação a uma melodia que poderia cansar o ouvinte se apresenta sem qualquer tempero.


Bom o que falei acima é uma gota no oceano desta canção. As escolhas detalhadas dos timbres passam por todos os elementos da musica. Resumo da ópera: cada detalhe é pensando; testado; usado ou descartado, em busca de soluções que podem fazer toda a diferença [cada duas postagem eu repito isso três vezes, já notaram....rsrs?].


Meu conselho é que vocês escutem, escutem mesmo não coloquem para tocar e vão fazer outra coisa, pois podem corre o risco de perder algo.


Abraço a Todos. 


Onde encontrar o Stereolab:

http://pencadediscos.blogspot.com/2009/02/fab-four-suture-stereolab-2006.html

http://www.myspace.com/stereolab

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